Olhá-lo no dia seguinte não foi fácil. Não era o mesmo idiota de sempre. Primeiro, porque desde que está sem os óculos ele não passava mais a impressão de vítima, e ainda deixava exposto aqueles irritante olhos azuis.
Fiquei o mais distante possível. No fim de semana não mantive contato, e durante a semana continuei afastado. Tentei não pensar em nada que fosse referente a ele, e até mesmo tentei voltar a implicar, mas era inútil. Eu estava querendo fugir de mim mesmo, e na verdade, eu odiava aquele maldito garoto, que de repente me fez gostar tanto dele que parecia até que fosse pra me provocar.
Mas conhecendo Luke como eu conhecia, sabia que ele era bom demais para fazer algo tão cruel. Sim, o que eu estava sentindo era cruel demais. Eu, Michael Clifford, protegido dentro da muralha que criei com o mundo externo, estava querendo deixar Luke entrar na minha vida, de uma maneira que nem mesmo Calum eu havia deixado. Queria mais abraços do Hemmings,eram tão gostosos, não eram fortes ou sufocantes, eram simplesmente delicados, aconchegantes e cheirosos.
Mas eu precisava esquecer aquilo, e me afastar era a melhor maneira. Sempre foi.
Os olhos azuis não conseguiram esconder a tristeza quando eu disse que não iria na casa dele, naquela quinta-feira. Eu disse que ele poderia praticar o que já sabia, e que talvez nem precisasse mais de mim. E ele apenas baixou a cabeça, mordendo o lábio inferior. Eu sabia que aquilo significava que estava descontente.
- Você está estranho esses dias... eu fiz alguma coisa ?
- Não. – disse olhando para o chão. Eu não suportaria olhá-lo naquele momento.
- Michael ? – ele chamou esperando que eu o olhasse. Porque faz isso comigo Luke?
Levantei o olhar, ainda desviando a cabeça para o lado, até tomar coragem de encará-lo.
- Você está bem ? São seus problemas é isso ? Sabe que posso ajudá-lo.
- É, são problemas sim.Mas você não pode ajudar dessa vez.
Ele se aproximou e tocou no meu ombro, me fazendo engolir em seco. Saí dali depressa, já não podia mais aguentar aquela coisa toda. No dia seguinte, não fui para aula. Ignorei todas as mensagens dele, e as de Calum. Desliguei o telefone, afim de não ouvir as ligações quando estas começassem no período da tarde, tanto da parte de um quanto da parte do outro.
- Michael ?- minha mãe chamou, dando leves toques na porta.
Abri a porta, deixando que ela entrasse na escuridão que estava meu quarto. Eu estava conseguindo me aproximar dela, e tinha que admitir que tudo aquilo só foi possível com a ajuda dele.
- Está doente ? – colocou a mão em minha testa.
- Estou bem, não se preocupe.- eu não estava, mas não queria preocupá-la.
- Eu te conheço filho. O que está acontecendo ? Porque faltou na aula ?
- Nada mãe.- passei a mão no rosto. Estava ficando nervoso.
- Mike, eu não posso resolver seus problemas, mas eu posso ajudá-lo a passar por eles. Me conte o que há de errado. Por que bem, você não está.
- Eu prometo, que quando eu souber o que está acontecendo, eu te conto mãe. Por que eu realmente não sei. – minha voz foi cortada e mordi o lábio para segurar o choro.
Ela me abraçou e ficamos ali, em pé, enquanto ela afagava meu cabelo. E por mais que fosse minha mãe, e que eu a amasse, porque sim, eu a amava e Luke estava certo. Mas era o abraço dele que eu queria, era ele. Eu queria tanto estar com Luke, e ao mesmo tempo não queria estar gostando tanto dele assim.
Depois de um longo período naquela posição, ela me deu um beijo na testa. Eu a convenci de que não faria nada contra mim mesmo, e que logo passaria. Ou pelo menos era aquilo que eu esperava que fosse acontecer. Me livrar de tudo logo.
A noite minha mãe pediu pizza, que segundo ela, era para me deixar mais feliz. Em partes funcionou, pois no momento em que comia, consegui esquecer o problema todo. A comida realmente faz milagres.
Dei boa noite á ela, com um beijo em sua testa e fui me deitar. E então, eu apenas desejei acordar no outro dia com amnésia. Sem lembrar de Luke, sem lembrar de sentimentos. Queria esquece-lo completamente.
Mas só de pensar naqueles olhos tristes, no seu abraço, no jeito como ele falava e mordia os lábios. Era impossível esquece-lo. E mesmo que um dia eu perdesse a memória, a única coisa que ainda estaria intacta, era a lembrança de Luke.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MY GETAWAY
FanfictionDuas pessoas aparentemente diferentes, mas profundamente iguais. A única certeza de Michael é que ele já não tem certeza de nada.