Capítulo 21

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- Se acalme. Se acalme. SE ACALME MARY PELO AMOR DE DEUS. - continuava repetindo em minha cabeça enquanto caminhava apressada até a porta do cinema.

Tinha me contentado com uma saia preta que ia até um pouco acima dos joelhos, e uma regata branca simples. Meu tênis era um all star preto com branco, que no começo eu tinha achado meio estranho usá-lo com a saia, mas após algum tempo eu acabei que decidi por ele mesmo.

Quando eu tinha chegado na porta, encontrei Jonatan me esperando ao lado da onde se comprava os ingressos. Cheguei até ele, e por um momento ficamos parados observando um ao outro.

Ele usava uma bermuda jeans surrada, e uma camisa verde com uma estampa escrita: "Live free!". Seu cabelo estava com um leve topete em cima, e eu achei aquele corte particularmente interessante.

- Você está linda. - ele comentou, após alguns segundos me encarando.

- Posso dizer a mesma coisa de você. - disse. 

Demos um apertado e caloroso abraço. Por um momento, achei que ele ia me dar um beijo, mas ele apenas enfiou a mão no bolso e tirou dois ingressos de lá.

- Aqui. Já comprei sua entrada. - ele disse enquanto estendia a mão e me dava um dos ingressos. - Depois você me paga.

- Cade o seu cavalheirismo? - perguntei, fingindo estar perplexa. - Você tem que pagar para mim, é sua obrigação.

- Eu não disse que você vai me pagar em forma de dinheiro. - ele disse, com um sorriso malicioso nos lábios.

- Hey! Seu safado! - dei um leve soco no ombro dele.

Sem dizer mais nada, ele apenas riu e foi se dirigindo para a entrada do cinema. Eu o segui logo atrás, tentando acompanhar seu ritmo acelerado.

Quando já estávamos dentro do cinema, percebi que a sessão estava bem vazia. Geralmente o cinema era um local bem movimentado, mas felizmente hoje ele estava vazio. Jonatan escolheu a última fileira, bem afastado de todos, e naquele momento eu senti que suas intenções não eram ver o filme.

Na entrada, tínhamos pegados os óculos 3D, mas eu sabia que não íamos usá-los. Quando nos sentamos, mal me deu tempo de acomodar na cadeira e já senti a mão de Jonatan procurando pela minha. Quando ele achou, ficamos com as mãos juntas envolvidos em um caloroso aperto. Seus dedos estavam entrelaçados com os meus, e isso me dava uma boa sensação.

Durante algum tempo, ficamos assim, sem coragem de tomar a iniciativa. Eu não tinha ideia do que devo fazer nesses momentos, então eu esperei por algum sinal do Jonatan. Enquanto isso, na grande tela a nossa frente, estava passando o trailer de algum filme que eu desconhecia qual era.

Após as luzes terem se apagado, indicando o começo do filme, eu decidi que era a hora de fazer alguma coisa. Como se por ironia do destino, Jonatan teve a mesma ideia na hora. Nós, quase que instantaneamente, olhamos um para o outro.

Mesmo estando escuro, eu conseguia ver o brilho de seus olhos. Lentamente, ele colocou a mão na minha bochecha, e foi se aproximando de mim. Cada vez mais seus lábios estavam mais próximos ao meu, e eu conseguia sentir seu hálito.

Em questão de segundos, nossos lábios estavam se encostando. Nos envolvemos em um apaixonado beijo. Começando bem timidamente, mas logo aumentando e virando um feroz e faminto beijo, cheio de luxúria.

Ele agarrou em meu cabelo, na parte da nuca, e pressionou ainda mais nosso beijo. As poucas pessoas que estavam ali, nem estavam prestando atenção na gente. De fundo, eu conseguia ouvir o filme rolando, ocasionalmente conseguindo distinguir alguma palavra sendo dita.

Quando nos separamos, estávamos ofegantes. Meu cabelo estava todo desgrenhado, assim como o dele, pois eu também tinha colocado minha mão na sua nuca.

- Estraguei seu cabelo. Estava tão lindo. - brinquei.

- Então agora está feio, é isso? - ele perguntou, fingindo estar triste.

- Com certeza. Você está horrível agora. - disse, tentando conter uma risada.

- Devo admitir que você está parecendo uma mendiga com esse cabelo todo bagunçado.

Levantei as sobrancelhas para ele, fingindo estar nervosa. Ele não conseguiu se conter, e um largo sorriso tomou conta de seus lábios. Tentei ficar séria, e manter a minha cara de nervosa, mas não consegui.

- Se alguém observar a gente de longe, vai achar que realmente nos odiamos. - comentei.

- Ou eu te odeio, ou gosto muito de você. Não sei ainda. - ele brincou.

Nesse momento, uma dúvida surgiu na minha cabeça. E antes que eu conseguisse me conter, perguntei:

- Oque você sente por mim? - perguntei, realmente curiosa. 

- Mas que pergunta sem sentido. Eu já disse que te amo, oras. - ele respondeu, um pouco confuso.

No mesmo instante, um sorriso invadiu meus lábios. Envolvi ele em um forte abraço, sentindo o cheiro tão viciante de seus cabelos. Até agora eu não sabia que eles eram tão cheirosos.

Cheguei meus lábios bem perto de seu ouvido, e sussurrei calmamente:

- Eu sei que você me ama. Só queria ouvir você falar isso de novo.

- Bem.. Então me diga, oque você sente sobre mim? - ele perguntou.

- Nah, você é só um passatempo. Nem gosto de você de verdade. - brinquei.

- Com isso não se brinca, Deuses.. Você até me provocou uma dor aguda no coração.

- Desculpa, as vezes eu exagero nas brincadeiras. Mas você sabe que eu também te amo, não sabe? - perguntei.

- É claro que eu sei. Sou irresistível. - e então, ele deu uma gargalhada, acompanhado por mim.

- Dá pra vocês calarem a boca? Tem pessoas tentando ver o filme aqui! - uma voz vindo da fileira de baixo gritou. Era um homem gorducho e barbudo, segurando um saco de pipoca na mão.

E isso só fez nossa risada ficar ainda mais alta.



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