****************

79 21 16
                                    

Era quase fim de tarde, Angel sentiu vontade de ir ao cemitério, certamente encontraria Lunna e contaria todas as novidades. Fez todo o percurso até finalmente chegar, dessa vez ela se lembrou de levar as rosas. Teve uma enorme surpresa ao ver Luísa.

- O que está fazendo por aqui?

- Senti vontade de vir... Trouxe flores e coloquei em cada túmulo, e em especial ao do avô de Lunna, é uma maneira de pedir desculpas.

Angel sorriu.

- Por falar em Lunna, ela já apareceu? Ela vai ter que vir. Justo hoje que trouxe as flores que tanto prometi...

- Angel sobre aquele dia que você me beijou... – Luisa falou com um sorriso amarelo.

- Não se preocupa, não sou lésbica. – Angel disse sorrindo. – Te tenho como uma irmã, só estava sob efeito da erva. – Ela gargalhou, e Luisa aliviada sorriu.

O portão fez um enorme barulho indicava que vinha alguém provavelmente a garotinha.

Porém não era. Uma senhora trazia flores entrava apressadamente. Foi em direção as garotas.

- Boa tarde Senhora... – As meninas a cumprimentaram, ela sorriu de volta. – Você conhece Lunna?

- A netinha desse senhor? – As meninas confirmaram e ela continuou a sorrir docemente. – Claro que conheço... Vem quase todas as tardes deixar flores, mas é inútil sempre as furtam.

- Ela vem hoje? – Alicia perguntou.

- Sim... Na verdade ela mora aqui. Lunna era neta desse velhinho, a pobrezinha morreu em um incêndio em sua própria residência, seu avô que estava preso acusado por algo que tenho certeza que não cometeu, não aguentou a notícia e morreu. As aparências enganam. Não se deixem se levarem por elas. – As meninas a olhavam espantadas e pálidas. A mulher retirou a sujeira que impedia de ver uma das fotos no túmulo ao lado, como não haviam percebido? - Ela aparece para muitos, eu mesma já a vi várias vezes. As rosas furtadas na verdade é ilusão de quem ver.

A senhora despediu-se. "Só quem viu a morte de perto ou acredita de verdade na existência de anjos, podem os ver.". Luísa lembrou das palavras ditas por lunna.

"- Você me assustou de novo... fantasminha. O que está fazendo aqui sozinha? – Perguntei.

- Não estou sozinha, estou com os anjos... Não está vendo eles?

- Anjos? Então eles existem mesmo...? – Olhei para todos os lados, porém não vi anjos nenhum. – Você é uma mentirosa, sua mãe nunca te ensinou que é feio mentir?

- Não estou mentindo... Mas para ver anjos é preciso estar morta, você está Angel?

- Eles têm asas? Sempre quis saber isso... – Perguntei com ar de tristeza.

- Você é aquilo que você quer ser, assim como você acredita naquilo que quer. Estou com frio. Você sabe por que aqui é tão escuro e frio?

- Não sei, e você já me fez essa pergunta... – então a olhei, diferente da última vez que a vi, estava com um vestido feio e sujo, cabelos embaraçados, pelo vento, parecia que ia congelar de frio, então a ofereci meu casaco, mas ela recusou. – Você está morta?

- Você é sensitiva? Se é... Sim eu estou, parabéns pelo seu dom... Você tem medo desse lugar?

- Tenho sim. Vamos sair daqui, ele é frio e escuro."

Alicia lembrou-se de "O livro de Angel". De alguma forma os destinos haviam se cruzado. Elas conseguiam ver anjos, pois eram os próprios.

As meninas retornaram para casa, Lunna não havia aparecido naquela tarde, talvez porque as garotas tivessem descoberto que ela não fazia mais parte da terra.

O sol se pôs. As primeiras estrelas já podiam ser vistas, Alicia procurava sua mãe em todos os cantos da casa, porém ela não estava. Um recado em um ímã na geladeira dizia: "Estamos na casa ao lado."

Foi então a casa de Luísa, todos estavam lá reunidos.

- Angel, Angel. – Isabella corria eufórica de alegria, se jogando em seus braços. – Seus pais irão casar.

- Filha... Não era para você falar, isso é apenas entre eles. –Disse Pedro.

- Isso é verdade mamãe?

Melissa confirmou temendo a atitude da filha, porém para sua surpresa, a garota não cansava de surpreender e aceitou a união dos pais. Estavam todos no jardim, deitados sobre a grama verdinha, perto das rosas brancas que pareciam ainda estarem acordadas. Eduardo e Pedro já se conheciam, eram grandes amigos. Não se viam muito tempo, porém era o tipo de amizade que resistia a distância.

- Silêncio... Olhem. – Alicia chamou atenção de todos. – Angel em seu livro, apreciava olhar o céu estrelado. Ela me ensinou acreditar em anjos. – Uma enorme bola laranja surgia no horizonte, iluminando todo o jardim, tão nítida que poderia ser tocada, mágico. Melissa podia ver por trás dela, sua mãe passeando alegremente com alado, as águas furiosas refrescando as pedras. O castelo continuava esplêndido, os campos floridos, lobos uivando. Indicava "Estamos bem, volte quando quiser." Ela era dona de dois mundos e tinha domínio sobre eles. "O livro de Angel", não era apenas uma fuga, foi aprendizado, que passou de geração. Isabella sussurrou algo para Alicia e Luísa, elas viram, um velho segurava na mão de duas garotinhas, pareciam muito felizes. Os três acenaram alegremente para as meninas, pareciam agradecer. O velho jardineiro sem culpa, Lunna e Íris, agora todos libertos. Desapareciam sobre a grande lua iluminada. As meninas sorriam. – Há anjos passando sob o nascer da lua cheia.

                                                              *** *** ***





Ao nascer da lua cheia (O Livro de Angel 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora