Peter's POV
Depois que deixei a Brenda no castelo, fingi ir embora, mas esperei 10 minutos no carro e voltei para o castelo.
Minha mãe estava me chamando. Aposto que vai brigar comigo, mas não sou mais um pirralho que ela pode gritar quando quiser. Eu vou enfrentá-lá se for preciso.
Bem, acho que preciso começar do começo...
Mary, minha mãe( infelizmente) soube sobre a profecia de que uma menina viria nos salvar a pouco tempo. Todos já sabiam, é claro, mas como Mary está sempre mais preocupada com tratamentos faciais e sapatos de luxo, estava por fora do que realmente importa. O reino inteiro estava feliz com isso, mas Mary não. A única coisa que ela conseguia pensar era que quando a garota nos salvasse, ela tomaria seu trono e tiraria dela todos os seus luxos. E é claro, como sou o patético filho obediente, teria de fazer minha parte para impedir.
Minha mãe armou um plano para trazer nossa salvadora para cá às pressas. Quando ela chegasse, Mary fingiria-se de boa anfitriã, preocupada com seu reino. Ela diria a Brenda para treinar, mas a impediria usando algo para distraí-la, assim quando o herdeiro da bruxa chegasse, ela não estaria preparada para lutar, e Mary ainda disse que daria um jeito de acabar com ela para sempre. É claro, a distração era eu.
Num primeiro momento, não entendi o porque ela iria querer deixar o Herdeiro destruir tudo, mas então ela me contou que o conhecia, e que eles trabalhariam juntos para assumir não só este reino, mas para conquistar outros. Eu entendi, afinal Mary sempre fora maluca por poder.
Mas entender não significa o mesmo que concordar. O que eu tinha a ver com aquilo? Por que eu iria me dar o trabalho de distrair uma garota idiota, que provavelmente seria fútil e tonta?! Por que eu iria querer um reino mais destruído do que o que já temos? Tudo o que eu me importava era ter o meu lugar, atrás da cachoeira, para deitar e relaxar.
Mas aí, entrou uma coisa em que minha queria mãe é especialista: chantagem. Ela disse que se eu não fizesse, acabaria com meu lugar, mas se eu fizesse, me daria um bônus, me deixando ir para qualquer lugar que eu quisesse.
Não pude resistir, tudo o que eu mais queria era ir para bem longe daquele lugar e da minha mãe.
Assim, fui eu distrair a tal garota. Mas quando a conheci... Bem, ela não era exatamente o que eu esperava. Não era uma menininha fútil que gritava a cada sapo que via, e que só sabia falar de maquiagem. Ela era... Estranhamente parecida comigo. Tinha um jeito de pensar diferente, era doce e seu sorriso era, sinceramente, o mais lindo que já vi. Sem mencionar os olhos!
Mas não podia me deixar levar por isso, tinha de fazer o que era preciso, estava sendo praticamente obrigado.
Então, a convenci de não treinar, dar uma volta para "nós conhecermos melhor". Péssima ideia. Quanto mais eu a conhecia, mais gostava dela. Quando a deixei no castelo após o treino, não conseguia parar de pensar na garota. Por isso a convidei para sair. De novo, péssima ideia. E dê certo era por isso que Mary queria falar comigo.
Subi as escadas energeticamente, e fui direto para o meu quarto. Estava exatamente do jeito que deixei quando morava aqui. É claro que Mary já estava me esperando, sentada à um canto da minha cama, lixando as unhas postiças (coisa exclusivamente idiota de Mary).
Quando entrei, ela voltou o olhar para mim.
"Ah, você chegou. Até que enfim.", ela disse.
"O que você quer?", perguntei, sendo direto.
"Bom, nós precisamos conversar sobre o seu trabalho, não é mesmo?"
"Não tem nada pra conversar. Eu tinha que distraí-la, e o fiz.", respondi, dando de ombros.
"Sim, mas isso não incluía levá-la para um voltinha à noite!"
"Ela precisa confiar em mim, certo? Só faz parte do trabalho.", minto.
"Talvez. Mas você não pode cair por ela. Você sabe, ela pode parecer legal, mas você não pode perder o foco!"
"Quer saber, Mary, ela não está nem um pouco interessada nessa merda de reino! Ela só está tentando nos ajudar e voltar para a vida dela!"
"É sempre assim que acontece Peter, eles chegam como quem não quer nada, como quem quer ajudar, mas ela vai mudar. Quando ela estiver sendo ovacionada pelo "nosso povo" por sua vitoria ela vai se achar no direito de assumir o trono. MEU TRONO, PETER! O trono que será seu um dia", ela diz, quase gritando. Estou começando a me irritar.
"Certo mãe, e se ela não se aperfeiçoar e não conseguir derrota-lo você vai reinar sobre o que? Nosso Reino está em ruínas, você está cega por sua maldita vaidade! Você é uma rainha que reina sobre destroços!", falo, aumentando o tom de voz.
"Como você se atreve a falar comigo nesse tom?!"
"E como você pensa que eu iria ajudar você a fazer mal a alguém inocente, puramente para você poder alimentar o seu ego e a sua vaidade?!"
"Escuta aqui, Peter: isso não se trata somente de mim, se trata de você também. Da sua segurança e estabilidade!"
"Eu não me importo com isso. Durmo em baixo de uma ponte se precisar. Pode fazer o que quiser, mas eu estou fora.", digo calmo, enquanto me viro e saio pela porta, deixando no quarto uma Mary exasperara e um enorme peso na consciência que estivera carregando.
Cruzo o corredor, e paro em frente ao quarto que Brenda está. Cogito entrar, mas não quero perturba-la.
Desço as escadas e saio do castelo, indo para o carro. O fingimento acabou. Não posso dizer que não sinto nada pela Brenda, sinto sim. Tudo está acontecendo tão rápido e estou cheio de dúvidas. Mas de uma coisa tenho certeza: não vou deixar ninguém fazer mal algum àquela garota. Amanhã vou lhe contar toda a verdade. Talvez ela me odeio por isso, mas é preciso.
Amanhã vou manda-la para casa. Ela estará longe de mim, mas estará em segurança. Vou dar um jeito de reunir um exército, nem que seja de cinco pessoas, para lutarmos contra o Herdeiro. Amanhã ela e o tal Joe poderão voltar a ter a vida normal deles. Amanhã me despeço dela, mas algo dentro de mim tem certeza que jamais a esquecerá.
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Meu lugar no mundo
FantasyBrenda é uma garota de 17 anos que sempre sonhou morar em Nova York, fazer faculdade, e seguir o rumo à sua vida completamente como sempre planejara. Porém, mudanças inesperadas alteram esse objetivo e Brenda se vê em um lugar onde nunca desejou e n...