Capítulo 41 - I accept.

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P.O.V Justin.

4 semanas depois.

Um certo dia eu abri os olhos e percebi que estava apaixonado por ela. Foi numa terça-feira, ainda me lembro bem, foi pouco tempo depois de ela ter ido para a reabilitação. Eu estava apaixonado por aquela garota, perdidamente apaixonado. Como eu sei disso? Bom, desde que ela se foi, não consegui expressar mais nada em palavras, aliás, não conseguia expressar nada, não tinha o que expressar. Essa casa ficou tediosa, chata, sem vida, vazia, um vazio que era preenchido por ela.

Ligaram da reabilitação e disseram que ela piorou e que por isso, nem eu e nem ninguém ia poder visita-la até que ligassem dizendo o contrario. Agora a única coisa que resta comigo são aquelas lembranças que por mais dolorosas que fossem, me faziam sorrir. As lembranças ruins? Simplesmente apaguei, ou pelo menos tentei apagar. Eu ando pensando muito nela, na verdade, eu só penso nela. Tudo me faz lembrar dela, eu olho pro nada e ela é quem me vem na cabeça. As vezes, do nada, eu sinto seu cheiro, escuto sua voz... Merda. Isso não podia ter acontecido.

Ela sempre deixou claro, e dava pra ver no seu olhar o quanto ela gostava de mim. Isso chega a ser engraçado, quando eu a tinha, não valorizei. A vida é um porre. Eu estou ficando louco sem ela aqui e só faz um mês desde que ela se foi. Eu tento parar de pensar nela, mas é quase automático. Cada canto desta casa me lembra dela, cada palavra que eu escuto, relaciono com alguma coisa que ela me disse. Isso é normal? É normal sentir saudades absurdas de alguém? É normal desejar sonhar com ela todas as noites?

Não, isso definitivamente não é normal, isso é muito gay, na verdade. Preciso achar um jeito de tira-la da cabeça.

P.O.V Kimberly.

A solidão é uma coisa estranha. Ela chega se arrastando em você, silenciosa e tranquila, senta-se ao seu lado no escuro, acaricia seu cabelo quando você dorme. Ela se enlaça ao redor de seus ossos, apertando tanto que você quase não consegue respirar, quase não consegue ouvir o pulso acerado em seu sangue. Ela deixa mentiras em seu coração, deita-se ao seu lado a noite, suga a luz de cada canto. É uma companhia constante, enganchando a mão para puxa-la para baixo enquanto você luta para ficar em pé. Você acorda pela manhã e pergunta-se quem você é.

A solidão é uma velha amiga que fica do seu lado no espelho, ela te olha nos olhos e te desafia a viver sem ela. Você não consegue encontrar palavras para lutar contra si mesmo, para lutar contra as palavras que gritam que você não é o suficiente. A solidão é uma companheira amarga.

Fico sentada aqui todo o dia. Já estou sentada aqui há 92 dias. Em alguns dias eu me levanto e me alongo, sinto esses ossos duros e as articulações barulhentas. Mexo os ombros, pisco os olhos, conto os segundos que se arrastam pelas paredes, os minutos que se arrepiam sob minha pele, a respiração que tenho de me lembrar de manter. Assim, fico sentada aqui. Fico sentada aqui todo santo dia.

Eu conto tudo. Números pares, números impares, o tic e tac do relógio, conto as batidas desreguladas do meu coração, conto minha pulsação e minhas piscadas. Conto o numero de tentativas necessárias para inspirar oxigênio suficiente para meus pulmões. Fico assim, conto assim até a sensação sumir, até as lagrimas pararem de jorrar, até meus punhos pararem de tremer, até meu coração parar de doer. Nunca há números suficientes.

Eu levanto minha cabeça e olho em volta. Paredes estofadas até o teto, no lugar do piso, um tapete macio como algodão. Não há nada além do meu corpo nesta sala. Eles acham que sou louca? Fui trazida para cá porque dizem que eu piorei. Tudo isso só porque eu tive um surto de raiva, o único em 92 dias. Não entendo como eles querem que eu melhore se me deixam trancada aqui.

Love HurtsOnde histórias criam vida. Descubra agora