Que porra é... (EDITADO)

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Eu estava imersa em pensamentos e nem percebi que Chris tinha parado. Bati meu rosto em suas costas e ele virou assustado.

- O que você está fazendo aqui?

- Meu maior defeito é a curiosidade, - Falei massageando o nariz - e, como tenho você de guarda-costas, não me preocupo em encontrar algum monstro por aí.

Ele revirou os olhos e voltou a andar. O baque foi ouvido de novo, mais perto. Jurei ter ouvido um rosnado.

- Tem um bicho aqui. - Agarrei a blusa dele.

- Os que ficam atrás são pegos primeiro. - Ele me amedrontou.

- Você tem mais carne que eu. Os que tem mais carne são pegos primeiro.

A chuva ficou mais forte e um raio cruzou o céu, me assustando de vez.

- Está com tanto medo assim? - Chris riu.

- A chuva e esse cenário antiquário contribuem, sabe? - Bufei - Você é o senhor machão, né? Não está com medo?

Ele não respondeu.

Subimos as escadas e chegamos no corredor dos quartos dos empregados e dos quartos do bebê e do casal, de acordo com Chris.

- Quando tempo está aqui? - Perguntei, tentando afastar o medo de mim.

- Uma semana.

- E já conhece tudo?

- A metade de tudo, - Ele deu de ombros - sou meio que o mordomo, sabe?

- Sei. Eu tinha um...

- Ai, rica.

Eu ri. Esqueci o cenário de medo por alguns segundos, enquanto eu olhava aqueles olhos castanhos tranquilos.

Meu medo voltou quando o vidro da janela foi quebrado. Pensei logo que era um ladrão, mas era bem pior. Quase desmaiei quando vi o enorme lobo a minha frente. Ele tinha a cabeça baixa e os olhos vermelhos voltados a mim e Chris. Seu pelo eriçado e molhado pela chuva, seus dentes a mostra, soltando uns rosnados.

- Que porra é...

O lobo rosnou mais alto, levantando a cabeça, interrompendo Chris. Puxei sua camisa.

- Corre.

Saímos em disparada escada a baixo, ouvindo os passos do lobo atrás de nós. Agora eu sei porquê Maple Creek não é receptiva nessa época.

Tropecei no tapete e caí, torcendo o tornozelo. Minha vida é uma droga.

- Lilith! Levanta! - Chris disse desesperado.

- Torci meu tornozelo. - Fiz uma careta ao tentar mexer o pé.

Chris resmungou e me pegou no colo.

- Não vai dar para correr muito assim. - Ele disse procurando um lugar - Qual o lugar mais próximo?

- Ali. - Apontei para um armário.

Ele me olhou com uma cara de "Sério?"

- Encontra outro lugar então. - Bufei.

Ouvimos os rosnados no lobo. Chris correu para o armário, nos fechando lá dentro.

- É espaçoso. - Comentei.

- Você não está espremida na parede carregando uma pessoa pesada. - Chris bufou.

Bati em seu ombro.

- Está me chamando de gorda? Olha o respeito!

- Cala a boca. - Ele sussurrou - O bicho está aqui.

Olhei pelas frestas do armário e vi o bicho. Ele olhava por todos os cantos e fungava o ar. Prendi minha respiração.

O lobo rosnou e saiu correndo. Suspirei aliviada e Chris nos tirou do armário. Soltei um riso.

- O que foi? - Ele me olhou.

- Você saiu do armário... - Mordi o lábio, tentando conter a gargalhada. Ele revirou os olhos.

- Consegue andar?

Assinto e ele me larga, lê se: joga, delicadamente no chão. Sentiu a ironia?

- Assim eu torço o tornozelo de novo. - Resmunguei.

Chris subiu as escadas e eu fui atrás dele. Voltamos ao local onde o lobo apareceu. A chuva caia forte pelo lado de fora e molhava o chão, já que o vidro foi quebrado.

- O que estamos fazendo aqui? - Sussurrei, com medo de que aquele lobo ouvisse.

- De onde esse lobo veio? - Chris sussurrou, mais para si mesmo.

- De fora. - Falei óbvia.

Ele olhou pela janela e a luz do luar o fez ficar mais bonito... Eita, Lilith! Numa situação dessa você pensa isso?

- Tem uma casa ali, no meio da floresta. - Ele me olhou - Quer ir lá?

Eu o encarei.

- Você está aproveitando do meu defeito, não é?

- Quer ou não quer?

- Quero.

Ele me puxou, mas eu puxei de volta.

- Meu bem, se você está achando que vou sair nessa noite chuvosa enquanto tem um lobo assassino solto por aí, achou errado.

- Amanhã, então? - Ele inclinou a cabeça.

- Sim. - Assenti - Depois do almoço.

- Até amanhã, Lilith. - Ele sorriu. Percebi que ele tinha covinhas.

- Me chame de Lily. - Sorri.

Ele levantou uma sobrancelha e seu sorriso se alargou.

- Certo. Até amanhã, Lily.

E saiu. Sorri para o nada e percebi que estava perto da janela que saiu o lobo. Me preparei para correr, quando ouço um choramigo. Veio de dentro do quarto do bebê. Maldita curiosidade minha. Andei até lá e abri lentamente a porta.

O choramingo vinha do berço, que se balançava lentamente e tinha lençóis azuis caídos do lado de fora, a luz da lua meio que centralizava, mais ainda, o berço. Andei hesitante até lá. Espiei e olhei o bebê... Bem, o filhote.

Tinha um filhote de lobo encolhido nos lençóis, ele ronronava e direcionou seus olhos azuis brilhantes para mim. Senti um arrepio na espinha. Minha mão, involuntariamente, foi até ele. Ela passou sobre os pelos acizentados dele, fazendo-o ronronar mais alto e fechar os olhinhos, balançando seu pequeno rabo. Ele aquietou-se e dormiu. Sorri, sem mais medo. Aquele lobo era fofinho.

Um rosnado me fez pular de susto.

Me virei e vi o mesmo lobo negro de antes. Ele estava de cabeça erguida e um rosnado rouco saía de sua garganta. Começou a me faltar ar. Ele ia se aproximando e eu arfando. Até que seu focinho ficou perto de meu pescoço e seus olhos me olharam profundamente. Eu me perdi naqueles olhos avermelhados. Apareceu um homem de costas e preso por correntes de aço na minha mente enquanto eu o olhava. O homem levantou a cabeça, olhando a lua, e gritou, em alto e bom som, como se estivesse sentindo uma dor terrível.

Pisquei e me afastei assustada. Tropecei no tapete de novo e caí de costas, batendo a cabeça. Minha visão ficou turva e a última coisa que eu vi foram dois borrões vermelhos me encarando. Então eu desmaiei.

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Bônus para vocês hoje >-<.
Votem e comentem se gostaram ;).
Beijocas ;*
Ps.: Editei apenas uma pequena parte e a imagem, fora isso, nada mudou :).

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