Entre Reinos

>> Capítulo 21 - Acordo <<

Daniel me olhou, sério. Antes de falar ele apertou as mãos e respirou fundo, como se estivesse preparando para revelar algo comprometedor.

- Creio que nosso casamento seja algo além de uma aliança entre dois reinos. - expôs Daniel

- O que quer dizer com isso? - perguntei imaginando sua resposta, mas mesmo assim intrigada

- O rei Ricardo pretende expandir Mesty, e para isso usará mão de obra escrava vinda de seu reino. - revelou - E a princesa sabe que Salae não possui escravos.

- Meu pai pretende escravizar um vilarejo de Salae. - Daniel franziu o cenho - E pretende usar uma parte de seu exército para isso.

- Já sabia disso? - em sua face transpareceu a indignação - E está de acordo com tamanha barbaridade?

- Acabei de descobrir tudo, assim como você. E acredite, eu nunca concordaria com uma coisa dessas.

- E o que sugere que façamos? - perguntou o príncipe, atento

- Sugiro que adiantemos nosso casamento.

Minha sugestão foi recebida de modo confuso. Afinal, nosso casamento seria como a assinatura de uma lei que retomaria com a escravidão em meu reino.

- O que você pretende com isso, Jade?!

- Eu quero liderar um golpe ao Rei Julian. - sorri, tendo a certeza que aquilo era o melhor a se fazer - Eu quero tomar o lugar de meu pai.

- Desculpe, mas não posso concordar com uma coisa dessas! - nervoso, ele gesticulava enquanto falava - Isso é traição!

- E como pretende impedir o que está prestes a acontecer? - o indaguei

Daniel balançou a cabeça negativamente e começou a andar de um lado para o outro. Estava visivelmente incomodado com a minha proposta.

- Acabaremos com esse casamento, assim nada poderá ser feito. - disse por fim, porém desacreditado nas próprias palavras

- Deve saber que o casamento é apenas uma maneira formal de fechar alianças. Seu pai está certo do que quer, e a falta de um casamento não o impedirá. Só irá tardar o inevitável! - Daniel fechou os olhos e passou a mão na testa, tenso - Precisamos tomar o trono e fazer nosso próprio acordo. Só assim conseguiremos livrar aquelas pessoas de tamanha crueldade.

- Se eu vou concordar com isso, preciso que você seja totalmente sincera. - disse Daniel, ao me encarar. Meu corpo se enrijeceu, preocupada com o que viria em seguida - Eu sei e você também sabe que Henrique aceitaria participar disso em um piscar de olhos. Meu irmão não se preocupa em esconder o que sente pela senhorita, e imagino que isso seja recíproco. Do contrário não chegaria em seu quarto a essa hora. Agora me diga, por que me escolheu para isso?

Além de acertar em suas deduções, Daniel era inteligente, e claro, não poderia deixar de me perguntar o óbvio.

- Preciso escolher o melhor para o meu povo, e eu não estaria fazendo isso se me casasse com Henrique. Sim, tenho sentimentos por seu irmão, mas no momento preciso de um estrategista a meu lado. Você é comandante do exército, organizou invasões e venceu batalhas. Agora me ajudará invadir e derrubar o governo de meu pai.

- E como saber se vou ou não te trair?

- Se quisesse me trair, não estaria aqui. E com certeza não me perguntaria isso.

Daniel me encarou, e então se aproximou. O príncipe me analisou por alguns segundos e apertou os olhos. Por fim ele, assentiu concordando.

- Faremos isso, mas sobre o meu comando. Não arriscarei minha posição se tivermos a chance de falhar.