Dois Mundos: Sangue e Magia

Capítulo 11: Em Apuros

Envolvi Jessy em meus braços, sentindo seu corpo responder ao meu abraço. Em questão de segundos, nos lancei em direção ao topo da árvore. Alguns galhos no caminho ocasionaram um ferimento leve no braço de Jessy. Não parecia grave, mas logo pequenas gotículas de sangue se formaram ao redor do corte. Jessy cobriu o machucado com a mão e soltou um leve suspiro.

- Sabe, eu tenho certo pânico de lugares altos! - explicou, forçando um sorriso.

- Eu sei! Seu pai me contou, mas lamento, era a única saída - respondi, soltando-a e encostando-a na base forte da árvore, entre os galhos.

- Às vezes acho que você sabe mais sobre mim do que deveria - disse Jessy, agarrando-se aos galhos. - Não consigo parar de olhar para o chão. Suponho que isso não seja um bom sinal... aff, eu vou desmaiar!

- Mantenha seus olhos fixos nos meus, olhe para mim, Jessy!

- Não consigo! - exclamou, assustada, quando uma brisa balançou os galhos. - Eu... vou cair.

"Espero não me arrepender disso", pensei enquanto passava meus braços ao redor de seu corpo, usando a árvore para apoiar as mãos. Aproximei-me de forma casual, sem querer assustá-la, sentindo uma onda de desejo por seu sangue, por seus beijos. Como eu queria abraçá-la! Jessy aceitou minha aproximação, pousando a cabeça em meu ombro. Nunca fizera algo assim, deixando-se vulnerável.

Porém, não pude abraçá-la. Mantive minhas mãos firmemente apoiadas na árvore, atrás de seu corpo. Qualquer aproximação poderia ser fatal para ambos. Se eu perdesse o controle, nunca me perdoaria. O vento jogava os cabelos de Jessy para trás, revelando seu pescoço atraente, assim como cada parte de seu corpo. Sentia seu coração batendo em um ritmo mais calmo. Então, por que não se libertava de meus braços como sempre fazia? Minhas mãos apertaram a árvore com tanta força que senti a madeira ceder sob a pressão de meus dedos. Seu calor me enlouquecia.

Jessy, mais calma, tornava-se ainda mais perigosa a meus olhos de predador, agora presa em sua teia, esperando apenas a chegada de sua doce morte. Seus olhos encontraram os meus e um sorriso maravilhoso congelou minha mente. Em um momento eterno, acariciei sua face rosada com a palma da mão. Ela tombou a cabeça novamente em meu ombro, mas dessa vez parecia oferecer seu frágil pescoço aos meus lábios cálidos, louco por provar seu mel. Indeciso sobre o que fazer, onde colocar minhas mãos, o vento bagunçava seu cabelo, fazendo com que seu perfume penetrasse em meus sentidos.

Não compreendi como, mas meus lábios se encostaram em sua pele, dando-lhe um beijo carinhoso no pescoço. Lembro-me apenas da sensação mágica ao redor de nossos corpos e do formigamento em minha boca, sedenta por sangue que poderia me levar à loucura. Um simples beijo para ela, enquanto para mim, era um tormento, matando-me pouco a pouco. Ouvi seu coração acelerar com o toque de meus lábios em seu pescoço. Será que não sabia que isso me incentivava ainda mais? Às vezes acho que ela me deseja, mas logo encaro a realidade: isso é apenas uma ilusão. Sei que me odeia por não ser humano.

O céu parecia conspirar contra nós. Nuvens negras se aproximavam da região oeste, e logo estaríamos no meio de uma tempestade, em cima de uma árvore. Que maravilha! Mas, de certo modo, eu gostava da ideia. A cada trovão, Jessy me apertava mais contra seu corpo. Ficamos um tempo naquela posição, até que percebi o que estava acontecendo: minhas presas já estavam à mostra. Eu iria mordê-la! Afastei-me rapidamente, mantendo as mãos na árvore para garantir que ela não caísse. Seus olhos estavam cravados nos meus.

- Confio em você, não irá me fazer mal! - disse Jessy, dando um passo em minha direção e voltando a me abraçar.

- Como pode ter tanta certeza? Jessy, quero que saiba de uma coisa: a mesma vontade que tenho de estar com você é a mesma vontade que tenho de provar... Desculpe-me, não deveria ter dito isso - abaixei o olhar, mas percebi que suas mãos não soltaram minha cintura. Jessy deu um passo para trás, encostando-se novamente na árvore.