>> Capítulo 4 - Carta <<

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Permaneci parada, deixando que o homem continuasse com seus sorrisos sem motivo - ou não. Meu vestido estava sujo, meu cabelo bagunçado e conseguia sentir a terra em meu rosto. Não machuquei muito, mas minha perna doía por causa do impacto com o chão.

O homem pegou os dois cavalos e seguiu em direção ao castelo, me deixando ali sozinha.

- Sério? Nem um ''Você está bem?''. - gritei

- Não lhe perguntei pois não vejo necessidade. Não quebrou nada, já certifiquei. - ele continuou andando

Prendi meus cabelos com um coque e espalmei meu vestido, tirando dali toda terra.

- Afinal, quem é você? - comecei a andar em sua direção - Não percebe que sou sua princesa? Não deveria me tratar de tal forma.

Ele se virou e me analisou.

- É, você se parece com ela. - então, voltou a andar - Por isso não vejo nenhum motivo para precisa saber o nome dos empregados... Princesa.

O homem começou a andar mais rapidamente, e eu o segui com o mesmo ritmo.

- Tens razão, não é mesmo necessário. - concordei enfurecida - Mas suponho que empregados não podem sair derrubando pessoas de cavalos.

- Você se machucou? - ele se virou, eu bati de frente a seu corpo

Me afastei rapidamente e o encarei por alguns segundos.

- Sim... Eu me machuquei sim. - respondi, firme

O homem veio em minhas direção e segurou em meu braço, me virando de um lado para o outro.

- Está mentindo, não está machucada. - disse e logo voltou a caminhar

- O senhor não tem o direito...

- Imagino não devia sair por ai roubando cavalos! - gritou enquanto andava - Acredite ou não, eu te ajudei.

- São os cavalos de meu pai! - berrei

Segui furiosa em sua direção, e fui surpreendida quando o homem se virou novamente, graças as fadas, desta vez eu consegui parar.

- O rei nunca deu importância aos cavalos. - dei um passo para trás - Não tente me ensinar a como trabalhar. A princesa estava fugindo de algo, logo não deveria ter pegado o animal no estábulo. - preparei-me para rebater, mas ele foi mais rápido

Parei e o fitei por alguns segundos, sabia que ele estava certo. Não sabia o que dizer, então optei por ficar em silêncio. O homem segurou em seu cavalo negro e com um impulso o montou.

- Então você volta a cavalo e me deixa aqui?

- Não é uma má ideia. - gargalhou - Mas não quero perder meu emprego por pedido da princesa

- Oh não. O senhor não me conhece...

Fui até o cavalo no qual peguei e o montei. Com uma ordem o animal começou a andar e aos poucos, aumentou o ritmo do passo. Logo o homem que montava o cavalo negro cavalgava a meu lado. Em alguns minutos estávamos de volta ao estábulo. Coloquei o animal que montei em um compartimento específico e me preparei para voltar ao castelo.

- Até mais, princesa! - gritou o homem

Não respondi. Não queria trocar mais nenhuma palavra com o moreno dos olhos cor de mel. Abri a porta dos fundos do castelo e voltei caminhando pelos longos corredores. Algumas senhoras que trabalhavam na cozinha me observaram atentas. Meu vestido sujo de terra está chamando atenção.

- Princesa Jade! - uma mulher me parou - Posso ajudar?

- Não é necessário. Estou bem. - sorri - Obrigada.

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