Capítulo 4: O Ciúme

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Antes de enfrentar o desconhecido no laboratório com Macoy, decidi fazer uma visita a Jessy em seu quarto. Lá estava ela, dormindo serenamente como um anjo, com uma mecha de cabelo delicadamente cobrindo parte do seu rosto. Ao remover cuidadosamente seu corpo estremeceu sob meu toque, e foi então que percebi o quão gelada minha pele estava, um frio que parecia atravessar até os ossos dela.

Enquanto isso, Macoy me aguardava no laboratório, segurando uma xícara de café e mexendo em uma mistura que emanava um odor desagradável. Qualquer método seria válido para estar perto dela. Eu ansiava pelo contato com a pele de Jessy, imaginando quão macia ela seria, talvez mais suave que o próprio algodão.

- Não consegui descansar ainda, mas fiz progresso. Agora precisamos ver como seu corpo vampírico reage - disse Macoy, um sorriso enigmático brincando em seus lábios.

- É simples! Só precisamos aplicar e ver se funciona ou não - respondi, ansioso para dar o próximo passo.

- Não é tão simples assim. Precisamos de uma erva que te deixará volátil, caso algo dê errado. Compreende? - explicou Macoy, trazendo-me de volta à realidade.

- E onde podemos encontrar essa erva? - perguntei, já sentindo impaciência se infiltrando em mim.

- Tenho algumas na fazenda. Voltaremos na próxima segunda-feira para adicioná-la à mistura e finalizar esse processo. O que acha? Seremos nós três e mais um amigo que cuida do jardim. Aliás, preciso ligar para ele.

Os dias se arrastavam e Jessy me evitava, seus olhos carregados de desdém e raiva toda vez que me aproximava. Parecia que o perdão dela estava longe de se concretizar. Enquanto isso, Melany, a "garota atirada", ligou na sexta-feira, e as duas passaram horas ao telefone, discutindo sobre a escola e seus planos para o futuro. Enquanto ouvia sobre suas aventuras e travessuras, meu coração doía a cada menção do nome de Brian. Descobrir que Jessy era apaixonada por ele desde os tempos de escola primária foi um golpe para mim. Preciso encontrar uma saída dessa confusão.

O amor é um labirinto complicado demais para um vampiro como eu. A simples ideia de amor parece distante, algo que mal consigo lembrar quando foi a última vez que pronunciei essa palavra. Incrível como não consigo evitar de escutar a conversa telefônica entre as duas amigas:

"É verdade que ele vai ao tal baile com os Doblinks? Me disseram que esta noite vai ser incrível. Quanto tempo você vai ficar de castigo, amiga?"

"Não posso sair, Melany, você sabe... nem mesmo se eu implorar meu pai me liberaria."

"É uma pena, porque o Brian perguntou se você iria ao baile. Ele parecia preocupado e..."

"Pare! Melany, cadê seu coração? Não pode fazer isso comigo, tentando me convencer a sair. Somos amigas, lembra?"

"Jessy, por favor! Vamos, você é minha melhor amiga, não posso ir sem você! A Cande também não quer ir, onde estão as amigas quando se precisa delas?"

"Se meu pai descobrir, serão mais dez anos de castigo!"

"Por favorzinho... Jess! Vamos..."

"Meia-noite, em frente ao meu portão. Mas não posso garantir que vou conseguir sair, ok?"

"Vou avisar os meninos que nós iremos. Já disse que você é minha melhor amiga?"

"E eu já disse que você me coloca nas piores enrascadas?"

As duas garotas planejavam sair novamente, e dessa vez Jessy estava decidida a escapar sorrateiramente. Será que ela não aprendeu a lição? Eu me vi em um dilema: contar a Macoy ou esperar que ele descobrisse? Decidi não me envolver nessa confusão. Em algumas semanas, tudo estaria resolvido. Voltaria para o meu país, esqueceria de tudo, inclusive dela, e seguiria em frente como se nada tivesse acontecido. Simples assim!

Dois Mundos: Sangue e MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora