Capítulo 3 - He's dead!

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[...]

Acordei com aquela bendita campainha tocando novamente. Me levantei e me troquei rapidamente. Fui ao banheiro escovar os dentes e prender o cabelo.

- Bom dia Kim. – Savannah estava prendendo o cabelo.

- Bom dia Sav. – fui rapidamente até ela e lhe dei um beijo na bochecha.

- Vamos descer? Só faltam nós duas.

- Como sempre né. – rimos.

- Mas é sério, vamos. – ela puxou meu braço e descemos para tomar café.

- Ei, onde você vai? – eu disse vendo que ela não estava indo ao refeitório e sim ao salão de festas.

- Venha logo menina. – corri até ela que estava prestes a abrir a porta.

- O que você vai fazer ai... – me calei assim que ela abriu a porta.

- PARABÉNS PRA VOCÊ, NESSA DATA QUERIDA, MUITAS FELICIDADES, MUITOS ANOS DE VIDA! – estavam todos lá, todo mundo. Mas como assim.. Meu .. Meu aniversário? Que dia é hoje?

- Ai meu Deus. – eu disse com a mão na boca, e eles vieram me abraçar.

- Parabéns Kim, 17 aninhos de pura beleza né. – Joe veio falar comigo.

- Obrigada Joe, e sabe como é né, o tempo passa, as coisas mudam, e aqui estou eu – ri.

- Verdade, quem ia imaginar que aquela gordinha que chegou aqui 4 anos atras ia se tornar essa gosto.. Linda que você se tornou? – eu ri novamente. Era verdade, ninguém imaginaria que eu ia emagrecer e ficar bonita. Falando sério, o tempo foi MUITO generoso comigo.

Depois de comermos bolo e de nos divertimos bastante, Anne chegou até mim.

- Kim, tem visita pra você – ela sorriu.

- Que? Visita? Pra mim? Quem é Anne? É meu irmão? Ele me achou? O Connor está aqui? – eu disse eufórica.

- Calma Kimberly, e não, infelizmente não é seu irmão, é uma tia sua e ela te espera lá na minha sala – ela sorriu pra mim - Vai lá.

Meio confusa e sem vontade, eu andei até a sala dela, encontrando tia Hanna sentada no sofázinho. Velha idiota.

- Oi?

- Olá, eu sou tia da Kimberly Marshall, pode chama-la por favor?

- Sou eu, Kimberly.

- Kim? – ela arregalou os olhos. - Não pode ser.

- Por que não pode ser? Porque da ultima vez que você me viu eu estava gorda? Por que eu era baixinha e feia? É, pois é, mas sou eu, e sim, eu emagreci, fiquei bonita. – disse um pouco rude.

- Meu Deus, você está linda demais – ri sem humor. Falsa.

- O que quer aqui?

- Vim falar com você oras, estou sentindo sua falta – ela sorriu.

- MENTIROSA, sentido minha falta? Acha que eu sou idiota por acaso? Sentindo minha falta? Sua velha mentirosa, demorou 4 anos pra 'sentir minha falta'? Ridícula.

- Desafiadora e confiante como sempre, você não muda mesmo né?

- Eu quero saber por que você veio aqui!? – eu disse brava.

- Ta bem, já que você quer apressar as coisas, eu vou te contar sua mal criada. – ela suspirou e eu revirei os olhos. - O Connor morava comigo – ela disse como se fosse a coisa mais simples do mundo.

- O QUE? – eu gritei.

- Isso mesmo Kimberly, depois dos seus pais morreram, ele teve que ficar comigo.

- E POR QUE SÓ ME FALA ISSO AGORA, QUATRO ANOS DEPOIS? POR QUE ESCONDEU ISSO DE MIM SUA IDIOTA? ELE FICOU COM VOCÊ, MAS EU TIVE QUE FICAR AQUI? NÃO QUE EU NÃO GOSTE DAQUI, MAS... POR QUE ELE NÃO VEIO ME VER? POR QUE... – eram tantas perguntas ... Ela me interrompeu.

- Não grite comigo Kimberly – ela esbravejou. - Ele não sabia onde você estava, ele achava que você estava morta.

- O... O Que? E por que você escondeu isso dele? Ele tinha direito de saber, eu tinha direito de saber! Você não devia ter feito isso, por que fez isso? Você não tem esse direito! Nós dois somos irmãos! – eu disse alto, mas não gritando, e muito brava.

- Foi melhor assim Kimberly, foi melhor assim.

- VOCÊ NÃO SABE O QUE FOI MELHOR, NÃO SABE! CADE MEU IRMÃO? CADE ELE? VOU VER ELE VOCÊ QUERENDO OU NÃO, EU PRECISO VER ELE. ME FALA ONDE ELE ESTÁ. AGORA! – ela abaixou o olhar.

- Você não pode vê-lo, foi por isso que eu vim até aqui.

- É claro que posso! Como assim não posso? Claro que posso, ele é meu irmão, você não vai me impedir de ver ele. E tenho certeza que ele vai ficar bravo ao saber que você me escondeu dele por 4 anos. Eu vou ver ele sim, eu posso SIM. Não só posso como vou. Tchau. – eu disse muito brava. Me virei para sair dali, decidida a encontrar meu irmão. Foi quando ela deu um grito.

- ELE ESTA MORTO – paralisei no lugar e me virei de vagar para olha-la.

- Co.. Como? – o ar faltava em meus pulmões.

- Eu não queria te contar assim, mas você é teimosa Kimberly. Muito teimosa. Eu não tive escolhas.

- Meu .. Meu irmão morreu? Vo-você está dizendo a verdade? – eu sentia lágrimas quentes descendo pelo meu rosto.

- Sim, estou. Foi semana passada, ele teve um acidente de carro e não sobreviveu, me desculpe. – ela me olhava com dó, falsa.

- NÃO, NÃO! NÃO PODE SER! NÃO PODE SER, NÃO PODE! ELE NÃO MORREU. – eu gritei e logo ouvi a porta sendo aberta, Anne entrava assustada.

- O que aconteceu? – ela veio pra perto de mim mas eu corri pra fora de sua sala, indo em direção ao meu quarto.

- Kim? O que aconteceu? – Savannah disse assustada quando eu entrei chorando e correndo. Apenas fui em sua direção e a abracei.

- Eu .. Eu não quero mais ficar aqui Sav, não... Não quero. Me desculpe, eu te amo ta? Muito, não se esqueça disso, e eu espero que um dia possa me perdoar por isso, nunca se esqueça de mim. – eu disse me afastando e pegando um agasalho de frio, e depois disso sai correndo do quarto.

- KIM, ESPERA, ME ESPERA KIMBERLY – ouvia ela gritar, mas eu sabia que se eu fosse conversar com ela, ela iria me convencer de ficar. E eu não queria ficar, eu queria pensar. Eu precisava pensar e processar tudo isso na minha cabeça. Continuei correndo até a porta do orfanato.

- POR FAVOR, PARA KIM, PARA! – ouvia ela me chamando de longe. Não olhei para trás.

- KIMBERLY, ONDE VOCÊ VAI? – ouvi a voz de Anne quando eu sai correndo de dentro do orfanato.

Eu não sabia onde estava indo, não fazia a mínima ideia. Minha visão embaçada não me deixava enxergar direito. Eu apenas corria pelas ruas o mais rápido que podia.

Eu ainda ouvia o grito delas de longe, mas eu não iria voltar.

Eu corri, corri muito. E eu chorava muito também.

Isso não podia estar acontecendo. Aquela velha filha da puta escondeu do meu irmão durante 4 anos que eu estava viva, como ela pode? E se não bastasse, no dia do meu aniversário vem me visitar pra contar que meu irmão morreu. Meu irmão morreu. Cara, meu Connor morreu. O único que se importava comigo, a unica pessoa que eu ainda tinha no mundo, está morta agora. Sabe, eu ainda tinha esperanças que ele fosse me achar e me tirar de lá, me levar pra morar com ele, sei lá. Mas eu sempre acreditei que ele viria. Não que eu não gostasse do orfanato, mas ele é meu irmão. Quer dizer, era. Dói demais dizer isso. Meu pequeno irmãozinho, como eu sentia sua falta... Mas agora, nunca mais vou vê-lo.

Eu estava chorando e perdida em pensamentos correndo pelas ruas. A ultima coisa de que me lembro é de atravessar a rua e ver uma Ferrari branca vindo na minha direção, depois disso senti meu corpo ser arremessado longe, cai no chão com tudo e me lembro de dar um grito de dor. Fora isso, eu não me lembro de mais nada, apaguei.


Love HurtsOnde histórias criam vida. Descubra agora