That boy's a slag

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POV Scarlett

Porra de aula. Porra de colégio. Eu devia ter tomado chá de cogumelo quando decidi sair de NY pra vir pra cá, é a única explicação. Eu realmente esperava que fosse mais uma segunda feira tediosa nesse colégio de merda, mas não, sempre tem que ter algo – nesse caso alguém – pra me estressar. Estava eu mexendo no meu IPod (como em todas as aulas que eu me conheço por gente) quando percebo que a turma ficou agitada. A classe ficava daquele jeito só por um motivo: aluno novo.

Olho pra frente e meus olhos caem em cima de um garoto. Alto, cabelo preto bagunçado, pele branca que contrastava com sua camiseta preta e seu jeans escuro. Realmente, dessa vez é um belo motivo pras meninas estarem agitadas, pensei. Afastei esses pensamentos ao perceber que ele também me encarava tentando claramente decifrar o que eu estava imaginando e percebi que ele ia me dar trabalho. Ele não era como os outros de um certo modo que nem eu sei explicar e eu percebi isso só pelo seu olhar. Dei o meu melhor sorriso cínico – esse no qual eu demonstrava em raros casos, afinal, por mais que seja cínico, continua sendo um sorriso e era bem difícil isso acontecer se tratando de Scarlett Parker. Não queria parecer me importar com a presença dele, até porque de fato eu não me importava, de qualquer jeito ele seria mais um que correria atrás de mim. Cansativo.

Infelizmente meus pensamentos foram interrompidos pela Professora Hills, que era muito boa mas sempre pegava no meu pé por não prestar muita atenção na aula.

- Sr. Collins, não tive tempo de me apresentar. Sou a Professora Hills e ensino Biologia – ela sorria para gente e voltou-se para a turma – Turma, esse é Dylan Collins, o mais novo colega de vocês. Peço que o recebam com carinho e tenho certeza que ele vai falar tudo para vocês. Mas não agora. Página 157, hoje começaremos o Sistema Neurológico.

Dylan Collins, hein? Ele respondeu meu sorriso cínico com outro igual e isso me irritou muito. Quem ele pensa que é? Acabou de chegar no colégio e acha que é o fodão só porque esse monte de puta já caiu de amores por ele. Sinceramente, guri assim me enoja. A sua chegada só serviu para adicionar mais um na minha infinita lista negra.

Depois da sua chegada "triunfal", a aula continuou normal, tirando os murmúrios sobre o Collins e coisas que não me interessavam. Passou mais rápido do que o costume, certamente não percebi o tempo porque estava entretida no meu IPod, meu fiel companheiro. Não sou uma menina com muitos amigos, não tenho mais a capacidade de confiar em alguém depois que aquilo aconteceu. Foda se, passado é passado.

Cara, esse Collins veio só pra me incomodar mesmo, ô guri escroto. Sério, perdeu o tempo de recreio dele (e gastou o meu) simplesmente pra chamar minha atenção(!). Bateu o sinal e fui direto pro laboratório de química, aula com o velho desgraçado do Still. Odiava as aulas de química porque o laboratório era muito pequeno e a turma toda tinha que fazer dupla. Confesso que tenho poderes persuasivos e sempre consigo ficar sozinha, mas não se pode contar com a vitória antes da hora.

- Scarlett... – professor Still me chamou.

- Sim?

- Conversei com o Diretor Phillips e concordamos que você não deve mais ficar sozinha nos trabalhos por escolha. Você deve se enturmar e fazer amigos, Scarlett. – ele dizia calmamente.

- Professor, com todo o respeito - fiz minha melhor voz-de-boa-moça possível – eu realmente não preciso fazer amigos. E não quero. – dei ênfase nessa última palavra

- Scarlett...

- Por favor, professor. Nunca dei trabalho pro senhor... não quer que isso comece a acontecer, não é? – sorri amarelo

- Se só você ficar sem dupla Parker, tudo bem você fazer os trabalhos sozinha. Caso mais algum colega seu fique sozinho, vocês dois vão se sentar juntos e eu não quero uma reclamação sobre isso. Entendido?

- Sim, senhor Still. – me dirigi à última carteira, como sempre.

Ainda bem que consegui convencer o professor. Quase todos os anos eu era a única sozinha, não tinha o porquê de isso mudar. Era 33 alunos, sempre um teria que sobrar. Era. Só se tornava número par quando entrava aluno novo.. Droga. Quando me dei conta, ele tinha acabado de entrar na sala.

- Sr. Collins, chegue mais perto, por favor. O Laboratório de Química não é muito grande, então a sala foi dividida em duplas fixas. O senhor está sozinho então vai sentar com... – analisou a sala e parou seus olhos (que me lembravam um peixe morto) diretamente em mim – Scarlett. Me chame de Professor Still, sente-se por favor.

Collins deve ter se imaginado numa passarela porque ele realmente parecia estar desfilando, de novo, se achando o tal. Que pena que comigo o buraco é mais embaixo.

- Menina do Exército... olha como é a vida, não? Pode desfazer essa cara amarrada porque eu sei que no fundo você está explodindo de felicidade por eu estar aqui contigo. – ele disse com um sorriso torto nos lábios. Grandes e aparentemente macios. FOCO SCARLETT.

- Não sabia que tinha te dado intimidade pra me chamar de um apelido tão bosta quanto quem criou, Collins. A única coisa que vai explodir daqui a pouco é tuas bolas quando eu der um chute. – e fechei a cara mais ainda. Virei para o professor, que estava lá na frente explicando algo que ninguém queria e estava interessado em saber.

- Ah Scarlett, não seja tão má assim... Teus pais não te deram educação pra tratar bem um novo colega? E não me venha com "Eles me deram educação só que só uso com quem merece" porque essa frase é muito clichê e você não me parece desse tipo então já elabore outra resposta mal criada, por favor.

Porra. Esse guri tá me desafiando. Mal sabe ele que pra mim, desafio é sinônimo de incentivo.

- Collins, Collins, Collins... eu realmente tava pensando em uma resposta a sua altura mas aí no caso seria uma pior que aquela frase clichê ali porque é isso que você é. Ruim. Pra caralho, por sinal. Sério, tá se achando o melhor mas cara, tu não pode me enganar. Sinceramente? Larga do meu pé e vai correr atrás de outra que é o melhor que tu faz. – disse olhando diretamente pros olhos dele, que não demonstravam nenhuma emoção.

- Primeiramente, não estou correndo atrás de você, só estou te fazendo de idiota, tirando toda sua paciência. Segundo, acho melhor guardar suas respostas bonitinhas para outro, Menina do Exército, porque você não consegue me atingir com elas...

Eu vou matar esse menino. Sério. Se eu tivesse um machado eu arrancava cada parte do seu órgão genital, um por um.

- ...Mas, se você me dá licença – ele continuou – o meu fone de ouvido transmite algo que eu realmente quero ouvir. Boa aula, Scarlett. – ele sorriu para mim e colocou os fones, junto com a música no último volume.

Eu odeio Dylan Collins. Com todas as forças existentes.

(!) Pra quem não lembra, Dylan foi atrás da Scarlett no recreio, escrito no capítulo dois.



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Oi gente!! Double Desire está apenas no começo mas estou muito feliz que algumas pessoas estão acompanhando. Quanto mais ela cresce, mais eu tenho vontade de escrever, isso incentiva o meu trabalho. Obrigada por tudo! kisses kisses



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