Meu lugar no mundo

Eu quero sair daqui!

Ps: A foto é da inspiração física para Joe.

Segundos de silêncio se seguiram, até que Joe levou a mão à cesta e abocanhou um cupcake.
"Joe, não!", eu grito e arranco o doce de sua boca.
"O que é isso, garota?", ele arregala os olhos, com um tom de voz de reprovação e surpresa.
"Você não pensa, não? Pode estar - e provavelmente está- envenenado!"
Ele me olha, sério. "Acho que tem razão. Mas minha barriga está roncando de fome!"
"Mais um motivo para irmos andando e achar uma saída deste lugar.", quando me viro para continuar a caminhada, vejo um outro envelope, que estivera abaixo do Cupcake retirado por Joe. Resolvo abrir o envelope e encontro dentro um papel pardo, preenchido pelo seguinte texto:
"Se real você for, saberá como se salvar; fique alerta, tome cuidado, ou todos seremos prejudicados."

Levei alguns instantes para me recompor e pensar no que aquilo poderia significar. Sinceramente, fiquei assustada. Não sei onde estou, e agora tem algo me ameaçando. Quer dizer, entendi isso como uma ameaça. E o que quiseram dizer com "saberá como se salvar"? Eu estou correndo perigo? Joe interrompe meus pensamentos.
"E isso conclui o meu pensamento de que estou aqui como acessório.", ele suspira.
Me viro para ele: "como assim?"
"Eles só se referem à você: 'bem vinda', e agora esse recado para você. A menos que achem que eu sou uma garota, eu não deveria estar aqui."
"Você não deveria nem ter nascido, babaca."
"Outch, essa doeu!"
"Que seja."
Saio andando. Minha mente está a mil, eu não sei o que esse recado quis dizer, não sei onde estou, não sei como sair, e não sei como vim parar aqui. Será um tipo de pegadinha? Um jogo? Eu não sei, talvez tenham câmeras nos monitorando agora mesmo. Preciso sair daqui, eu tenho minha prova final de inglês à tarde! Mas, espera ai, eu não sei nem que horas são! Ai meu Deus, isso não está acontecendo! Não, não vou ficar me lamentando, eu só quero sair daqui. Tenho que pensar em algo, tenho que achar alguma saída. Não pode ser totalmente fechado isso aqui. Tudo bem, tenho que achar alguma fonte de luz, alguma coisa que indique uma abertura, qualquer coisa!
"Um centavo por seus pensamentos.", diz Joe, andando ao meu lado no escuro. Nem havia percebido sua presença até agora.
"Então, no que estava pensando?", ele pergunta.
"Que temos que dar um jeito de sair daqui."
"Nós vamos... Eu só... AAAAU, eu bati em alguma coisa!", neste exato momento uma porta se abre, como a porta de uma garagem, causando um rangido ensurdecedor e sinistro. Eu olho para Joe, e vejo que o que ele bateu era na verdade uma alavanca. Vejo também dois hematomas em seu rosto perfeito: um causado pelo meu chute acidental, e outro pela batida que nos havia proporcionado a liberdade.
Nós nos olhamos e sorrimos, num impulso eu o abraço e ele corresponde. Um abraço forte e carinhoso. É surpreendente que mesmo nesse lugar sujo e úmido ele continue tendo um cheiro maravilhoso. Quando me dou conta do que estou fazendo, me afasto bruscamente e sinto minhas bochechas em chamas. Ele me olha, igualmente desconfortável.
"Vamos.", digo, e seguimos para a claridade mais do que convidativa. Ao chegar à porta, semicerro os olhos tentando me acostumar com a claridade, tendo ficado tanto tempo na escuridão. Quando enfim me acostumo, dou um passo à frente e paro, petrificada com a visão que tenho.
"Mas que porra...?", murmura Joe atrás de mim.
Aquele lugar parecia um cenário pós-apocalíptico. O solo, que indicava antes ter grama, era empoeirado e rachado, com crateras por todos os lados; plantas mortas - todas elas; caveiras de animais; pequenos chalés completamente em escombros; lixo; e o pior de tudo era o cheiro. Um cheiro de podridão, que para mim representava a morte. A única coisa não morta ali era uma cachoeira, ela parecia brilhante e mágica. Tipo, magica mesmo, pois ela fluía para cima!
Olho para Joe, que está com o queixo caído. Como podemos sair daquela caverna imunda e vir parar em um lugar pior ainda?!
Joe me cutuca e sussurra: "Brenda, tem um cara olhando para você, bem ali.", ele inclina a cabeça para apontar. Me viro e vejo um homem bem familiar. Levo 5 segundo para perceber que é o mesmo homem que me encarou em frente à Broadway enquanto esperava Jake, ontem. Mesmos olhos escuros, mesmos cabelos grisalhos e compridos na altura dos ombros e mesmo jeito... Selvagem de me olhar. Encaro-o por 2 segundos, e quando pisco, ele não está mais lá.