Capítulo 9 - The Rescue

337 23 13
                                    

- Se você desmaiar, vou começar tudo de novo. - Ele falava por cima dos meus gritos.

Nunca senti tanta dor como estava sentindo agora. Eu não conseguia me mexer e ele cortava minha boca com uma lentidão absurda.

Ele estava cortando como na forma de um sorriso.

Eu lutava para não desmaiar de dor, porque iria demorar mais se isso acontecesse. Tentei pensar em outra coisa, mas era impossível. Ele fazia questão que eu sentisse cada parte da minha pele sendo rasgada pela sua faca. Nunca havia chorado tanto na minha vida, e achei que iria desmaiar a qualquer segundo.

- Pronto. - Ele tirou a faca da minha boca e me deixou sangrando com a boca literalmente aberta. - Como eu não quero que sangre até a morte, vou pedir pra que alguém te costure. Mas tenha certeza que as cicatrizes não ficarão nada bonitas. - Ele gargalhou e saiu.

Qual é o problema dele? Ah, é verdade. Ele é um completo psicopata.

Talvez se eu repetir isso várias vezes pra mim mesma eu vou aceitar esse fato. Crescer pensando que a pessoa é de um jeito e depois descobrir que ela é totalmente diferente do que você pensava, é muito difícil. Ser deixada sangrando em uma cela também. Um homem entrou, rapidamente costurou minha boca, deixou um espelho na minha frente e me deixou sozinha.

Cara, eu estava horrível. Não sei como descrever isso que ele fez em mim. Pensa em uma coisa horrível. Muito horrível mesmo. Se você multiplicar essa coisa dez vezes, não vai chegar perto de como o meu rosto estava.

* * *

Depois de muitas horas, ouvi barulho de tiros e de socos sendo acertados. A dor em meu rosto era muito menor do que antes, mas ainda existia. Eu não entendia o que estava acontecendo. Seriam apenas as minhas alucinações voltando? Faz muito tempo que não tenho uma, deve ser por causa da dor que senti. Do nada a porta da minha cela escancarou, e encarei o Pistoleiro e o Bumerangue.

- Oi meninos. - falei e sentia meu corpo ficando mais fraco.

- Nós a achamos. - ouvi o pistoleiro falando. - Pega ela. Vou chamar os outros.

O Bumerangue soltou as algemas que me prendiam e eu caí no seu colo.

Eu estava muito fraca.

- Tudo bem. Te peguei. - ele falava enquanto me ajeitava. Queria rir, mas não tinha forças. - Parece que ele fez um trabalho horrível. Você ter sofrido. - Tentei fechar meus olhos, mas ele me impediu. - Preciso que fique acordada. Você não pode desmaiar ainda.

Enquanto ele me levava pra fora daquele lugar, percebi que o estrago que eles haviam feito tinha sido enorme. Muitas pessoas mortas no chão, marcas de sangue pra todo lado, vidros quebrados, paredes com marcas de tiro, e um bumerangue.

- Seu... Bumerangue... - falei com esforço. Ele estendeu a mão, e o tirou da parede sem esforço.

Quando senti o ar frio no meu rosto, foi quando eu percebi que o inferno havia acabado. Minha mãe começou a gritar logo depois que me viu, e não sei se aguentaria um ataque de histeria dela agora.

- Posso? - perguntei ao Bumerangue.

- Fique a vontade. - ele finalmente autorizou, e finalmente perdi minha consciência.

* * *

Quando acordei, estava na mesma ala hospitalar em Belle Rieve. Levei uma das minhas mãos para o meu rosto e senti um relevo nas minhas bochechas, mas não igual estava antes.

- Quinn.
- Waller. O que fizeram no meu rosto?
- Arrumamos. Bom, fizemos o melhor que podíamos, mas ainda estão aí.
- Posso arrancar isso aqui? - Falei sobre os aparelhos.
- Sinta-se á vontade.

Logo após me levantar, Waller se dirigiu a saída. Procurei um espelho pela ala, e quando finalmente achei, fiquei encarando as cicatrizes.

Eles conseguiram arrumar bem. Nos lugares que eram pra existir cicatrizes horríveis, existiam duas faixas finas, em forma de sorriso. Como eu sabia que se eu não tivesse passado pela cirurgia, elas não estariam bonitas? Porque ele praticamente dilacerou a minha boca.

Vesti o macacão laranja de novo e saí da ala hospitalar, me dirigindo de volta para as celas. Todos os membros do Esquadrão me olhavam, provavelmente por causa da cicatriz, ou pela confusão que já tinha feito no meu primeiro dia aqui.

- Porque todos não param de me olhar? - perguntei a minha mãe, me sentando ao lado dela.

- Sei lá. Estou feliz que tenha voltado. Fiquei muito preocupada. - Ela me abraçou.

- Você parece normal todas as vezes que fala comigo. Como se não fosse louca, sabe?

- Talvez eu fique mesmo. - nos olhamos e rimos. - O que está acontecendo entre você e o Capitão Bumerangue?

- Eu e ele? Nada! - ela ficou me olhando desconfiada. - Mãe!

- Tá bom Lilly. Vou fingir que acredito. Ele não para de olhar pra você, e você devolve o olhar.

- Mãe...

- Eu só não quero que você tenha problemas. Aquele cara é o problema em pessoa.

- Olha pra mim. Eu tenho mais problemas que a maioria das pessoas aqui, e metade deles vem por causa do meu pai.

- Eu sei Lilly. Só toma cuidado, tá bom?

- Eu... - Ia falar mas fui interrompida.

- Quinn! - Eu e minha mãe olhamos para o Bumerangue. - A ruiva.

Olhei pra minha mãe e ela rolou os olhos. Me levantei e fui falar com ele.

Eu não entendo o porquê das pessoas terem, sei lá, medo que eu me relacione com outras. Principalmente a minha mãe. Quando eu estava em Arkham, ela fazia questão de ir me visitar, mesmo sabendo que eu conseguia me virar muito bem sozinha.

- Capitão. - me sentei ao lado dele. - O que você quer?

- Saber se estava bem. Você passou por bastante coisa.

- Eu sou a filha do Coringa, já passei por coisas piores.

- Do tipo, ser jogada em produtos químicos? - Ele disse e nós rimos.

- Mais ou menos. - ficamos em silêncio e aquilo se tornou constrangedor. - Você responderia uma pergunta, por mais boba que fosse?

- Sim.

- Lançar um dos seus bunerangues é a mesma coisa que lançar uma das minhas facas? - Perguntei e ele soltou uma risada fraca.

- Mais ou menos. O jeito de lançar muda um pouco. E as facas não voltam pra sua mão.

- Definitivamente não.

Eu e ele conversamos durante bastante tempo, até que mandaram que voltássemos para as celas. Com muito pesar, me levantei e me joguei no concreto duro que eles classificavam como cama. Quando minha mãe passou pela minha cela, piscou pra mim e seguiu seu caminho.

Eu realmente havia passado por bastante coisa para alguém da minha idade. Nenhuma menina do ensino médio foi jogada em produtos químicos, cresceu em um hospício, ou teve a boca dilacerada. Tirando o fato de ter um pai psicopata e uma mãe maluca.

Mas eu gostava da adrenalina. Para mim, acordar todos os dias sem saber o que iria acontecer, era muito bom. Eu gostava da incerteza e do perigo, sempre gostei. E agora eu tenho certeza,

Eu sou completamente louca mesmo.

The J Family Onde histórias criam vida. Descubra agora