Pessoa que entra no banheiro sem bater

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Estava voltando da escola no último dia de aula.
Preferi ir a pé para contemplar as ruas cobertas de neve no inverno. Quando entrei num bairro, vi um casal num banco. Fico pensando se um dia eu encontrarei o amor da minha vida. Já tive muitos casos, mas nenhum concreto. E eu queria um desses. Aqueles para a vida toda. Avistei uma mansão rústica no fim do bairro, podia ser rústica, mas é super fina.

A mansão dos Gray.

Na cidade aonde eu moro, que é pequena comparada as outras à seu redor, os Gray, Martha e Erik Gray, são os donos dela. Tem empresas imobiliária nos quatro cantos dessa cidade e comandam outras lojas por aí.

Meu nome é Lilith Gray, sou filha de Martha e Erik Gray, herdeira de tudo isso. Não quero me gabar, mas um dia serei a dona da cidade também.

– Srta. Lilith, - Jack, meu mordomo, apareceu com uma carta na mão - para você.
Nunca recebi cartas, essa deve ser importante. Corri e arranquei das mãos de Jack, animada e a abrindo.

Querida, Lilith.

Faz um tempo que não nos vemos, né? Acho que uns três anos, depois que eu me casei com John. Então, se prepara para a notícia... Eu sou mãe! É! Eu tive um bebê! E é menino! Meu lindo Tristan Lockwood. Eu queria que você viesse, já que eu sei que papai e mamãe nem vão ler essa carta. Estou com saudades. Venha me ver! É em Maple Creek, pergunte para qualquer um onde é a mansão Lockwood. Somos bem conhecidos na cidade. Estarei te esperando.

Beijos, Louise.

Meu sorriso quase rasgava meu rosto.

– Jack! Eu preciso ir!

– Já esperava que dissesse isso, Srta. - Ele sorriu - Avisarei seus pais depois. Suas malas estão prontas no carro para te levar ao aeroporto.

– Te amo! - Abracei ele e corri para cima, meu quarto, me trocar.

Louise e eu éramos as filhas dos chefes da cidade. Louise encontrou o amor fora daqui e resolveu ficar lá. E agora sou tia.
Tenho 17 anos e ela 23. Ela já se formou e trabalha como enfermeira em Maple Creek, presumo. Estou terminando meus estudos para ir pra faculdade. Eu e ela não temos muito em comum. Seus olhos são azuis claros e brilhantes como os meus, seus cabelos longos lisos loiros, meus cabelos eram cheios, ondulados e negros, seu corpo de modelo, o meu não chegava ao dela, mas era bonito, sua pele pálida, igual à minha, e suas bochechas rosadas, eu não tive essa dádiva. Sua personalidade é forte, porém doce. Já eu sou o tipo de garota que é dura por fora, mas mole por dentro. Além da curiosidade ser meu ponto fraco, assim como o de Louise. Quando perguntam "O que você quer ser quando crescer?", eu respondo "Minha irmã". Ela é minha inspiração.

Éramos tão unidas. Eu a adorava. Éramos nós contra o mundo. Fiquei muito triste quando ela partiu, mas agora posso vê-la de novo. Não vou perder essa chance. Coloquei meu vestido preto favorito, calcei meus saltos e penteei meus cabelos, descendo em seguida.

– Tchau, Jack. - Beijei o rosto do mordomo - Me deseje sorte.

– Boa sorte, Lily. - Ele sorriu.

Entrei no carro e fomos direto até o aeroporto. Despachei minha mala e entrei no avião. Me assustei, tinha poucas pessoas ali. No máximo 20. Enfim, me sentei e passou um tempo, coloquei meus fones e dormi, seriam cinco horas de viajem. Acordei com a voz de um homem anunciando que chegamos em Maplecreek. Desci do avião e fui pegar minhas malas, tinha apenas eu e mais duas pessoas perto das esteiras. Vou nem dizer o quanto isso era estranho, peguei minha mala vermelha e saí do aeroporto. Chamei um táxi.

– Moça, você é minha primeira cliente em meses. - O taxista me olhou pelo espelho.

– Por quê? - Perguntei, me aconchegando no banco de trás.

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