Capítulo 7

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"You have to be strong. 

You have a family here, ok?"

A manhã passa devagar. Ajudo Hershel com a horta, almoço juntamente com Sasha e Logan, que não disse uma palavra durante o almoço, e sou avisada por Maggie que o Tyreese também foi com os outros procurar mantimentos já que, nem Carl, nem Rick, nem Michonne, nem Beth, nem Carol me deixaram ir. Tomo um banho gelado apesar de não estar um dia muito quente e visto umas roupas lavadas, decidindo ir procurar a Beth.

Quando a encontro, ela está na cela de Rick, a tentar acalmar a Judith. Rick também está na cela a ajudar a loira e quando o vejo, dou meia volta para não incomodar mas a loira nota a minha presença e manda-me entrar.

"Se estiver a incomodar, eu venho noutra altura."  Eu digo-lhes.

"Não, podes ficar!"  o pai de Carl diz. "Eu já estava de saída."

"Ok, tem um bom dia."

Ele apenas sorri e sai da cela.

Tem um bom dia?! Cada vez digo coisas mais ridículas.

"Não precisas de ficar nervosa perto do Rick." Beth solta uma risada, enquanto balança Judith no seu colo.

"Força do hábito..." respondo.

"Ele é boa pessoa. Vais-te habituar a ele."

Assinto com a cabeça e aproximo-me dela, faço uma festinha na cabeça de Judith e sorrio quando ela olha para mim. A expressão da bebé não é a mesma sorridente e bem disposta do costume, parece triste ou séria.

"O que é que ela tem?" pergunto a Beth.

"Está com cólicas mas já está a tomar uns medicamentos..."

"Sempre tiveste este jeito para cuidar de crianças?" questiono, continuando a acariciar Judith.

"Mais ou menos, mas foi uma coisa que era necessária sabes..." ela suspira. "A mãe dela tinha acabado de morrer, éramos um grupo pequeno e estávamos sobre ameaça, então esta foi a única maneira de fazer algo útil aqui." Beth diz, naturalmente.

Reparo que várias pulseiras se encontram no seu pulso, ela está sempre a usar estas pulseiras. A loira percebe onde o meu olhar está focado e mexe os braços inquieta. Envergonhada, desvio o meu olhar e tento focar-me noutra coisa, até que alguém entra na cela.

Carl.

Ele parece realmente irritado pela maneira como anda e pela sua expressão facial. Quando me vê, a sua expressão suaviza um pouco, mas continua séria. Ele pega em algo que estava na cama e sai depressa da cela, acenando desajeitadamente para mim e para Beth.

Esta senta-se na cama e chama-me para a sua beira. Sento-me ao seu lado e observo Judith que já parece mais calma.

"Ele anda sempre assim tão irritado?" pergunto-lhe, assim que Carl sai da cela.

"Ele é revoltado, Kayla. Tenta não irrita-lo."  Ela avisa-me. "Mas não é má pessoa, ele é assim por causa das coisas do passado, então precisas de ter paciência com ele." ela dá um meio sorriso. " Ele passou por coisas que nenhum adolescente devia ser obrigado a passar e o Carl tem muita raiva reprimida, não lhe dês um motivo para ele descarregar essa raiva toda em ti."  Ela sorri-me como incentivo. "Posso fazer-te uma pergunta?"

"Claro."  Respondo, ajeitando-me na cama.

"Tu sabes onde estão os teus pais?"

A pergunta apanha-me desprevenida e sinto um aperto e uma apreensão no meu peito. Os meus olhos começam a arder e engulo em seco, tentando eliminar o nó que se formou na minha garganta.

"Não." A minha voz quebra. "A minha mãe morreu antes disto tudo, de cancro, mas o meu pai foi apanhado por um dos walkers."

Ela respira fundo e aperta a minha mão, o toque da sua mão pequena envolvendo a minha é surpreendentemente reconfortante.

"Precisas de ser forte. Tu tens uma família aqui, está bem?"

De certa forma, as suas palavras aquecem o meu coração e acalma-me.

[...]

Depois da conversa com Beth, decidi ir até ao pátio já que ninguém precisava de mim para nenhuma tarefa especifica. O sol está a pôr-se e, não sabendo bem o porquê, isso dá-me um bocadinho de esperança. Eu sei que posso confiar neste grupo, e sei que eles estarão aqui para tudo o que acontecer, seja bom ou mau.

No entanto, ainda não os consigo ver como substitutos da minha família, muito menos substitutos da minha mãe.

Sinto lágrimas quentes a deslizarem pelas minhas bochechas mas, em vez de as limpar, deixo-as deslizar. Ás vezes faz bem chorar, libertar toda a nossa tristeza, embora eu saiba que a tristeza não foi embora com as lágrimas, ela voltará amanhã.

Quando a ultima lágrima cai na minha bochecha, lembro-me de Dylan. Só espero que ele esteja bem e que o resto do grupo também. Em vez de tristeza, o meu corpo é apoderado por uma preocupação imensa.

Sinto uma mão tocar no meu ombro, é um toque forte e reconfortante. Quando me viro, encontro Carl, este está com o habitual olhar neutro por detrás dos seus olhos extremamente azuis.

"Está tudo bem?"  ele pergunta, ajeitando o seu cabelo castanho e, quando consigo ver o seu rosto, vejo que ele está realmente preocupado comigo. Abano a cabeça de forma negativa, estou demasiado triste para fazer algum comentário rude. "Anda, está demasiado frio aqui."  Ele estende a mão para me ajudar a levantar.

E de alguma forma, ele está preocupado comigo. Ele nem sabe o porquê de eu estar a chorar ou de estar tão abalada, mesmo depois de eu lhe roubar o pudim e de andar a irrita-lo com os bilhetinhos, ele está preocupado comigo. E isso faz-me sentir mal comigo própria.

Ele acompanha-me até á minha cela, onde eu sento-me na cama e tiro os meus sapatos.

"Vou buscar alguma coisa para comeres."  Ele diz, saindo da cela, mas vira-se para mim no ultimo minuto. "Ficas bem?"

"Sim." A minha voz sai fraca de ter chorado.

O rapaz acena e deixa a cela, aparecendo uns minutos depois.

"Não sei se gostas disto, mas se não gostares, eu posso ir buscar outra coisa."  Carl fala, estendendo-me uma tigela.

Vejo o conteúdo da tigela, é sopa. Junto com a tigela, ele entrega-me também um pedaço de pão e uma caneca.

"É sumo de maça."  Ele informa, sentando-se na cadeira em frente á minha cama.

Eu agradeço brevemente e esforço-me para comer a comida toda, não tenho apetite, mas acho que devo comer como agradecimento a Carl. Foi simpático da sua parte ter-me dado comida e ter-se preocupado comigo. O que me incomoda é ele estar á minha frente, observando-me a comer.

"Porque é que estás a ser simpático comigo?"  eu pergunto terminando de beber o sumo. "És bipolar ou algo assim?"

Ele suspira e esfrega as duas mãos.

"Apenas não quero que morras de fome. Já perdemos muitas pessoas."  Ele encara-me. "E ainda quero o meu pudim."

Reviro os olhos. Apesar de ele não me ter dado a resposta que eu queria, não deixo de achar que foi querido da sua parte.

"Mesmo assim, obrigada."  Eu digo, sinceramente, e encolho os ombros.

"Agora come!" ele ordena, sério e eu volto a revirar os olhos.

"Sim, papá." gozo, mas depressa me arrependo quando noto como soou. "Espera, não era desta forma que eu queria dizer." arregalo os olhos e o rapaz de olhos azuis abana a cabeça em divertimento, sorrindo. (Daddy = GET IT?!)

Depois, ele levanta-se e pega na tigela e na caneca, já vazias, e sai da cela sem voltar mais. Eu já imaginava que, mais cedo ou mais tarde, esta gentileza toda do Grimes iria acabar...

• The Reason • ➳ cr/cgOnde histórias criam vida. Descubra agora