Capítulo 2

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- Você sabia que o fim do mundo, de acordo com a ciência, vai ser quando o sol se expandir? - comentou Jonatan enquanto caminhávamos lado a lado em direção ao parque.

- E isso acontecerá quando? - perguntei interessada. Jonatan de vez em quando passava as noites pesquisando sobre fatos interessantes que ele encontrava na internet, e eu adorava ouvi-los.

- Em torno de 1 bilhão de anos. - ele disse com um riso. - Acho que não precisamos nos preocupar com isso.

Eu devolvi um sorriso em troca, e continuamos andando em silêncio. Olhei no meu relógio de pulso e ainda eram 2 horas da tarde. Tínhamos planejado de passar a tarde no parque fazendo um piquenique enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias. Fazíamos isso praticamente todo final de semana, e como hoje era sábado em um dia ensolarado, decidimos que esse era o dia perfeito.

- Você não acha isso um pouco romântico? - perguntei quando chegamos no parque e estendemos o lençol embaixo de uma das árvores mais próxima do lago.

- Mas é claro. - ele respondeu sarcástico. - Acho que deveríamos nos beijar agora.

Dei um soco no ombro dele e ambos demos uma risada. Quando estava tudo pronto, me sentei em cima do lençol com as mãos apoiadas na grama macia que nos rodeava. Observei tudo a minha volta com uma sensação de paz. O parque era um dos locais mais bonitos da cidade.

Com um lago central aonde a gente se encontrava quase perto da borda, e 200 metros de extensão para os lados, recheados de bancos e bebedouros. Ele era rodeado por uma faixa onde as pessoas faziam caminhadas no final da tarde ou saíam para passear com seus cachorros.

- Dizem que já morreram pessoas afogadas nesse lago. - comentei após alguns segundos de silêncio. Jonatan se assustou com o som da minha voz, como se estivesse mergulhado em um pensamento profundo.

- Sim, já ouvi isso também. - ele se adiantou e abriu uma pequena cestinha que a gente tinha trazido e pegou para si um sanduíche. Segundos depois eu fiz o mesmo, e ambos comemos em silêncio.

- Você não está muito animado para conversas hoje. - observei. - Oque aconteceu?

Ele se ajeitou no lençol com as pernas cruzadas, e por um instante pareceu pensar na resposta. O brilho do sol fazia seus cabelos escuros e encaracolados ficarem avermelhados, e eu não pude deixar de admitir que ele estava particularmente bonito com aquele efeito.

- Não sei. Apenas estou pensativo, isso é tudo. - ele respondeu.

- Adoraria que este pensamento fosse compartilhado. - cheguei mais perto dele para ouvi-lo. Nós dois éramos um livro aberto um com o outro, desde pequeno sempre contando nossos mais profundos segredos. De vez em quando até chegávamos a comentar que nem nossos familiares sabiam tanto de nós quanto nós sabíamos um do outro. 

- Eu já estou no Ensino Médio, e não tenho a mínima ideia do que quero fazer na vida. - ele deu um suspiro de frustração. - Quero dizer.. Várias pessoas que conheço já sabem oque querem da vida.

- Essa é a graça da vida, não é mesmo? - respondi com um riso. - Você não saber oque vem em seguida. Se você ainda não sabe oque quer ser, é porque nada ainda te chamou a atenção. Posso te garantir que no momento certo você vai saber oque ama fazer. 

Ele não disse nada, apenas começou a observar o lago. Eu sentia que aquela não era a questão principal, e eu decidi insistir em perguntá-lo:

- Era só isso? Porque eu sinto que tem algo mais.

Ele abriu a boca para falar que não tinha mais nada, porém mudou de ideia. Ele me encarou por alguns segundos e começou a aproximar seu rosto do meu. Antes dele chegar mais perto, me afastei e perguntei:

- Ei, oque está fazendo? - perguntei confusa.

- Nada, nada. - ele se levantou bruscamente. - Foi só uma coisa maluca que pensei aqui. Bobeira.

E sem dizer mais nada, foi andando em direção oposta a minha sem nem ao menos olhar para trás. Fiquei confusa mas ao mesmo tempo curiosa com tudo aquilo. Por um momento, quis correr atrás dele e perguntar oque houve, porém com um suspiro de frustração percebi que isso devia ser mais uma das crises existências dele.

- Tão complicado. - comentei para mim mesma. Mas meu pensamento estava ocupado lembrando de momentos antes quando nossos rostos estavam perigosamente perto. Percebi que quase que resisti a tentação de beijá-lo, e balancei a cabeça para afastar estes pensamentos.

- Por Deus, Mary. Vocês são amigos. AMIGOS. - repreendi mim mesma.

- Pare com essa palhaçada, Jonatan. A gente é apenas amigos. - Jonatan disse para si mesmo.

Ele mal imaginava que, nesse mesmo instante, Mary estava falando a mesma coisa



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