Capitulo 24

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"And I realised that, no matter
how hard painful or hopeless
my day may seem...

I'm never alone!"


Os meus olhos abriram-se com dificuldade devido à luz do dia. Senti um peso encostado a mim e vi Dylan a dormir, um pequeno sorriso apoderou-se de imediato da minha cara ao ver que a pequena criatura veio ter comigo durante a madrugada. Olhei para o relógio pendurado à porta da enfermaria. As horas pareciam não passar, eram quase nove da manhã e eu estava sentada ali nas escadas, depois de apenas três horas de sono. Não entendia a razão de não me deixarem ir ver o Carl, se ele já está consciente... O meu pé batia freneticamente no chão, usando esse movimento como forma para manter a minha ansiedade controlada. Já não conseguia chorar (acho que as lágrimas tinham secado), então estava ali, com o Dylan adormecido, a sentir o meu coração a despedaçar-se em mil pedaços.

Ouvi a porta a abrir e logo virei a minha cabeça; era Beth. Ela deu-me um sorriso confortante, pensando que isso iria aliviar a minha preocupação, mas não o fez. A loira sentou-se à minha beira e pousou a cabeça no meu ombro, respirando fundo. Os seus olhos e nariz estavam vermelhos, o que indicava que ela também tinha estado a chorar.

"Não me sinto eu mesma." desabafei, voltando a sentir as lágrimas a invadir os meus olhos. "Só quero desistir e tornar-me outra pessoa..."

"Tu importas-te mesmo com ele, não é?" eu acenei afirmativamente com a cabeça. "Então vou-te dizer uma coisa, Kayla. As pessoas com quem te importas, elas fizeram de ti a pessoa que és. Elas fazem parte de ti. Se deixares de ser quem és, esse ultimo pedaço ou essência delas que anda por aí algures..." ela apontou para o meu coração. "Quem tu és... deixa de existir. Por isso tens de te manter forte, por ti e pelo Carl. As coisas vão mudar!"

O discurso de Beth só me fez chorar mais e lembrar-me da minha família. Aquele pedaço que eu tinha deles em mim, estava apenas adormecido, ao contrário do que eu pensava. E depois voltei a pensar em toda a gente naquela prisão, que agora são a minha família e no Carl. Beth tinha razão... As coisas iriam mudar de certeza, provavelmente Carl voltaria a ficar agressivo por consequência do que aconteceu.

"Portanto, promete-me que entras ali de cabeça erguida." eu juntei as minhas sobrancelhas com a resposta da loira.

O meu coração parou e eu arregalei os olhos. 

"Ele está bem?" perguntei, entre soluços.

"Com algumas dores, mas sobreviveu." Beth respondeu.

Levantei-me num ápice, tendo cuidado com Dylan e corri pelas escadas, abrindo a porta com brutalidade e respirando fundo, enquanto mais lágrimas caíam. E depois vi Carl... Ele estava acordado, com uma ligadura à volta do seu olho e sentado na cama, a falar com Rick. 

E mesmo assim, ele não deixava de ser tão atraente como sempre foi. O seu cabelo estava sujo de sangue seco, mas mesmo assim não estava completamente desgrenhado.

Voltei a soluçar devido ás lágrimas quentes que escorriam pelas minhas bochechas. Os meus soluços chamaram a atenção de Carl e ele virou o seu olhar para mim e deu um meio sorriso.

Corri para ele, abraçando-o e sentindo todos aqueles pedaços partidos do meu coração a juntar-se outra vez. 

"Carl..." disse, chorando.

"Eu estou bem!" ele afirmou instantaneamente, só para me deixar segura, com a  voz rouca e hesitante quanto ao facto de me abraçar ou não. "Ouvi dizer que estiveste a noite toda lá fora."

"Não me deixavam entrar."

"Porque estavas muito nervosa." Rick intrometeu-se.

Assenti, concordando com o pai de Carl e limpando a minha cara com as mãos.

Rick fez-me uma festa na cabeça e saiu da nossa beira, indo falar com Hershel.

Carl olhou para mim e pegou-me na mão direita, suspirando. Já podia sentir que ele iria ter um longo período de recuperação.

"E agora vais ficar bem?" questionei, a medo.

"Em principio... só preciso de manter a ligadura limpa e tomar os analgésicos. Foi por sorte que a bala não perfurou o cérebro, segundo o Hershel."

Suspirei tão alto que até o meu peito ficou a doer. "Eu senti-me tão perdida, sem saber para onde me virar... e tão confusa."

"Mas tu estás aqui, não estás? Tu voltaste a conseguir."

"Só porque estás bem!" respondi. "E tu não podes fazer isso. Entrares na vida de uma pessoa, fazê-la importar-se contigo e depois saltar fora." ri, com os olhos embaciados, batendo-lhe no braço.

"A questão é que eu nunca saltei fora." ele até pareceu indignado. "Nem vou saltar!"

(...)

Sentei-me numa das mesas do refeitório e dei um gole no chá verde que tinha acabado de fazer. Estavam praticamente todos reunidos ali, conversando alegremente, ás vezes perguntavam-me a minha opinião e eu respondia, tentando integrar-me na conversa.

Carl andava por aí, ninguem sabia bem onde. Não queria roubar-lhe o seu espaço pessoal e estar com ele 24 horas por dia, para além disso, ele devia estar a precisar de algum tempo sozinho para organizar a sua própria mente.

"Posso-me sentar?" Olhei para cima e vi Glenn. Sorri-lhe e assenti. "Como tens estado?"

Respirei fundo. Eu e Glenn não temos interagido praticamente nada e isso era uma sensação estranha. Sei que têm acontecido bastantes coisas que também não contribuem para isso, mas o facto de ele finalmente ter vindo falar comigo deixou-me um pouco emocionada.

"Bem..." encolhi os ombros.

"Eu vi-te a dormir perto da enfermaria esta noite." ele admitiu. "Foi por causa do que aconteceu com o Carl?"

Assenti. Não queria responder com palavras, sentia que ia começar a chorar se o fizesse e já me doía suficientemente a cabeça de todas as lágrimas que derramei nas ultimas vinte e quatro horas. Sabia que ele queria fazer alguma pergunta relacionada comigo e com o Carl, mas Glenn parou-se a si próprio. Isso foi um alivio, eu não iria saber o que responder, fosse qual fosse a pergunta.

Em vez de falar, Glenn simplesmente puxou-me para um abraço. Os seus braços enrolaram o meu pequeno corpo enquanto a mão dele fazia carícias no meu cabelo. Foi tudo tão repentino que nem tive tempo de retribuir o abraço em condições.

"Honestamente, não entendo como te mantens tão forte." ele disse, deixando-me perplexa. "Não tens um minuto de descanso, todos os dias acontece algo novo e chocante e mesmo assim, tu consegues lidar com a situação, apesar de seres apenas uma adolescente."

Lágrimas começaram a cair involuntariamente pela minha cara. Tinham sido dois dias demasiado stressantes e acho que não estava a conseguir controlar as minhas emoções.

"Ás vezes não consigo lidar. A maior parte das vezes, não consigo." contrapus, ainda abraçada ao coreano. "Passo os dias a chorar e a ter esgotamentos. Acho que isso não é bem a definição de ser forte."

"Num mundo como este, acordares todos os dias com um sorriso na cara é ser forte." ele apertou-me mais contra ele.

Varias pessoas que entraram no bloco, viram o nosso abraço e quiseram juntar-se. Primeiro veio Rick, depois Daryl, Dylan,  Amber, Michonne, Carol, Sasha, Maggie, Beth, Tyressee.

E eu espreitei por entre aquele apertado e numeroso abraço, para observar todas as pessoas que estavam ali... E se importavam. E percebi que, não importa o quão difícil, doloroso ou sem esperança o meu dia pareça ser, eu não estou sozinha!

• The Reason • ➳ cr/cgOnde histórias criam vida. Descubra agora