Capítulo 14

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AURORA

Clay, Emilly e Megan me arrastaram para longe da multidão e quando paramos de andar estávamos num cantinho menos movimentado do salão, um pouco mais distante das pessoas que estavam encarando. Megan não demorou para enfiar um copo de bebida em minhas mãos e erguendo o copo, eu bebi um grande gole sem nem saber o que era.

Com certeza, em uma festa cheia de jovens ser supervisão de adultos ou autoridades, aquilo não seria só um suquinho.

Confirmei minhas suspeitas quando senti o sabor amargo e o ardor do álcool descer por minha garganta me fazendo despertar do transe em que eu estava, voltando a mim e piscando diversas vezes antes de sentir os dedos de Clay em meu rosto. Meu amigo segurou meu rosto entre as duas mãos e me fez olhar para ele, mas, apesar de se esforçar para se manter sério, eu percebi que ele queria rir.

— Meu Deus eu to muito ferrada — foi a única coisa que consegui dizer, sentindo meu coração ainda disparado e minhas pernas ainda trêmulas, parecia que as mãos dele ainda estavam me tocando e que sua boca ainda estava colada na minha.

Essa frase aliada a minha cara de desespero foi o suficiente para fazer o trio esquecer toda e qualquer empatia que tinham por mim e começar a rir descontroladamente, atraindo alguns olhares em nossa direção. Eles riram por alguns segundos e, pouco a pouco, foram controlando as gargalhadas até que ofegante e com os olhos lacrimejando, Clay me encarou e falou:

— Mas você gostou! — Então, como se aquela fosse a maior piada do século, ele voltou a rir. — Não pode negar isso, você gostou e muito!

— O que? — perguntei, com a voz esganiçada, acertando um soco no ombro do meu amigo. — Que droga, Clay! Você devia me ajudar e não rir da minha cara!

— O que eu posso fazer? — ele reclamou passando a mão no braço e me encarando com uma expressão ainda meio risonha. — Eu avisei para você não demorar tanto!

— Nós também avisamos — Emilly falou apontando para Megan, que apoiava a destra sobre a boca, tentando esconder o riso que ainda não havia cessado.

— Mas tinha que ser logo ele? — perguntei, passando a mão esquerda nos cabelos.

Precisei me controlar para não gritar de frustração. Haviam tantas pessoas na festa, tantos meninos, tantas meninas que podiam ter chegado antes dele, mas o destino tinha que armar aquilo para mim e pior, em público!

— Ok, não posso ficar aqui no canto a festa inteira por isso — falei, respirando fundo e tentando voltar a mim. — Tenho que aproveitar a festa ou no mínimo fingir que tô aproveitando! — falei para os três, que me olhavam com certa compaixão, mesmo com todas as risadas que foram dadas a instantes atrás.

— Toma, eu trouxe um espelho na minha bolsa e o gloss também — Megan falou, me entregando a bolsinha que eu abri rapidamente. — Aproveita a festa amiga bebe e esquece do que aconteceu, depois você se preocupa com isso.

Abri a bolsa da minha amiga enquanto ela falava, tirando o pequeno espelho de lá e o gloss também, olhando meu reflexo e limpando minha boca, que estava completamente borrada. Refiz o trabalho e inspirei fundo mais uma vez, olhando para meus amigos e assentindo.

— Vocês têm razão, eu preciso aproveitar a festa — decretei entregando a bolsa de Megan para ela.

— Isso mesmo, finja que nada aconteceu ou ele vai se aproveitar disso — Emilly falou olhando por sobre o ombro.

Segui seu olhar e encontrei Dante nos encarando com um sorriso nos lábios, aquilo só me deixou ainda mais irritada com ele, aquele maldito sorriso bonito!

— Isso, vou fingir que ele é somente mais um aqui —falei, batendo o pé no chão, decidida a ignorar todas as sensações que explodiam em meu corpó. — Dante não significa nada, esse beijo não significa nada! Agora me levem para a mesa de bebidas e depois vamos para a pista eu preciso dançar!

DANTE

Eu não sou do tipo que para a festa por uma garota, então, depois que me afastei de Aurora, eu segui em direção a mesa de bebidas e, mais que depressa, me servi de algo que eu não entendi muito bem o que era. As bebidas não eram como as do baile, havia algo para todos os gostos e, claro, tudo era ao menos razoavelmente alcoólico, afinal, o que nos impedia de beber ali?

Virei o copo de uma vez só e fui para a pista, me enfiando entre as pessoas e começando a dançar com algumas meninas que se aproximaram de mim. Estava me divertindo, realmente estava, porém, minha paz durou somente o tempo que levou pára Aurora cruzar meu caminho novamente, o que não demorou.

Assim que a vi se aproximar, acompanhada por um garoto que não me lembrava o nome, minha atenção foi inteiramente para ela e todos pareceram pouco interessantes se comparados ao seu corpo se movendo no ritmo da música.

Enquanto a loira em meus braços se esforçava para continuar a dança, já que eu estava praticamente imovel no meio da pista babando na conselheira, Aurora se movia de forma sexy, seus quadris capturavam meu olhar de forma quase espontânea e ela parecia estar realmente relaxada dançando com aquele cara, que parecia se divertir também.

Senti minhas mãos se fecharem em punho e algo queimar em meu coração.

Eu queria estar ali, queria estar no lugar dele, segurando a cintura dela e a puxando contra mim enquanto dançávamos.

Não era possível!

Eu não podia estar com ciúmes dela podia?

A garota que dançava comigo colou seu corpo ao meu e apoiando os braços em meus ombros, ela virou meu rosto para si com uma das mãos, sorrindo de forma maliciosa enquanto acariciava meu queixo.

O gesto dela me despertou do transe em que Aurora havia, inconscientemente, me colocado, mas eu não gostei muito de ser interrompido. Ela se colocou na ponta dos pés e apoiou o rosto na curva do meu pescoço beijando minha pele e sussurrando ao meu ouvido, com um tom extremamente meloso e arrastado.

— Que tal sairmos antes do final da festa, Dan? — ela perguntou, mordendo o lóbulo da minha orelha e me fazendo sentir o cheiro de álcool que vinha da sua boca.

Como alguém conseguia já estar bêbado nos primeiros 60 minutos de festa?

Em outro momento, a proposta seria tentadora, mas ali, eu não tinha o menor interesse em mais ninguém, ainda mais numa garota que já estava claramente um pouco bêbada.

— Talvez mais tarde, meu bem — respondi, soltando a menina e me afastando. — Quando você estiver um pouco mais sóbria.

Então saindo da pista, voltei à mesa de bebidas decidido a esquecer Aurora e seu beijo perfeito nem que eu precisasse esquecer meu nome no processo. 

A conselheira Amorosa Onde histórias criam vida. Descubra agora