Capítulo 6: A Morte

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Confesso que achei divertido ele pensar que Jessy e eu passamos a noite juntos. Levantei com calma, me vesti e fiz um gesto de silêncio pedindo que me seguisse. Peguei a chave mestra em seu quarto e abri a porta onde a garota dormia tranquilamente, abraçada ao meu travesseiro. Sorri ao ver seu corpo descoberto esticado pela cama. Quando retornamos ao quarto, começou a investigação.

- Qual o motivo da troca de quartos? - Macoy andava de um lado para o outro no quarto perfumado de Jessy. - Ontem ela parecia desconfiada de você. E agora, de repente, venho acordá-la e encontro você aqui, quase nu. Como dizem, quanto mais os pais controlam, mais os filhos aprontam. Jessy é... inocente! Mal saiu da infância, meu Deus!

- Sem dramas, Macoy! Sua filha vai explicar o que aconteceu. Tenho coisas mais importantes para fazer do que ouvir essas baboseiras. Só peço uma coisa: não me difame nem coloque ideias falsas na cabeça dela. Seja sincero. Ou eu mesmo me encarrego de contar a verdade daqui para frente.

- Jessy usou a 'bombinha'? - questionou, chacoalhando o artefato que estava na cabeceira.

- Bom dia! - Jessy me olhou de relance, apoiada na porta aberta, soltando um leve suspiro - Papai, precisamos conversar. Se não se importa, pode nos deixar a sós? - fez um sinal para que eu saísse do quarto.

- Me digam o que está acontecendo aqui? - Macoy chegou perto da filha - Por que utilizou a bombinha?

Saí do quarto. Jessy relatou o que havia acontecido, me transformando em um herói, embora eu soubesse que não era. Macoy não a interrompeu nem fez comentários. Apenas se culpou pelo ocorrido, por ter tantas vezes dado atenção a Tobias, deixando Jessy como a vilã da história. Após a conversa, Macoy me procurou e pediu minha ajuda para localizar a planta necessária para o medicamento controlado da filha. Na densa quietude da floresta, o silêncio pairava pesado, ecoando apenas o batimento acelerado do coração de Macoy ao recordar a filha recorrendo às ervas entorpecentes.

- Desde quando Jessy está usando isso? - perguntei, segurando algumas das ervas e torcendo o nariz com o odor pungente.

- Estas ervas são anestésicas e calmantes - explicou ele, visivelmente aflito - Na noite passada, quando lhe implorei para não ferir minha filha, não estava me referindo apenas a ferimentos físicos. Jessy aparenta saúde e vitalidade, mas a verdade é que sua saúde é frágil, herdada de Melissa - disse ele, abaixando-se diante das ervas, lágrimas escorrendo como as de uma criança - E há mais... os médicos dizem que, se o trauma não for controlado a tempo, pode ser fatal em questão de minutos. Não há cura para isso, então desenvolvi este medicamento. Estou cansado de esperar pela medicina - ele mostrou o frasco vazio - Ele abre as vias aéreas e acalma os nervos. Sempre funcionou, mas temo que um dia não seja o suficiente... Melissa me disse que isso atinge o auge aos dezoito anos, trazendo mudanças fisiológicas, mas não sei exatamente o que isso significa, e isso me assusta.

- Talvez seja hora de procurar outros especialistas. Você não pode deixar que o pior aconteça antes de tomar uma atitude - sugeri.

- Caio, não posso fazer mais nada. Agi, desenvolvi a medicação com base em estudos e análises. Melissa enfrentou as mesmas crises. Faço o que posso para aliviar a dor dela e manter seu coração batendo - ele respondeu com tristeza.

Seus batimentos cardíacos se aceleraram.

- Jessy sente algo por você. Ela finge não se importar, mas é a maneira dela de demonstrar interesse - ele sorriu com ternura ao lembrar das palavras da filha - Mas vocês não podem se envolver. O que você é poderia colocá-la em perigo. Não arraste Jessy para o meio disso. Vampiros e bruxas são apenas personagens de livros na vida dela.

- Eu não vou deixar nada acontecer com Jessyca! - declarei - O silêncio da floresta parecia cercar-nos. Com as ervas em mãos, decidimos retornar à fazenda.

Dois Mundos: Sangue e MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora