Capítulo 17

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Após eu ter ficado mais alguns dias no hospital, os médicos se convenceram que eu já estava recuperada e me mandaram para casa. Eu ia visitá-los daqui a um mês, para ver se meus pulmões não tinham sido prejudicados por conta das toxinas.

Neste meio tempo, eu sempre pensava no que Jonatan tinha feito. Meu cérebro estava dividido. Por um lado, eu sentia uma tremenda raiva dele e o culpava por tudo oque tinha acontecido a mim. Por outro, eu me convencia de que ele não tinha feito de propósito, e que estava profundamente arrependido de isto tudo.

Quando eu cheguei em casa, por um momento me deu uma tremenda vontade de começar a chorar. Este é um local que eu achei que nunca mais iria ver, quando eu já estava deitada aceitando minha morte. 

- Eu tenho uma surpresa para você. - minha mãe disse. Antes de eu ter tempo de perguntar oque era, ela foi se dirigindo em direção a cozinha.

Ela voltou alguns segundos depois, trazendo uma caixa relativamente grande em minha direção. Ela estava levemente aberta, e eu estava muito curiosa para saber oque era.

- Mãe, oque você fez para mim? - perguntei, enquanto ela colocava a caixa no chão e eu me inclinava para ver.

Eu não precisei da resposta dela. Quando eu usei as mãos para abrir por completo a caixa, minha boca se abriu em uma expressão de surpresa.

Dentro dela, enrolado bem em um cantinho, estava um cachorro. Ele tinha suas pelagens brancas misturado com preto, e ele olhou para mim quando eu abri a caixa.

Por um momento, parecia que eu iria explodir de emoção. Uma das minhas maiores vontades era ter um cachorro, porém minha mãe sempre dizia que não podíamos ter um.

Por um impulso, eu inclinei minhas mãos e comecei a acariciar sua pequena barriga. Ele ainda era muito pequeno, quase do mesmo tamanho que a minha mão.

- Qual o nome dele? - perguntei quando o tirei da caixa e coloquei em meu colo.

- Não é ele. É ela. - ela disse. E então eu percebi que se tratava de uma cadela. - O nome você mesmo pode escolher.

- Vou precisar de um tempo pra pensar nisso. - disse minha mãe, enquanto acariciava a cabeça da cachorrinha. 

- Nem preciso dizer que é você que irá cuidar dela, né? - ela advertiu. - Você vai limpar qualquer tipo de bagunça que ela fizer, além de que terá que alimentar ela.

- Sim, mãe. Eu entendo. É só você comprar a ração que eu alimento, não se preocupa. - disse. E ela involuntariamente deixou escapar uma risadinha.

Coloquei ela no chão, e por um momento ficou apenas parada ali reconhecendo o local. Ela abaixou seu pequeno fucinho preto e começou a cheirar descontroladamente o chão enquanto andava de um lado para outro.

- E nada dela subir em sofás ou camas! - minha mãe disse enquanto ia se dirigindo para o quarto dela.

- Tudo bem mãe, pode deixar!

&&&&&&

Mais tarde naquele mesmo dia, quando eu já tinha feito uma cama improvisada para minha cachorra em meu quarto usando um travesseiro que eu não usava mais e um lençol, me deixei deitar na cama, cansada. 

Passei vários minutos pensando sobre em que nome iria dar para ela. Tinha pensado em Tina, mas eu não gostei. Tinha pensando também em Trisse, mas não se parecia com o nome de um cachorro.

Meu telefone toca me tirando de meu desvaneio. Vejo quem é, e era Jonatan. Fico pensando se deveria atender a sua ligação, mas como ele tinha ficado comigo o tempo todo enquanto eu estava no hospital, eu decidi que não iria ignorá-lo logo agora.

- Diga.

- Oi Mary, liguei só para saber se você está bem.

- É claro que eu estou bem. Eu achei que nunca mais iria ter a chance de deitar em minha cama de novo, e aqui estou eu.

No mesmo instante, minha cachorra dá um pequeno latido. Era baixo, porém agudo, o suficiente para Jonatan ouvir.

- Isso que eu ouvi foi um cachorro? 

- Uma cachorra. Minha mãe que me deu quando eu cheguei em casa hoje.

- Você tinha me dito que sempre queria ter um cachorro. Que bom que você conseguiu realizar isso, Mary, estou feliz por você.

- Sim, estou realmente muito feliz, obrigada.

- Qual o nome dela?

- Ainda não decidi.

- Você poderia por Tina. 

- Deuses, eu pensei a mesma coisa, mas este não é um nome legal.

- Eu acho legal. Você está ficando louca.

Nossa conversa durou mais alguns vários minutos. Ele tinha conversado comigo oque tinha acontecido na escola enquanto eu estava fora, e por minha sorte não tinha ocorrido nada de muito importante na matéria. 

Quando finalmente nos despedimos, me deu um sono. Era sexta-feira, então eu iria começar a estudar só daqui a dois dias. Me espreguicei em minha cama, e dei uma última olhada na minha cachorra.

Ela tinha latido aquela hora, não sei por qual motivo, mas já voltou a dormir. Arrumei meu travesseiro e meu cobertor, e então me ajeitei em posição para dormir.

Ainda eram oito horas da noite, mas mesmo assim eu decidi ir dormir.

- Até que Tina não é um nome ruim. - pensei, momentos antes de apagar.




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