Já fazia quase um mês desde que a Suellen tinha me soltado aquela bomba nuclear nas mãos, e eu ainda passava horas olhando pro nada pensando no assunto.
Grávida. Do Daniel. Primo dela.
Ok, eles não são primos, primos. Tipo, ele é adotado, então tecnicamente, ele é um cara qualquer. Mas fazem parte da mesma família. E teoricamente estavam proibidos de namorarem. Quanto mais de fazerem sexo. E bebês.
Cara, ela estava tão ferrada que eu nem conseguia descrever!
Eu ainda me lembrava dela chorando no meu colo naquela maldita pracinha, onde eu jurei que nunca mais passaria com medo de que a uruca tivesse algo a ver com o lugar. Tipo “toda vez que você passar aqui alguém vai te dar uma péssima notícia”. Mas nem era uma notícia tão ruim assim, né? Tipo, ela ia ser mãe. Quão terrível isso pode ser?
Não sei a quem eu estou querendo enganar. Acho isso um desastre e ponto final.
De qualquer maneira, a Suellen havia me dito que ninguém sabia além de mim, mas que ela não sabia quanto tempo mais podia esconder. Sua mãe estava achando que ela tinha bulimia de tanto que ia no banheiro vomitar, e a Bela já estava mais que desconfiada. Nem pro coitado do Daniel ela tinha contado ainda. E quando eu perguntei quando ela pretendia contar a verdade, tudo que ela me disse foi:
- Não sei. Mais pra frente. Deixa o Natal passar.
Só que o Natal passou, e quando eu liguei, ela me disse baixinho que não tinha coragem ainda. Depois do ano novo. Assim ela não estragava a festa de ninguém.
Mas o ano novo veio e passou, e já estávamos no meio de janeiro e ninguém sabia ainda. Eu não fazia idéia de quanto tempo ela achava que podia segurar aquilo – tipo, uma hora a barriga ia começar a crescer -, mas eu estava preocupada. Porque, e se acontecesse alguma merda e a Bela descobrisse e contasse pros pais? A Su estaria ferrada. Isso sem falar nas mil outras possibilidades de algo dar errado.
Eu ainda estava pensando nisso quando ouvi a porta da frente se destrancar. O tédio me dominava; talvez fosse por isso que eu dedicava a maior parte do meu dia a pensar nos problemas dos outros. Me levantei da cama, onde eu estava deitada encarando o teto à procura de alguma coisa interessante, e fui até a sala, onde a minha mãe já estava trancando a porta.
- Boa noite. – falei, indo até ela e dando um abraço. Em dias normais eu não faria nada disso. Mas ela tinha roubado o fio da internet no mês anterior, então eu usaria de todos os meus artifícios de filha dedicada pra tê-lo de volta.
Era isso ou morrer na mais pura falta do que fazer!
- Em casa de novo? – minha mãe perguntou, estranhando. Deviam fazer umas duas semanas que eu não saía. A situação estava tão crítica que ela estava me dando bronca por não sair.
- Pois é. – fiz cara de coitada – Eu poderia até convidar alguém pra sair, mas o telefone de casa não faz ligações pra celular, o meu celular está sem crédito e você tirou a minha internet. Basicamente, a culpa é sua por eu estar em casa.
- Ai, quanto drama! – mamãe revirou os olhos – Mas seus problemas estão acabando. – ela revirou a bolsa e tirou de lá um envelope branco do tamanho da palma da mão – Aqui, abre.
Eu ia perguntar o que era, mas achei melhor simplesmente abrir. Rasguei o adesivo que “lacrava” o envelope e de dentro dele tirei um papelzinho quase diminuto, preto, com letras em prateado, contendo o nome de uma balada caríssima em São Paulo, uma data e um horário.
- Ok, o que é isso?
- Convite de aniversário da sua prima.
Claro. Tinha a cara da Giovanna. E eu colocava a minha mão no fogo como era o coitado do Pierre – o noivo francês hiper gato dela – quem estava bancando aquela brincadeira.
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O Diário (nada) Secreto - vol. 3
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