Capítulo 11

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"We are screwed!"

Ao fim do dia, tomo banho e sinto os meus músculos relaxarem com a água morna. Ultimamente tenho andado sempre tensa e não tinha reparado até este momentos, em que me sinto limpa, fresca e relaxada. O cheiro a baunilha apodera-se do meu corpo e cabelo e eu visto as mesmas calças de ganga rasgadas e uma blusa de manga de três-quartos. Desço para o pátio e vejo toda a gente a voltar para dentro, já está a escurecer e o silêncio apodera-se daquele espaço. Aproveito que estou sozinha e vou até um espaço resguardado e sento-me na relva. Pego na minha faca e começo a fazer buracos na terra, só para me distrair.

Uma brisa quente passa por mim e eu inspiro o cheiro do Verão que se aproxima. Devemos estar em inícios ou meados de Junho. Ouço passos a vir na minha direção e quando ergo o meu olhar, percebo que é o rapaz de olhos azuis.

"Hey, idiota." digo, baixo, sorrindo.

"O que estás a fazer aqui sozinha?" ele pergunta, depois de revirar os olhos, sentando-se ao meu lado, com um pacote de batatas fritas na mão.

"Nada na verdade, por isso é que estou aqui." encolho os ombros e continuo a fazer o que estava a fazer antes. "Dá-me uma." aponto para o pacote.

"Não." ele simplesmente responde e eu semicerro os meus olhos verdes para ele.

"Que a vida te dê o dobro de tudo o que me deste!"

"Qual é o dobro de nada?" ele ergue uma sobrancelha, com um sorriso malicioso nos lábios.

"Vários nada..." encolho os ombros, gargalhando.

Noto que Carl se encontra com os seus cabelos molhados e despenteados, provavelmente de ter tomado banho e estes caem por cima dos seus olhos. Num ato instintivo, elevo a minha mão até ao seu rosto, mas não chego a tocar-lhe, apenas retiro os cabelos dos seus olhos. Ele fica um pouco atrapalhado e envergonhado devido á minha ação, mas parece não se importar muito.

"A tua faca é bonita." diz ele, tentando puxar um assunto de conversa. "Posso vê-la?"

"Eu pensei que a curiosa aqui fosse eu." gozo e Carl revira os olhos. Estendo-lhe a faca e ele examina-a atentamente. "Era da minha mãe. Ela deu-me antes de... Tu sabes...." encolho os ombros.

"Como é que ela era?" a pergunta dele apanha-me desprevenida, não só pelo facto de ele ser a primeira pessoa a perguntar-me isto, mas também por ele parecer genuinamente interessado.

"Ela era compreensiva e divertida. Podia falar com ela sobre tudo, mas ás vezes era um pouco teimosa e irritava-se com facilidade." sinto as lágrimas a ameaçar sair e respiro fundo. "E cantava bem, tinha uma voz linda e dava-me bastantes lições de moral." sorrio ao relembrar-me dela. "E a tua?"

"Bem, na verdade, ela não era muito compreensiva." ele suspira alto. "Exigia muito de mim e do meu pai e parecia que tudo o que nós fazíamos estava errado. No entanto, era bastante carinhosa e dizia sempre que me amava e que fazia tudo para o meu bem. E só mais tarde é que percebi que essa era a forma de ela me amar e proteger." ele sorri para o chão e o seu olhar fixa-se na minha faca. "Pena que só entendi tarde demais."

As palavras dele espantam-me. Aos poucos, começo a perceber quem realmente é o moreno, Carl é apenas mais um rapaz amargurado devido a experiências más do passado. E é bom que ele liberte essa amargura aos poucos e fale comigo de livre e espontânea vontade, só que ele ainda não percebeu o quanto eu posso ser compreensiva.

"Meninos." Maggie chama-nos e eu desvio o meu olhar do Carl para ela. "O Rick chamou-vos."

Eu e o rapaz de olhos azuis levantamo-nos ao mesmo tempo e dirigimo-nos para dentro. O pai dele encontra-se a mexer numas armas, juntamente com Daryl.

• The Reason • ➳ cr/cgOnde histórias criam vida. Descubra agora