A mentira

41.3K 2.4K 223
                                    

Se a um tempo atrás, alguém me disesse que eu iria parar em uma pequena cidade no interior de São Paulo. E que no meio disso tudo caísse praticamente de paraquedas um cara lindo, porém estranho e as vezes um tanto quanto ecentrico
Eu diria que a pessoa tem sérios problemas mentais para me dizer tal coisa.

Ainda mais sabendo como eu sou fechada em relação a homens e tudo que envolve a palavra "sentimentos".

Mas é real.

Eu estou mesmo no interior de São Paulo e tenho conhecido cada dia mais esse homem estranho e lindo.

O engraçado é que eu sempre pensei na palavra estranha como algo ruim. Só que ele não é um estranho ruim, de fato não.

Ele é completamente diferente de como os outros homens são. Não que eu tenha conhecido tantos em minha vida.

Mas homem e bom na mesma frase, quase nunca combina.

Custou um pouco para eu acreditar que Bryan não era igual a todos. Que era injusto ficar o comparando com as minhas decepções masculinas.

E eu enfim dei uma chance de verdade para conhecê-lo.
E com isso completa um mês que estou em Salto.

A cada dia que passa Bryan fica mais amável comigo.
Um dia desses ele veio até meu quarto de hotel, com vários filmes, pipoca, chocolate e para completar tudo isso ainda tinha um buquê de rosas exageradamente grande. Não preciso nem falar no que deu tudo isso né...

Enfim os dias que ele vinha me visitar nunca eram chatos, ele sempre arrumava alguma coisa bacana pra gente fazer.

Realmente estava certo, quando disse que eu precisava ficar mais tempo por aqui.
Não posso dizer que me arrependo de ter escolhido ficar, pelo menos não por agora.

Eu ainda continuo sendo a mesma pessoa insegura e as vezes covarde. Ainda não consegui abrir de fato meu coração, eu gosto da companhia dele, faz me sentir bem, quando estou com ele é como se os problemas não existissem.

Só que não consigo ir além disso.
Parte de mim insiste em dizer que está tudo bem, ainda é cedo demais para me aprofundar em algo incerto desse jeito e que se apegar demais é certeza de sofrimento.
Mas parte de mim também quer me doar por inteira nisso que estou vivendo.


Mesmo na incerteza do que somos ou para onde essa história está nos levando. Tentamos nos ver todos os dias, mas nem sempre é possível por questões óbvias, do tipo ele tem uma vida, um trabalho.


Eu nunca perguntei do que ele trabalha.
O porque? Também não sei!
Acho que só não quero ser muito intrometida e ele também nunca se preocupou em me contar.

É intrigante ficar com alguém sem rótulos. Somos tudo e nada.

Prefiro pensar que estamos sendo alguma coisa. Mesmo que algo raso ainda.
Esse nosso rolo, me deixa perdida. E com um enorme sentimento de confusão.

Também não tenho noticias da minha mãe, já tentei ligar, mas ela nunca me atende. Estaria mentindo se dissesse que não estou tremendamente preocupada, a cada dia que se passa essa preocupação só aumenta.
Faz alguns dias que estou sentindo a necessidade de voltar para casa, é um sentimento estranho que não me deixa.

Eu só preciso de duas coisas para isso acontecer, arrumar mais dinheiro e criar coragem para contar ao Bryan o real motivo de eu ter vindo pra cá.

Deito na cama para organizar meus pensamentos, de um jeito estranho esse quarto se tornou minha casa, já me acostumei até com os funcionários daqui, acho que eles também sentem o mesmo.

Apaixonada por um CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora