Capítulo 18 - No Flagra

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Quando acordei na manhã seguinte, eu me sentia mais leve do que vinha me sentindo há meses.

Ter resolvido as coisas com o Diego tinha me dado um tipo de liberdade e alegria totalmente novas. Mas finalmente acertar os ponteiros com a Marina tinha sido como arrebentar correntes que eu nem percebia que estavam me prendendo. Era tão bom não ter que esconder nada dela, poder comemorar a nossa amizade e viver o meu namoro com o Diego sem rodeios, sem segredos!

Claro que ele não sabia de nada disso ainda. Eu não havia respondido a mensagem que ele me enviara naquela tarde, e depois que meu pai pegou a Marina em casa, já depois das 9 da noite, eu não tinha sentido necessidade de ligar pra ele. Ao invés disso, me preparei pra fazer uma surpresa.

Ele já estava no pátio quando eu cheguei, batendo papo com o Henry e alguns outros garotos da nossa turma. A Lana estava sentada numa mesa, fones nos ouvidos, apostila aberta, provavelmente estudando. A Bela estava sentada no chão ao lado de uma garota que eu não conhecia, mas cuja identidade eu podia muito bem imaginar, e me acenou um tchauzinho quando nossos olhares se cruzaram. Nem minhas prima, nem a Marina estavam por ali.

Meu coração estava a mil – se de felicidade ou nervoso, eu não sabia dizer. Não importava. Agora isso nunca mais faria diferença.

Fui direto até o Diego e pus a mão no ombro dele. Ele parou o que estava dizendo e se virou pra mim, um ar de surpresa estampado no rosto.

E aí eu o beijei.

Assim. Na lata. Na frente de todo mundo. Como vinha querendo fazer desde que voltamos de férias.

E foi tão, tão, tão bom!

- Eita, porra! – o Henry exclamou, e ele e os outros garotos riram como crianças idiotas. Não podia estar menos preocupada.

- Ah... bom dia? – o Diego disse, quando o soltei. Ele estava claramente em choque, mas eu não conseguia parar de sorrir.

- Bom dia, namorado. – brinquei, e a expressão dele se aliviou.

- Bom dia, namorada.

- Como é a história aí? – Henry perguntou, arqueando as sobrancelhas. 

Eu e o Diego sorrimos um pro outro. Nós não tínhamos que explicar nada pra ninguém.

Desnecessário mencionar que a história do nosso namoro vindo à tona explodiu pelo colégio antes mesmo da hora do intervalo.

Claro que nós colaboramos. Depois do beijo surpresa, saímos de perto do resto do pessoal e ficamos juntos até o sinal tocar pro início das aulas. Contei pra ele em palavras rápidas a minha conversa com a Marina, e então, pela primeira vez em uma eternidade, pude abraçá-lo no meio do pátio, respirando aliviada e sem medo dos olhares e comentários fofoqueiros.

Que falem. Que gritem. Que espalhem. O Diego era meu, meu namorado, e eu queria mais era que o mundo inteiro soubesse.

Entramos na sala só depois que todo mundo estava acomodado, e recebemos assobios de provocação quando chegamos de mãos dadas. Eu ri, corada mais de alegria do que de vergonha. Não tive como não reparar nas expressões de cada um dos meus amigos, parecendo lutar pra ganhar minha atenção.

A Giovanna estava batendo palminhas animadas enquanto cochichava algo muito rápido no ouvido da Sabrina, que cobria a boca com as mãos, parecendo conter um grito; a Bela, lá do fundo da sala, me exibia um sorriso chocado e erguia os polegares para mim. A Lana sorria e revirava os olhos, cada centímetro do seu rosto gritando EU JÁ SABIA. E a Marina...

A Marina apenas sorria pra mim, muito satisfeita. E isso era mais do que suficiente.

Com Setembro começando, e o fim do ano letivo cada vez mais próximo, a pressão pré-vestibular só aumentava. Dava pra ler o cansaço nas linhas de expressão de cada um dos meus colegas; era como se a cada dia, a gente envelhecesse dez anos. Trinta, se fosse dia de prova.

O Diário (nada) Secreto - vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora