Quando acordo, olho para o céu e vejo estrelas. Que estranho. Em todo o tempo que estive aqui não vi estrelas, por culpa dos prédios muito altos e da fumaça que não nos permite ver com clareza o céu; mas agora, consigo vê-las como se pudesse tocar.
Olho para o lado e ali está Joe, ainda desacordado, mas nem sinal de Jake. Quando finalmente olho para frente minha respiração some. Estamos numa montanha-russa. Mas que diabos estamos fazendo em uma montanha-russa??? Tento olhar para baixo para ver se reconheço o parque em que estamos, mas tudo que vejo é... Na verdade, não vejo nada! Só enxergo trilhos e mais trilhos, que se estendem em um imensidão que parece não ter fim. É então que percebo que a montanha-russa apenas sobe! Quando tendo me levantar, minha cabeça transpassa uma nuvem. Isso não é possível! Em que altura estamos?!
No momento em que o carrinho em que estamos começa a subir de novo em uma velocidade impossível, perco a consciência outra vez.Eu não sei quanto tempo se passou desde que abri os olhos pela última vez. Não estou mais na montanha-russa, não faço ideia de onde estou. Está tudo numa penumbra, e o único som é a minha própria respiração. Tento encontrar alguma parede para me apoiar ou deslizar para achar um caminho para algum lugar, mas não encontro nada. Que droga, não enxergo um palmo a frente do nariz, eu sabia que deveria ter comido cenoura.
Resolvo tentar a sorte e ir andando. Não consigo andar nem cinco metros quando tropeço em uma pedra e caio. "Mas que droga!", grito. Só então me dou conta de que posso gritar por ajuda. "Olá! Tem alguém aqui?". Nada. "O-oi...". Nada, outra vez.
Lembro que meu celular está no bolso do meu jeans. Quando o pego, passo o dedo sobre a tela e corto meu dedo. "Merda", xingo baixinho. Não acredito que meu celular está quebrado. Como isso aconteceu? Como vim parar aqui? Onde é aqui? O que foi aquela luz e aquela montanha-russa sem fim? Será que eu estava delirando? Talvez. Todas essas perguntas podem ser deixadas para trás, a única que realmente me interessa é: como eu vou sair daqui?
Continuo andando com calma, meio chutando o chão para garantir não tropeçar outra vez. Chuto algo duro e solto um grito.
"Aaaaai", a coisa que eu chutei exclama.
"Jake??"
"Não, não é o senhor Perfeitinho, sou eu.", diz a voz de Joe, levemente irritado.
"Me desculpa, achei que fosse ele."
"Porra, Brenda, você me chutou bem no rosto!"
"Sinto muito, mas eu não tinha como ver você ai! Afinal, o que está fazendo no chão?"
"Eu estava desacordado, mas você me tirou do meu sono de Bela Adormecida desse jeitinho meigo. Obrigada.", ele diz sarcasticamente e solta um gemido de dor.
"Tudo bem, levanta.", estendo a mão a ele, para ajudá-lo a levantar. Ele levanta e continuamos andando.
"Então, cadê o seu amiguinho?", não consigo ver seu rosto, mas aposto que ele revirou os olhos.
"Eu não sei, ele desapareceu desde aquela... Luz estranha."
"Onde é que nós estamos, afinal?"
"Se eu soubesse já teria caído fora."
"Seguinte, odeio ficar no escuro, vamos fazer um fogueira. Me traga duas pedras.
"Gênio, fogueira se faz com dois gravetos, não com duas pedras!"
"Você está falando com o líder dos escoteiros Mirins, não me teste, creio que sei fazer uma fogueira!"
Jogo as mãos para cima. "Tudo bem!"
Pego as duas primeiras pedras que encontro e as levo a Joe. Ele as esfrega por cerca de 5 minutos e nada.
"Olha, não quero cortar o seu barato nem nada, mas acho que não está funcionando."
"Cala a boca", ele murmura. "Vai dar certo, espera pra ver."
"Espera ai, como o fogo vai acender sem combustível?"
"Eu não sou idiota, garota, tirei a camiseta para isso."
"Ah", é tudo que consigo responder. Pensar em Joe sem camisa é tentador, a pele bronzeada, os músculos, não exagerados mas presentes... Meu Deus, por que eu estou pensando nisso?!
O fogo finalmente se acende e minha imaginação sobre Joe sem camisa ganha vida, mil vezes melhor. Olho para seu abdômen, mais definido do que eu imaginava. Subo o olhar para seus olhos, incrivelmente mais bonitos do que de costume, iluminados pelas chamas. Só quando ele pergunta "o que foi?" é que me dou conta de que estou quase babando olhando para ele e seus encantadores olhos verdes.
"Nada.", mesmo na luz fraca, posso sentir-me corar. Como eu sou idiota!
Ele me encara com um olhar suave, muito diferente do costumeiro olhar irônico. Parece demonstrar preocupação.
"Você está bem?", ele pergunta, franzindo o cenho.
"Estou. Por que?"
"Nada... Eu só me preocupo com você.", ele diz isso num impulso e meu coração dá um salto, mas logo ele se corrige. "Porque se acontecer algo com você, é a minha família que vai ser responsabilizada."
Irritada, respondo: "não se preocupe, posso me cuidar. Não é a minha intenção causar problemas pra sua família. Quer dizer, não para seus pais e seus irmãos, porque pra você eu adoraria causar problemas, babaca!". Se eu estava sentindo alguma atração - só podia ser física - por ele, acabou agora. Ele arregala os olhos verdes-escuros.
"Você já me causa problemas, tenho que cuidar de você o tempo todo!"
"Nunca pedi para que fizesse isso, sinta-se a vontade para ir embora!"
"Eu iria, mas não sei onde estou, e não posso deixar uma pirralha como você sozinha em uma caverna escura." Só agora é que olho ao redor e vejo que realmente estamos numa caverna.
"Cala a boca, eu já sou quase uma adulta, tenho 17 anos!"
" 'tenho 17 anos' ", ele imita o meu jeito de falar e ri, como o babaca que é.
"Argh, vou andando." Me levanto.
"Espera ai Bre!" Ele levanta rapidamente e me segue.
Tropeço em algo - pela terceira vez no dia -, mas dessa vez consigo ver o que é.
À minha frente, está uma cesta com todos os tipos de doces: chocolates, marshmallows, balas de goma, jujubas, M&M's, e muitos outros que não consigo nem identificar. Junto à cesta, um bilhete com apenas duas palavras: Bem-Vinda!
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Meu lugar no mundo
FantasyBrenda é uma garota de 17 anos que sempre sonhou morar em Nova York, fazer faculdade, e seguir o rumo à sua vida completamente como sempre planejara. Porém, mudanças inesperadas alteram esse objetivo e Brenda se vê em um lugar onde nunca desejou e n...