Capítulo 5 - Daddy

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Eu só poderia estar sonhando. Meu pai, o Coringa, estava na minha frente. Eu pisquei várias vezes para confirmar se tudo era realmente real, e era mesmo.

Eu só não conseguia acreditar.

- Sente-se por favor Lillian. – ele apontou para o assento à sua frente. – Eu de certa forma esperava sua chegada, antes mesmo de meus capangas me avisarem que estava a caminho. Mas pense na minha surpresa quando descobri que você havia matado dois dos meus melhores homens.

- Talvez eles não fossem tão bons assim, já que foram mortos por uma garota de 16 anos... – eu murmurei, mas ele ouviu mesmo assim.

- Talvez, - ele tomou um gole da bebida que ele tinha no copo em sua mão. – eu esteja plenamente de acordo. Sabe Lillian, quando soube que tinha fugido de Arkham, achei que não sobreviveria um minuto aqui fora. Mas parece que eu estava errado. Como você foi criada pela Harley, pensei que seria um menininha fraca e sonsa, como sua mãe era. Mas muito pelo contrário... Você é muito parecida comigo.

- O que faz você pensar isso?

- Talvez o jeito de agir. Você matou aqueles caras mesmo não sendo necessário. Você sabia muito bem que poderia ter machucado eles a ponto de não conseguirem falar, andar... Mas não. Você escolheu acabar com eles de uma vez, para não ter que lidar no futuro com isso.

- Minha mãe me dizia que você torturava as pessoas. Porque agora acabar com o sofrimento delas é a opção mais adequada agora? – disse me curvando sobre a mesa.

- Não dê ouvidos a sua mãe. Ela não sabe o que diz.

- Ela ainda é apaixonada por você.

- Problema dela. Ela deveria entender uma coisa que eu disse à muito tempo atrás. Nunca se meter nas minhas coisas, nos meus planos. Se ela tivesse entendido isso tudo poderia ser diferente! O Batman poderia não estar mais nas ruas, e numa possibilidade bem, mas bem pequena mesmo, sua mãe ainda poderia ser minha parceira. Mas ela sempre tem que estragar tudo!

- O que aconteceu aquela noite? – ele me olhou confuso. – A noite em que você descobriu minha existência, e quase a matou. – ele abriu um sorriso e começou a rir descontroladamente.

- Aquela... Aquela noite. – ele disse parando de rir, mas sem tirar o sorriso do rosto. – Foi uma das piores noites da minha vida. Principalmente por causa de você. Não era para acontecer, não foi planejado! Minha vontade era de matar você e a sua mãe, por fazerem do futuro da minha vida um verdadeiro inferno. Como eu poderia ser pai? Nunca! Nem em mil anos! Tirei ela do nosso esconderijo e nunca mais nos falamos. Espero que continue assim. Minha vida está muito melhor sem ela.

Quando ele falou a última parte, senti que sua voz havia falhado um pouco, e que havia um traço de tristeza em seus olhos, mas tudo pareceu ser apenas uma ilusão.

Eu realmente queria que ele voltasse a falar com a minha mãe. Ela precisa dele, e talvez ele precise dela também. Minha mãe acha que eu não sei, mas antes de ir para Arkham, tenho uma vaga lembrança dela chorando e falando exatamente assim: "Me desculpe, Mr. J. Eu não queria ter feito isso. Foi um erro. Volte para mim, por favor."

Ela repetia a mesma frase todas as noitas até dormir. Cresci sabendo que fui um erro, e que não era para eu existir, então todas as vezes em que eu ouvia minha mãe falando isso, eu nunca me surpreendia.

- Ela pedia desculpa para você todas as noites... – eu disse.

- Como eu disse Lillian, o que a Harley fazia, faz ou deixa de fazer simplesmente não me interessa. – ele se levantou da mesa. – Bom, está na hora de eu ir e eu receio que seja a sua também. Podemos conversar as terças-feiras, sim?

- C-claro. – concordei com ele.

- Ótimo. Adeus, Lilly.

- Adeus, papai... – sussurrei.

Me levantei da mesa e andei lentamente até a porta. Saí do lugar e respirei fundo, tomando conciência do que acabou de acontecer.

Eu havia falado com o meu pai, e ele havia dito coisas que eu acreditava que nunca iria saber. Com toda certeza, minha mãe nunca falaria sobre a noite em que ela havia descoberto a gravidez. Acho que ela tem um pouco de medo do Coringa.

Tá bom. Não pouco. Muito.

Ela com toda certeza vai ficar muito brava depois que eu disser onde eu estava. Subi na moto e fui em direção ao esconderijo dela, que ela já havia me dito onde ficava. Logo após da minha chegada, minha mãe me abordou.

- Onde a senhorita estava e por que demorou tanto? – ela disse brava.

- Eu fui falar com o meu pai. – disse despreocupadamente tirando minhas coisas da moto.

- Você foi fazer o quê? – ela disse em choque, segurando meu braço. Apenas soltei meu braço das mãos dela e repeti o que havia dito.

- Eu fui falar com o Coringa.


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