Capítulo 1 - Love? I dont know what is this

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P.O.V Kimberly

Amor. Eu não sei o que essa palavra significa. Ok, você deve achar que eu estou exagerando, mas não estou. Eu não sei o que é ser amada, ou pelo menos me sentir amada.

Me chamo Kimberly Marshall e tenho 13 anos. Moro em Atlanta com meus pais e meu irmão. Quer dizer, com minha mãe e meu irmão.

Meu pai se importa muito com o trabalho, ele esta sempre viajando e viajando. Ele é um empresário muito bem sucedido. Thomas Marshall. Ele é conhecido por todos. Ele tem muitos inimigos também, o motivo disso eu não sei. Ele tem seus próprios aviões particulares e viaja 23 dias por mês. Só o vejo em alguns finais de semana e olha lá.

Ele nunca se importou comigo. Digo, nunca pergunta como estou, nunca me abraça e nem diz que me ama. Quando vem pra casa nos finais de semana, ou ele sai com minha mãe ou fica o dia todo vendo televisão. E isso é um saco, porque eu sinto falta dele. Quando eu era menor, tudo era diferente.

E minha mãe é pior que ele, ela não gosta de mim. Não gosta agora, porque quando eu era menor, ela era muito diferente comigo. Agora me detesta. Ou ela detesta o fato de eu ser gorda. Ela me xinga e me humilha quando se trata do meu corpo. Por exemplo, uma vez a mãe da minha amiga Zoe me convidou para ir ao clube com elas, mas mamãe não deixou dizendo que eu era gorda e não podia usar biquíni se não todos iam ver como eu era gorda. Aquilo doeu sabe? Mas eu não disse nada, só subi pro meu quarto e me pus a chorar assim como fazia todas as noites, e assim como estou fazendo agora.

Meu irmão, Connor, era o único que "se importava" comigo ali. O único que me ajudava, que me apoiava, que cuidava de mim, era ele.

Ele tem 17 anos, mas tem a cabeça de uma pessoa muito mais velha. Ele quase nunca conversa comigo, só fica em seu quarto usando o computador e se esquece do mundo. Mas é um bom menino.

E eu? Bom, eu sou aquela que se preocupa com todos, que quer cuidar de todos, que quer ver um sorriso no lábio de todos, mesmo se esses "todos" não se importarem comigo. Sou aquela que esquece dos próprios problemas se um amigo precisar desabafar ou até mesmo desabar. Sou aquela que se entrega fácil, que se apaixona fácil, que chora por qualquer coisa. Sou aquela morena de olhos tristes que luta todos os dias pra levantar de cada queda que a vida dá. Sou aquela que mesmo que meu mundo acabe, eu vou fazer de tudo pra levantar ele de novo. Sou aquela que muitos machucaram, mas poucos sabem quem eu realmente sou. Sou aquela que sempre vai estar ali, do seu lado mesmo que não queira. Sou aquela que vai ficar com você, se eu achar que vale a pena. Sou aquela que faz a maioria das coisas por impulso, e se arrepende depois. Sou aquela ali, complicada, desafiadora, sonhadora.. Sou aquela ali, aquela menina que está a procura da felicidade. Porque cá entre nós, eu não sou feliz aqui. Meus pais cobram muito de mim, e a maioria das vezes eu não consigo fazer o que eles querem que eu faça. E eu odeio o fato de ser presa. Não posso sair desta casa, não posso andar nas ruas, não posso nada. E claro, eu não sei o motivo. Deve ser porque eu sou gorda.

Eu já tentei fazer algumas coisas para emagrecer, tipo vomitar a comida depois de comer, ou até ficar dias sem comer.. Mas meu irmão sempre descobria.

[...]

E mais uma vez chorando silenciosamente na cama, eu dormi.

Acordei no dia seguinte por conta da claridade que entrava pelo cortina mal fechada do meu quarto, merda, sempre esqueço de fecha-la direito.

Me levantei e fui ao banheiro lavar meu rosto e escovar meus dentes.

Depois de fazer minha higiene, eu me troquei e desci para a cozinha onde todos estavam tomando café.

- Bom dia mamãe, papai, Connor - olhei pra cada um deles enquanto falava.

- Bom dia Kim - meu irmão respondeu. Meu pai só assentiu, e minha mãe perguntou o que eu iria comer.

Eu estava quase acabando de tomar meu café quando ouvimos um barulho de vidro sendo quebrado lá em cima. Me assustei.

Papai se levantou na hora e trocou olhares com Connor. O que será que ouve? Papai começou a andar em direção a escada quando no topo dela apareceram 3 homens com capuz e com uma arma na mão. Eles apontavam a arma para nós, e nos mandavam descer para o porão. Assim fizemos, em silencio. Eu estava com muito medo, quem eram eles e o que queriam?

Eles nos trancaram no porão e saíram, simplesmente. O que eles queriam? Como conseguiram entrar aqui se tem um monte de seguranças lá fora?

Assim que eles fecharam a porta, minha mãe olhou desesperada para meu pai que assentiu e se virou para mim e meu irmão.

- Filhos escutem, o que eu vou falar é muito importante, prestem atenção ok? - ele falava bem baixinho. - Eu não sei o que esses caras querem, mas seja o que for, nós precisamos de ajuda. Então é o seguinte, aqui no porão tem uma saída pra rua pequena e escondida, vocês vão passar por ela e correr pra pedir ajuda. Chamem a policia e mandem eles virem aqui ok? - ele nos olhou esperando uma resposta.

- Eu estou com medo papai - eu disse já com os olhos lagrimados e ele me abraçou.

- Eu também estou filha, mas é nossa única chance, fiquem calmos ok? Vai dar tudo certo - ele me olhou.

- Vão rápido antes que eles voltem - mamãe cochichou.

Dito isso, papai foi em direção a uma mesa de madeira que tinha encostada na parede e a arrastou para frente, nos dando a visão de uma portinha branca. Ele abriu ela e nos olhou.

- Vão, não temos muito tempo - ele disse e no seguinte segundo meu irmão deslizava até o outro lado por aquela portinha. - Vai ficar tudo bem.

Eu o segui e chegamos do outro lado, na rua, simples assim. Olhamos para dentro da pequena portinha e meu pai sussurrou um "vão" e então vimos a portinha se fechar. Quando íamos sair dali, um barulho nos impediu. Um tiro. Colocamos a cabeça mais perto da pequena passagem para podermos ouvir melhor.

- Ora ora, pelas minhas contas faltam duas pessoas neste local - uma voz grossa disse. - Onde eles estão?

- E-eu não sei - ouvi a voz de meu pai. -

- Olha senhor, viemos aqui para roubar, não me importaria em matar vocês também. Agora diga, onde eles estão? - a mesma voz perguntou.

- Eu já disse que não sei - ouvimos a voz firme de papai, logo depois um barulho de tiro e gritos da minha mãe. Me desesperei. Logo depois dos gritos dela, outro tiro e os gritos foram se amenizando.

Olhei para meu irmão, de olhos marejados e ele se levantou, sussurrando um "vamos, rápido" e saiu correndo. Comecei a correr atras dele, mas eu não fazia ideia de onde eu estava indo. Por conta dos meus olhos marejados eu não conseguia ver muita coisa, então parei para limpa-los e assim que olhei em volta procurando por Connor novamente, me desesperei. Ele havia sumido.


Love HurtsOnde histórias criam vida. Descubra agora