Capítulo 36 - A big lie.

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Um endereço. Eu tinha acabado de abrir minha caixa de e-mails e recebido um endereço em anonimo.

Era disso que eu precisava. De um endereço. Meu sorriso estava de orelha a orelha, eu não podia acreditar no que estava lendo.

"Kimberly, é este o seu nome, não é?! Bom, tenho acompanhado seu esforço durante esse tempo em que procura seu irmão. Te devo os parabéns e espero que encontre-o e seja feliz com ele. Vocês merecem! O que esta esperando para correr até ele? Vá atras da felicidade: Rua "West Main Street", 1739."

Meus olhos começaram a lacrimejar e eu não pude evitar as lágrimas de felicidade. Esperei tanto por esse dia, por esse sentimento de alivio. Na verdade eu só vou ficar aliviada por completo quando ele estiver em meus braços.

Eu finalmente vou poder parar de tomar aqueles comprimidos, que posso dizer que viciam e me deixam meio sem controle das minhas ações e pensamentos. Vou poder ver meu irmão e ter certeza que eu ainda tenho alguém que me ama perto de mim.

Fui tomar banho e logo depois me sentei na cadeira em frente ao computador e tomei mais um comprimido. Ele não me deixava dormir. Pesquisei o endereço na internet e assim passei mais uma madrugada inteira acordada.

[...]

Quando eu olhei no relógio e vi que eram 6:46 eu decidi ir tomar banho e tentar dormir um pouco, o que por sinal não deu certo. Fiquei rolando na cama e pensando em como seria encontra-lo. A esperança está me abraçando, segurando-me em seus braços, enxugando minhas lágrimas e dizendo para mim que hoje, amanhã ou daqui dois dias eu estarei bem e eu estou tão delirante que de fato me atrevo a acreditar nisso.

O mundo de repente significa alguma coisa para mim, a possibilidade de encontra-lo significa alguma coisa para mim. O universo inteiro para no lugar e gira na outra direção. E eu vou ser feliz, é o que tento garantir-me o tempo inteiro.

O sol já estava começando a incomodar minha visão e foi quando eu decidi me levantar. Não tomei outro banho, só lavei meu rosto, fiz minha higiene e me troquei. Eu não estava preparada mentalmente e nem para me encontrar com Connor, mas eu tinha que estar. Por ele.

Peguei minha bolsa e sai do quarto. Para o meu azar, encontrei Justin e Britney na sala. Se fosse qualquer outro dia, eu estranharia ao ver Justin com uma garrafa de vodka a essa hora da manhã, mas como ele esta estranho ultimamente, nem fiquei surpresa.

- Bom dia pra você também. – ele disse quando eu passei por ele.

- Bom dia.

- Bom dia Kim, você está linda hoje. – Britney disse e eu quis soca-la ali mesmo.

- Não só hoje. – ouvi Justin dizer. Ele não estava sóbrio e isso era visível. Continuei andando até a porta.

- Onde você vai? – ele perguntou.

- Vou sair. – ele tentou se levantar do sofá.

- Não vai não. – Britney o puxou e ele caiu sentado novamente. - Para caralho. Você não vai sair. – sua voz estava embargada.

- Deixe a menina, você não manda nela. – pela primeira vez na minha vida eu quis agradecer a ela por alguma coisa. Aproveitei o momento em que ele a encarava com raiva e alcancei a porta, mas antes de sair, ouvi ela gritar algo. - VOCÊ VAI SE ARREPENDER POR TUDO.

Preferi não pensar naquilo, só me deixaria mais nervosa e eu já estava nervosa o suficiente. Peguei um taxi e pedi pra ele me deixar no começo da tal rua. Ele se atrapalhou um pouco para achar o local pois segundo ele, ele nunca tinha ido até lá antes. O lugar era meio esquisito, sujo, poucas pessoas andavam por ali, mas era o endereço que eu havia recebido, eu tinha que ir até lá.

Paguei o cara e sai do carro. Decidi ir andando, eu precisava pensar em algumas coisas antes de encontra-lo.

Sentei na calçada da rua e fiquei observando o lugar. Eu tenho várias perguntas para fazer a ele e a primeira vai ser o que ele veio fazer neste fim de mundo. Não acredito que depois de tantos anos eu estou nervosa para encontrar meu irmão. Uma coisa aqui dentro me diz para não ir até lá, mas eu preciso encontra-lo, preciso ve-lo, preciso saber que ele esta bem. Parte de mim esta explodindo de felicidade, porem, a outra parte esta com medo do que eu vou encontrar. Será que ele vai se lembrar de mim? Sei que sou sua irmã, mas eu mudei e muito. Será que ele está bem e vai querer voltar comigo? Eu não aguentaria um não como resposta.

Parei de me fazer perguntas que só ele me daria respostas e me levantei. Fui caminhando calmamente enquanto procurava pelo numero da casa.
Quando achei, me surpreendi ao ver que não era uma casa, e sim um pequeno prédio de 3 andares. Eu não tinha o numero do apartamento, então eu teria que procurar. Comparado com as outras casas da rua, o prédio estava em boas condições.

Como dizem, "as aparências enganam". O prédio podia estar até em boas condições por fora, mas por dentro estava um lixo. Assim que entrei, avistei uma plaquinha com uma seta pra cima. Decidi subir as escadas e encontrei um corredor com duas portas abertas.

- Connor? – eu disse um pouco alto. O lugar parecia estar vazio.

Eu não tinha reparado nas paredes, mas quando olhei para o lado, vi que elas tinham sangue. Como se alguém tivesse passado a mão sangrando por elas. Meu coração começou a bater mais rápido e minhas pernas travaram. As marcas de sangue continuavam até o fim do corredor.

Tive vontade de sair correndo dali, mas eu não podia, não podia deixar meu irmão ali. Continuei andando de vagar e olhando para todos os lados. Quando cheguei em outra escada, vi mais sangue no corrimão.

- Connor? Você está ai em cima?

Escutei um murmuro, como se alguém estive com algo na boca que o impedisse de falar. Subi as escadas correndo e me deparei com os corredores e alguns lugares do chão cheios de sangue. Meu estômago se revirou. Esse corredor era maior e as portas também estavam abertas. Entrei de vagar em uma delas e foi quando escutei uma voz.

- KIMBERLY? EU ESTOU AQUI.

Não consegui conter um sorriso em meu rosto e sai correndo em direção a ultima porta do corredor, que foi de onde a voz veio. Quando cheguei lá, vi que ela estava trancada e um arrepio tomou conta do meu corpo.

- CONNOR? SOU EU, ABRE A PORTA! – escutei algo se quebrar lá dentro. - POR FAVOR, ABRE A PORTA, SOU EU, KIMBERLY, POR FAVOR, ABRE!

Fiquei paralisada quando ouvi um barulho de tiro sendo disparado. Olhei para baixo e vi que ele acertou o trinco da porta. Meu corpo gelou.

Coloquei a mão na porta e a empurrei de vagar. Escutei uma voz em minha cabeça dizer "não, não abra", mas não consegui identificar de quem era. Continuei a empurrar a porta de vagar, e quando tive uma visão do cômodo todo, meu mundo desabou.

Joe estava sentado e amarrado em uma cadeira e ao seu lado estava ela, Britney. As coisas não faziam sentido e eu não conseguia acreditar, mas estavam bem ali na minha frente.

Em uma de suas mãos ela segurava uma arma, e na outra um gravador. Suas mãos estavam cheias de sangue e em uma das paredes do quarto estava escrito com sangue a seguinte frase: 

"SEU IRMÃO ESTA MORTO, VADIA".

Love HurtsOnde histórias criam vida. Descubra agora