Minha irmã se casou com um doido

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Eu estava sentada no chão, olhando a imensa lua cheia no céu pela janela do corredor.
Chris estava demorando, tanto que eu pensei que ele tinha deixado de ir investigar aquela casinha estranha no meio do mato. Estava pronta para ir embora e me deitar na confortável cama, quando o bendito loiro chegou.

- Demorou, hein? - Me levantei.

- As empregadas ficaram enchendo meu saco sobre eu estar dando em cima da irmã da esposa do patrão. - Ele bufou, corando de leve. Diferente de mim, que corei fortemente.

- Bom, vamos? - Virei o rosto, tentando esconder meu rubor.

- Vamos. - Ele pegou minha mão e me arrastou até a porta. Quando nossas mãos se encontraram, senti um choque no meu corpo. Esse garoto está me deixando maluca.

Andamos pelo jardim e então nos enfiamos entre as árvores. A luz da lua estava fraca e o caminho ficou mais escuro. Não gosto do escuro, tenho medo do que pode sair de lá. Então, grudei no braço de Chris e não larguei até poder enxergar melhor. E lá estava a casinha estranha no meio do mato. Toda feita de madeira e palha. Pelo amor, quem moraria naquilo? Se chovesse como choveu ontem, o dono daí estaria fudido, nadando entre os móveis (Se é que aí tinha móveis).

Começamos a não aproximar da casinha e eu percebi que ainda estava grudada no braço de Chris. Tratei de largar logo. Paramos na porta e Chris me olhou.

- Pronta?

Devolvi o olhar.

- Não.

Ele sorriu e girou a maçaneta, fazendo a porta ranger, tipo naqueles filmes de terror. Entramos e não vimos nada. Tateei as paredes de madeira, tentando achar um interruptor. Achei, liguei e não adiantou quase nada, aquela luz era fraca, mas deu pra ter uma noção daquele lugar. Tinha uma poltrona vermelha toda encharcada, uma mesa em frente a poltrona e livros sobre ela, todos encharcados. Tinha uma pequena estante cheia de livros, todos encharcados, e uma portinhola no meio do chão aguado. Mais nada. E, eu estava certa, aqui tudo estava encharcado pela chuva de ontem. Tenho dó do dono, ou seja, de John. Ainda não entendi o porquê de ele ter essa casinha. Chris foi até um dos livros abertos na mesa e o folheou. Fez uma careta.

- O que foi? - Me aproximei.

- Lobisomens. - Ele me olhou - Teu cunhado é meio doido.

- Ou tem um gosto peculiar de leitura. - Peguei o livro da mão dele e vi uma imagem de uma homem, outra do mesmo homem criando pelos, focinho, garras, dentes e então se transformando num lobo completo.

- Peculiar... - Ele tombou a cabeça para o lado, me encarando.

- É. Sabe, diferente. - Dei de ombros.

- Eu sei o que é. - Ele riu - Só que foi engraçado você dizendo isso.

Cruzei os braços e me virei para ele, o encarando.

- Engraçado? Eu falar "peculiar", é engraçado? - Ele assentiu, ainda com um sorriso no rosto. Não aguentei e soltei um riso - Você é estranho.

Ele soltou outro riso e foi futricar nos livros da estante. Virei a página do livro que eu lia com cuidado para não rasgar. Comecei a ler:

Lobisomem é um ser lendário, com origem na mitologia grega, segundo as quais, um homem pode se transformar em lobo ou em algo semelhante a um lobo em noites de lua cheia, só voltando à forma humana ao amanhecer. Tais lendas são muito antigas e encontram a sua raiz na mitologia grega. Segundo As Metamorfoses de Ovídio, Licaão, o rei da Arcádia, serviu a carne de Árcade a Zeus e este, como castigo, transformou-o em lobo. Uma das personagens mais famosas foi o pugilista arcádio Damarco Parrásio, herói olímpico que assumiu a forma de lobo nove anos após um sacrifício a Zeus Liceu, lenda atestada pelo geógrafo Pausânias. Segundo lendas mais modernas, para matar um lobisomem é preciso acertá-lo com artefatos feitos de prata.

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