Depois de jantarmos e de convivermos um pouco no refeitório, toda a gente começa a dispersar para as suas celas mas Beth vem comigo para a minha, para que pudéssemos conversar um pouco mais. Não estou com muito sono e muito menos cansada, sinto-me demasiado revitalizada até.
Mas assim que entramos na cela, eu noto um papel dobrado em cima da minha almofada. Beth e eu entreolhamo-nos antes de eu abrir a carta e reparar na letra gatafunhada que está presente na mesma.
E nesta altura, sei perfeitamente quem escreveu isto...
Carl.
'Kayla, podes vir ter comigo á torre de controlo quando leres isto?
Carl. '
Quando acabo de ler a carta, Beth está ao meu lado a sorrir de orelha a orelha. Quando repara que a estava a observar, desvia o olhar e senta-se na cama, ainda sem tirar o sorriso da cara. Então eu guardo a carta no bolso das calças e sento-me na cama, olhando para a parede á minha frente.
"O que fazes aqui ainda?" Beth pergunta, indignada.
Ergo a minha sobrancelha e ela abre a boca de espanto. "O que foi?"
"Não vais ter com ele?" ela pergunta.
"Devia?" questiono de volta.
"Sim..." ela responde como se fosse óbvio. "Se ele te chamou, é porque é importante."
"Não sei..." torço o nariz. "Acabamos sempre por discutir..."
"Mas vocês agora não estão mais amigos?" ela pergunta e eu assinto.
Fico sempre hesitante quando o assunto é sobre Carl, pois tanto podemos ter uma conversa civilizada, como podemos discutir pela coisa mais parva de sempre. Ele é confuso e não sei como ei de agir perto dele, como ele próprio disse, Carl é uma granada e já explodiu mais do que uma vez em cima de mim. Mas ele prometeu que iria fazer um esforço para termos uma amizade saudável, então eu devo acreditar.
"Não esperes por mim." suspiro e levanto-me, saindo da cela.
Prendo o meu cabelo num puxo desajeitado e ligo a lanterna para iluminar o caminho. A noite está silenciosa, como sempre, apenas os walkers nas cercas é que estragam o silêncio noturno. Vejo uma pequena luz que provêm da torre do controlo, provavelmente é o Carl.
Subo as escadas até chegar ao topo, onde encontro Carl sentado no colchão que está no chão. Inicialmente era para a Maggie e o Glenn, mas eu e o Carl invadimos a propriedade deles.
"Vieste..." ele ajeita-se no colchão, para eu ter espaço para me sentar.
"Sim, vi o teu bilhete." falo. "Porque me querias aqui? Passa-se algo?" sento-me ao seu lado.
Ele suspira bastante alto e encosta a cabeça á parede. Ele não tem o chapéu na cabeça, por isso posso ver os seus olhos. Os mesmos estão a brilhar, ou talvez seja apenas o reflexo da luz da lanterna.
"Pensei em escrever-te uma carta porque, como já reparaste, não sou muito bom com palavras. Mas depois desisti disso e pensei que ias dar muito mais valor se eu falasse pessoalmente." ele começa. "É difícil para mim comunicar e tu não gostas de conversas curtas e sem contexto. És curiosa, e ás vezes és um pouco irritante, mas faz parte da tua personalidade e eu tenho de aceitar isso para termos uma amizade pacífica." ele olha para mim. "Assim como tu vais ter de me aceitar como sou, mas eu estou a tentar mudar alguns dos meus comportamentos, tu fizeste-me ver que algumas das minhas ações estão a afastar as pessoas de quem eu gosto e não é isso que eu quero."
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• The Reason • ➳ cr/cg
TerrorDepois do começo do Apocalipse, o mundo ficou um caos. Pessoas morrem e tornam-se zombies, zombies matam pessoas, que morrem e, por si só, transformam-se em mais zombies. Um ciclo vicioso bem assustador onde só pelo facto de respirares, podes estar...