>> Capítulo 12 - 240 Horas <<

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Henrique me lançou um olhar preocupado e fez um sinal com a mão, indicando que deveríamos nos afastar. Ele saltou do cavalo e apontou sua espada para o mensageiro, que logo mostrou-se surpreso com tal atitude.

- Vamos! - exclamou - Não é um duelo que o senhor deseja? Agora um duelo terá. - o príncipe tomou sua posição

- Não irei duelar com alguém da realeza. - bufou o homem

- Mantenha seus pés firmes e seus joelhos separados. - o príncipe golpeou a espada de seu adversário, chocando as duas lâminas - Imagino que não queira  passar vergonha em frente a seu filho.

- Eu não vou lutar com Vossa Alteza. Já disse! - ele se afastou

- Então peço que tome cuidado. - Henrique se aproximou do homem, que logo se manteve firme levantando a cabeça - A princesa Jade, assim como seu filho, merecem respeito... E eu não irei permitir injustiças.

Engoli o seco. Meu coração estava acelerado. Poderia afirmar que um verdadeiro duelo de espadas aconteceria diante a meus olhos. Segurei na mão de Thomas até ter certeza que o mensageiro não faria nada. Por sim, ele se afastou e deixou o local. Só as fadas sabem quantas vezes agradeci pelo príncipe ter aparecido na hora certa. Não consigo imaginar o que aconteceria se uma briga se iniciasse.

- A princesa está bem? -  Henrique perguntou, preocupado

- Thom e eu agradecemos sua preocupação. - o fitei, sorrindo em agradecimento - Não é mesmo, Thomas? - olhei para o lado e não vi meu amigo

Me virei e concluí que ele estava a vários passos de distância, caminhando para o fim da vila. Gritei o chamado, e em seguida apressei meus passos. Deixei Henrique para trás e arrumei um jeito de parar Thomas.

- Espere! - seguirei em seu braço - Viemos aqui para lhe ajudar. 

- Desculpe, princesa... Mas eu sei lidar com meu pai. Aquilo foi apenas uma brincadeira de família. - disse

- Eu não precisaria vir aqui, Thomas. Não preciso me preocupar com você. Mas aqui estou eu, no outro lado de Salae. - suspirei pesadamente - Não acha que deveria me contar a verdade?

Thomas fitou o chão.

- Ele sempre foi assim... - sua voz saiu baixa - Mas nos últimos anos, se tornou pior. Não quero que se envolva.

- Thomas, você não deve aceitar isso... - suspirei - Você possui mãos de fada. Te obrigar a segurar uma espada e agir como os demais homens que servem o rei... Isso é uma afronta!

- Meu pai deseja que eu seja sua imagem e semelhança. Várias doses de rum e o fim da noite com ao menos duas mulheres.

- Isso não é você. - afirmei, sorrindo - Vamos, hoje você ficará sobre meus cuidados. É uma ordem.

- Não seria louco de recusar uma ordem de Vossa Alteza. - sorriu

Escutamos o som de passos do cavalo se aproximando. Henrique comandava o belo animal com maestria, e sabia o momento exato de interromper uma conversa sem dizer ao menos uma palavra. Ah, sabia também arrancar suspiros de agradecimento de Thomas, que sorria a meu lado.

- Posso acompanhá-los de volta ao castelo? - perguntou, educado

- Agradeço a ajuda, Vossa Alteza. - disse Thomas ao príncipe - E peço perdão pelas ofensas de meu pai...

- Reconheço que não estou em meu reino, mas o que fiz foi apenas cumprir meu papel. É um código. - Henrique desceu do cavalo, juntando-se a nós - Quanto as desculpas, eu não as aceito. Não deve se responsabilizar pelos erros de seu pai. O mensageiro é  homem feito, deveria ter uma visão de mundo mais clara. - Thomas olhou para o príncipe surpreso - Mas não cabe a mim julgá-lo, desculpe se o ofendi.

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