Capítulo 12

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Após a escola ter acabado, Jonatan andou comigo até perto de casa. Ficamos o caminho inteiro em silêncio, mas dessa vez não era por conta de uma tensão que pairava sobre nós. Estávamos apenas aproveitando a companhia um do outro, pensando no que iria vir agora para frente.

- Eu realmente não tenho a mínima ideia do que iremos fazer agora. - Jonatan comentou quando chegamos perto de minha casa.

- Muito menos eu. Mas, o tempo irá dizer isso. - eu disse, com um sorriso no rosto. Dei um abraço apertado nele, e achei que não iriamos fazer nada demais.

Mas para minha surpresa, Jonatan se inclina e me dá um selinho. Foi algo rápido, coisa de dois segundos, mas ainda assim parece que todo o meu corpo iria amolecer por completo.

- Eu te vejo amanhã, Mary. - ele diz, e então faz um sinal de xau com a mão.

- Até mais, me chame no facebook depois do almoço. - comento enquanto me dirigia para a porta de casa. Ele não respondeu, apenas fez um gesto de jóinha usando o polegar.

Minha mãe já tinha feito o almoço, e estava apenas me esperando para comer. Ela me recebeu com um abraço e um beijo na bochecha, e eu não pude esconder minha felicidade dela.

- Mãe, eu beijei o Jonatan! - eu falei, um pouco alto demais. Ela me olhou assustada, mas logo essa expressão de susto foi substituída por um largo sorriso no rosto.

- Você está falando sério? - ela pergunta, me encarando.

- Porque você queria tanto que isto acontecesse?

- Não é óbvio? Vocês se conhecem melhor do que ninguém, era óbvio que vocês tinham que estar destinados a ficar juntos! - a esta altura ela nem conseguia esconder sua felicidade.

- Mas e nossa amizade? A gente não corre o risco de estragar ela? - pergunto, curiosa.

- O ser humano corre o risco de estragar várias coisas. Mas amizade, não é uma delas. Muito menos com um namoro. - ela responde. Por um momento, duvidei dessa filosofia dela. Mas depois, dei de ombros e aceitei isso. Ela podia estar certa. Ela tinha que estar.

Sem falar mais nada, nos dirigimos até a mesa e começamos a comer. Ela tinha feito um purê de batata que vinha queijo e atum recheados, e eu comi até não aguentar mais. Durante as refeições, nunca fomos de conversar muito, mas hoje foi diferente.

- Eu acho estranho é que eu não tenho a menor ideia do que irá acontecer agora. - comento com minha mãe quando termino de engolir uma garfada de purê.

- Mas essa é a melhor parte. Todo o mistério. Toda a aventura. Mundos novos sendo descobertos. - ela fala, com um brilho nos olhos. - Isto até me faz lembrar da época em que conheci seu pai.

Eu sabia que falar do meu pai era doloroso para minha mãe, então resolvi não aprofundar muito nesse assunto. Era capaz dela começar a chorar a qualquer hora quando mencionamos o nome de nosso pai, e eu realmente não queria estragar este linda dia hoje com minha mãe caindo aos prantos.

- Eu tenho medo. Você sabe, tudo pode dar errado. - comento.

- Se você for deixar de fazer as coisas com medo de estragar tudo, não irá conseguir viver. - ela diz. - Você tem que arriscar, Mary! A nossa vida é pequena demais para ficarmos pensando em tudo oque fazemos.

- Bom, nesse caso, eu devo transar com ele sem usar camisinha? - brinco, sem conseguir conter a risada.

- Só se você estiver disposta a criar este filho longe daqui! As noites em claro que eu passei acordada ouvindo seu choro foi o suficiente pra mim. - ela brincou também. E ambas caímos em gargalhadas.

O dia não podia estar mais perfeito para mim. Pela primeira vez em muito tempo, tivemos um almoço amigável, e nenhuma das duas ficou em total silêncio enquanto comia. Parece que a história de Jonatan estava fazendo a dor da perda de meu pai ser superada, e isso só me fez pensar nele ainda mais.

Quando terminamos de comer, minha mãe se voluntariou para lavar as louças. Dei um abraço e um beijo nela, e fui para o meu quarto. Mas, ao contrário dos outros dias, meu objetivo não era dormir. Peguei meu celular e entrei no facebook, e como se por ironia do destino, Jonatan me mandou um oi segundos depois.

- Olá senhorita.

- Olá, senhorito.

- O almoço estava bom?

- Sim. Me lembrou o seu beijo.

- Esta é uma péssima analogia, você sabe, não é?

- Deixa eu com minhas analogias, Jonatan.

- Eu realmente estou extasiado até agora com os acontecimentos recentes.

- Eu sei. Eu também estou. Mas e agora?

- Essa é uma pergunta muito difícil, Mary. Eu não sei.

- Muito menos eu. Mas minha mãe disse que isso é bom. Todo o mistério e a dúvida.

- Sim, isso é ótimo, não estou reclamando de nada.

- Parece que vamos ter que descobrir, então.

Passei quase a tarde toda conversando com ele. Quase todo o assunto foi sobre o nosso futuro, mas acabamos por decidir que iriamos parar de pensar nisso e deixar tudo rolar normalmente. E eu sentia que tudo poderia correr bem.

Quando já estava anoitecendo, finalmente decidimos nos despedir. Coloquei meu celular no carregador, pois a esta altura a bateria já estava quase acabando.

E pela primeira vez, eu senti como é a sensação de estar verdadeiramente apaixonada por alguém.

O rosto da pessoa vem a sua mente a cada segundo. Você imagina oque iria fazer caso ele estivesse do seu lado neste momento. Você fica se perguntando porque ela conseguiu te conquistar desse jeito.

E no final, você não tem a resposta. E isso torna tudo ainda mais excitante.

Melhores Amigos?Onde histórias criam vida. Descubra agora