Joe's POV
Seguimos em silêncio, com Harold, até o salão de reuniões. Brenda está muito quieta. Eu a beijei e ela correspondeu, mas isso não quer dizer que sente algo por mim. Eu sabia que não devia ter me precipitado, deveria ter esperado mais antes de falar o que sentia. Como eu sou idiota! É claro que ela não iria gostar de mim, por que gostaria? Nós não temos nada em comum, eu sou um babaca -como ela mesma diz.
Descemos as escadas -aquela droga de escadas outra vez- e dobramos à direita em um imenso corredor. Andamos até uma porta grande e dourada. Harold nos olha uma última vez e abre a porta.Brenda's POV
Eu vim andando em silêncio, tentando organizar os meus pensamentos. Ainda não tive tempo para absorver e ponderar sobre tudo que aconteceu tão subitamente. Joe me beijou. Ele sente algo por mim. Eu nunca imaginei aquelas palavras saindo de sua boca. Tudo bem que não foi lá uma declaração romântica, mas significou muito. Eu sei como deve ter sido difícil para ele reunir coragem para falar, dava pra ver em seus olhos o nervosismo. Eu deveria dizer algo pra ele, talvez dizer que sinto o mesmo e acabar com essa dúvida pela qual ele está passando. Mas não sei o que dizer. Não consigo encontrar as palavras certas. Vou pensar e conversar com ele depois, agora não é o momento certo.
Estou tão distraída que só percebo que chegamos quando Harold abre uma grande porta dourada. Dentro dela- como já era de se esperar- tudo é muito luxuoso: lustres de cristais, papel de parede brilhante, uma lareira, livros, e uma enorme mesa de reuniões como nos escritórios.
Sentados à mesa estão os "membros", como Harold os chamou. 6 ao todo. Na ponta da mesa, assumindo o lugar de rainha, está Mary Elizabeth. Ao seu lado, uma mulher com cabelos castanhos encaracolados e pele escura, com um crachá dizendo 'Allana'. A sua frente, um homem calvo e magro, ele parecia centrado e totalmente profissional; seu crachá dizia 'George'. Ao lado de George, uma mulher ruiva de olhos verdes, com um olhar gentil; indicada como Amanda. À frente de Amanda, outro homem, gordinho, com cabelos escuros, chamado Alex. E enfim, ao lado de Alex, um homem alto, com porte elegante, barba e cabelos loiros; seu crachá dizia 'Logan'.
"A, finalmente chegaram. Sejam bem vindos.", disse Mary. "Gostaria que conhecessem os Membros. Esta é Allana, líder dos Caçadores; este é George, líder dos Pensadores; esta é Amanda, líder das Curandeiras; este é Alex, líder dos cozinheiros; e este é Logan, líder dos administradores.", ela os apresenta, e cada um dá um aceno de cabeça quando seu nome e função é chamado.
"Olá.", digo, sem jeito.
"Nós acabamos a reunião, e já temos algo decidido."
"E o que decidiram?"
"Vamos treinar você, Brenda."
Fico confusa.
"Treinar como?"
"Treina-la para que esteja pronta quando chegar a hora da batalha."
"Tudo bem.", concordo.
"Todos os membros vão te ajudar, passando a você os conhecimentos deles, depois, vai treinar a parte da luta, com o nosso exército."
Não sei o que pensar, mas não tenho escolha. É meu dever dar tudo o que tenho para salvá-los, para deter o descendente da bruxa e... De repente me ocorre uma ideia.
"Ei, seria muito mais fácil se já soubéssemos quem é o descendente da bruxa, para ataca-lo ao invés de esperar ele nos atacar. Vocês tem alguma ideia de quem seja?"
George, o líder dos pensadores, se pronuncia.
"Se soubéssemos já o teríamos prendido, não acha?", ele diz, com um forte sotaque semelhante ao britânico.
"Me desculpe, eu só pensei..."
"Não se desculpe querida, George é que é estúpido com as palavras", fala Amanda, de modo gentil. "Nós tentamos por muito tempo e de muitas formas descobrir, mas até agora não temos pista nenhuma."
"Que pena.", digo.
"Espera ai, mas e quanto a mim? Posso ajudar de alguma maneira?", pergunta Joe, que tinha ficado quieto até então.
"Bem, você veio para cá por acidente, então acho que não há nada que possa fazer. Mas se puder ajudar em algo que aparecer, vamos avisar.", diz Mary, sem jeito.
Fico olhando para ele, observando o jeito como seus lábios se mexem quando ele fala, e o jeito como seu maxilar se contrai quando ele fica nervoso.
Ele percebe que estou o encarando e me lança um olhar questionador. Tusso e volto minha atenção à mesa.
"Você entendeu tudo, querida?", pergunta Mary.
"Entendi."
"Ótimo, seu treinamento começa amanhã."Joe's POV
Já é noite quando saímos da sala de reuniões. Brenda vai passar os dias treinando daqui em diante, então vai ficar ainda mais distante. Tenho que aproveitar a noite de hoje para falar com ela, ou não vou mais conseguir.
Quando entro no "nosso" quarto, ela já está deitada, lendo um dos livros de mistérios de que ela tanto gosta.
"Oi", digo, um pouco... Ta bom, muito nervoso.
"Oi", ela diz, seus olhos agora castanhos-esverdeados.
"Nós podemos conversar?"
"Sim, estava procurando o momento certo para isso também."
Me aproximo e me sento na cama, ao lado dela. Começo o discurso que tanto ensaiei, atropelando as palavras.
"Bom, eu sei que não deveria ter feito aquilo, eu te peguei em um momento de surpresa, por isso você correspondeu. Eu queria te pedir desculpa por ter falado tudo tão rápido, mas eu não podia mais esconder. Eu te entendo, sei que você não vai gostar de alguém como eu. Eu te pediria uma chance de mostrar que posso ser alguém bom, mas quero o melhor pra você, e o melhor certamente não sou eu. Me desculpe, Brenda, mas eu simplesmente não consigo controlar meus sentimentos."
Ela me olha um tanto assustada.
"Você poderia repetir mais devagar?", ela ri, o que me surpreende. "Joe, eu não disse a você, mas eu sinto o mesmo. Me desculpe por te deixar com essa dúvida torturante, mas eu não achava o momento certo para te dizer."
"Então quer dizer que você... Também gosta de mim?!", nunca fui preenchido por tamanha alegria em minha vida.
"Sim, eu gosto.", ela diz e sorri novamente.
Pego sua mão e me aproximo mais dela na cama, passando a mão por seus cabelos. Seus olhos já mudaram outra vez. Estão naquela combinação que eu amo, que poderia passar horas olhando. Foco em sua boca e não consigo resistir, a beijo e meu corpo e alma se enchem de euforia. Ela me deixa tão feliz que parte meu coração de um jeito inexplicável pensar em perdê-la, mesmo eu não a tendo totalmente.
A puxo para meu colo e assim ficamos por um longo tempo. Adormecemos assim como na primeira noite, mas dessa vez não me envergonho ao me encostar nela, e a puxa para mais perto, envolvendo-a no meu abraço.
"Boa noite, Mr. Babaca!", ela sussurra e da uma risadinha.
"Boa noite, linda.", digo e adormeço.
Não sonho com nada, pois tudo que sonhei está aqui, comigo.
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Meu lugar no mundo
FantasyBrenda é uma garota de 17 anos que sempre sonhou morar em Nova York, fazer faculdade, e seguir o rumo à sua vida completamente como sempre planejara. Porém, mudanças inesperadas alteram esse objetivo e Brenda se vê em um lugar onde nunca desejou e n...