Capítulo 8 - Disse Me Disse

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Cheguei na escola, e a Marina estava sentada sozinha, parecendo cabisbaixa. Me aproximei, joguei minha mochila sobre a mesa e disse:

- Bom dia.

- Oi. – ela murmurou. Estranhei.

- Tá tudo bem? – perguntei. Ela balançou a cabeça devagar.

- Eu terminei com o Diego.

Pausa.

Eu tinha escutado direito?

- Como é que é? – indaguei, já sentindo o coração saltar pra boca.

E foi aí que ela abriu um tremendo sorriso e começou a rir da minha cara.

- Primeiro de Abril!

Argh!

Ela ainda estava rindo, quando, minutos depois, o Diego chegou, vindo do banheiro. Evitei olhar pra ele. E pra ela. E pra qualquer coisa fora da apostila de geografia. Eu esperava me afogar em perguntas de vestibular antes de me permitir ter aquela minúscula fagulha de esperança de novo.

O pessoal foi chegando, meio quieto, meio ansioso. Tínhamos prova já na primeira aula, e os ânimos estavam alterados. Estávamos apenas concentrados nos estudos de última hora, quando a Giovanna chegou, com a Sabrina logo atrás, compenetrada no seu celular.

- Me-ni-nas! Vocês não sabem! – a Nana disse, toda animada, batendo o fichário com força na mesa.

- O que vai cair na prova? Não, não sei mesmo! – a Suellen exclamou, a meio caminho do desespero.

- Que prova, o quê! Melhor do que isso!

- O que foi? – fiz a gentileza de perguntar, já que ela estava claramente morrendo de vontade de contar.

- Recebi um monte de kits de maquiagem e perfumes por causa da minha próxima campanha, e, como eu to me sentindo especialmente generosa ultimamente, quero fazer uma reuniãozinha lá em casa pra dividir esses mimos com vocês!

A Lana, a Marina e a Suellen deram suspiros tão altos, que quase pareciam gritos. Até eu, admito, fiquei tentada com a ideia.

- Mas eu to de castigo! – lembrei, com pesar. A Giovanna revirou os olhos.

- É na minha casa, boba! Já pedi pra minha mãe ligar pra sua!

- Fechou festa do pijama, então? – a Lana bateu palminhas de animação. E o sinal tocou.

- Mas primeiro, eu preciso fechar o bimestre. – comentei, e, só por precaução, fiz o sinal da cruz e uma rápida prece. Sabe como é: uma ajudinha nunca é demais.

A estratégia de deixar a comunicação e a autorização entre minha mãe e minha tia acabou dando certo; depois de uma longa conversa sobre “merecimentos” e “como você tem se comportado”, ela me permitiu passar o fim de semana na casa das minhas primas.

Mas então, na sexta-feira...

- Meninas! – a Giovanna chegou, afobada, na hora do intervalo. Ainda estava com o celular na mão, parecendo atônita – Mudança de planos!

Eu, a Lana e a Marina nos entreolhamos. A Suellen tinha acordado indisposta e faltara à aula. E a Sabrina digitava freneticamente. Eu queria muito saber com quem diabos ela estava conversando!

- O que foi? – a Lana perguntou, e a Giovanna fez uma careta sem graça.

- Então. Minha mãe me ligou, e o Pierre acabou de chegar lá em casa!

- O quê? – dissemos, todas ao mesmo tempo, de um jeito quase cômico.

- Ele não me avisou que vinha! Queria me fazer uma surpresa!

O Diário (nada) Secreto - vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora