Capítulo 6

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"We're always talking out of our asses,

 things like 'We all gonna make it.'"


Abro os olhos e noto que ainda é de madrugada, nota-se que estão todos a dormir pelo silêncio. Sei que não vou conseguir voltar a adormecer por isso tento fazer o minimo barulho possivel, pego numa lanterna e vou até lá fora, ao pátio.

Passo junto ás grades onde se encontram pouco mais de três walkers, estes seguem os meus passos enquanto eu tento encontrar um lugar suficientemente confortável para tentar compreender os meus pensamentos. Os zombies continuam a gemer de forma constante, e mesmo estando habituada a isto tudo, este som ainda me dá arrepios.

Decido sentar-me de frente para o nascer do sol. Já se vê um pouco de luz proveniente do horizonte, mas não a suficiente para iluminar a noite.

A noite está estranhamente silenciosa - apesar dos grunhidos dos walkers. O céu está sem nuvens, o que dá visão para as imensas estrelas presentes no céu. Reparo numa estrela ligeiramente mais brilhante que as outras e sorrio. A minha mãe costumava dizer que a estrela mais brilhante é o nosso anjo da guarda, eu não sei se ela realmente acreditava nisso, mas eu gosto de pensar que sim.

Sinto um tecido a envolver as minhas costas e mexo-me rapidamente devido ao susto.

"O que estás aqui a fazer?" a voz baixa de Carl é ouvida.

"Credo criatura! Queres-me matar de susto?" resmungo, pondo a mão no peito para tentar controlar a minha respiração.

"Ficava contente se só morresses, não era preciso ser de susto." ele sorri cinicamente e eu abano a cabeça.

"Não conseguia dormir, por isso é que vim para aqui:" encolho os ombros, puxando a manta que o rapaz de olhos azuis me deu mais para cima. "E tu?" falo igualmente baixo.

"Também." ele diz, sentando-se ao meu lado, mas um pouco afastado.

Ficamos uns minutos em silêncio. Carl olha para as estrelas, como eu ao bocado, enquanto eu encaro o horizonte.

"Achas que existe mais alguma coisa para além daquilo?" ele quebra o silêncio.

"Aquilo o quê?" ele aponta para onde o meu olhar estava focado -o horizonte. "Ah, não sei. Talvez... só não acho que o fim seja este."

"Como assim?" ele move-se, chegando-se mais para a minha beira.

"Não acredito que o mundo possa acabar desta maneira. Deve haver mais alguma coisa para lá do horizonte. Não acho que seja possível isto terminar desta forma, com estas criaturas a dominar o mundo..." tento explicar-me, mas é difícil.

O rapaz assente, mas tenho quase a certeza que ele não entendeu completamente a minha frase.

"Sabes... as minhas conversas preferidas são sempre durante a madrugada." deito-me de barriga para cima na relva e Carl faz o mesmo.

"Porque?"

"Não sei bem... acho que é porque dizemos coisas sem sentido mas que ao mesmo tempo têm nexo." rio abafadamente.

"Eu entendo-te. Também gosto de conversas durante a madrugada, têm é de ser com a pessoa certa."

Senti a indireta Grimes, senti a indireta!

"Acho engraçado dizermos cenas do género 'nós todos vamos conseguir superar isto e sobreviver.' quando na verdade, nem temos salvação..." desabafo e Carl fica calado até me fazer uma pergunta.

• The Reason • ➳ cr/cgOnde histórias criam vida. Descubra agora