—Chegamos! —minha mãe anunciou animada.
Ela exibia o clássico sorriso que dizia: "finalmente vou me livrar de você, otária!".
—Yuppppp. —comemorei falsamente, saltando do carro com minha mochila, guarda-chuva e pote de biscoitos.
—Vou procurar a diretora, aproveite e vá conhecer o lugar, fazer amigos... Divirta-se!
—É, acho que vou aproveitar minha camiseta de fazer amigos e procurar um portal para Nárnia ou para o inferno, quem sabe? Talvez eu encontre alguém que ache esse lugar tão empolgante quanto o inferno! —resmunguei com ironia, arrumando a mochila em meus ombros, enquanto olhava em volta.
Esperei até que minha escolhesse sua direção e quando ela saiu, saltitante e animada, segui para o lado contrário, decidida a desbravar o colégio de esnobes ao qual estava sendo confinada.
***
Cinco minutos. Foi o tempo exato que levou para que eu desejasse sair gritando e provocando o caos. Tudo, desde as parede impecáveis, corredores longos e luzes com sensor de movimento, era organizado. E as câmeras que acompanhavam cada passo meu só serviram para fazer sentir uma criminosa quando parei para guardar os biscoitos na mochila.
Não havia sequer uma mancha de dedos na parede, pintadas em um monótono tom pastel. Era tão calmo que quanto mais eu avançava mais eu desejava pegar meu skate e deslizar pelo corredor gritando e atirando confetes.
Torci o nariz para o terceiro quadro de regras que havia sido colado no mesmo corredor, totalmente alheia ao caminho. Se ninguém havia parado para ler os dois primeiros, por que o fariam no terceiro?
Ilógico, constatei segundos antes de trombar com outra alma desatenta.
—Merda. —praguejei, incapaz de manter o equilíbrio e caindo de bunda no chão.
—Inferno, será que dá para olhar por onde anda? —irritado, o garoto perguntou e eu estreitei meus olhos sobre ele, levantando rapidamente.
—Quem acabou no chão fui eu, do que você está reclamando? —perguntei, levantando uma sobrancelha.
—Dá sua falta de atenção, meio metro! —provocou, afastando o cabelo louro, que quase cobria as sobrancelhas, da testa.
Examinei os ombros largos e a forma os olhos, grandes e castanhos, estavam atentos a cada movimento meu. Os lábios, carnudos e avermelhados, sustentavam um pequeno sorriso.
Estreitei meus olhos sobre ele.
—Do que você me chamou? —perguntei, fechando uma mão em punho enquanto usava a outra para puxar o guarda-chuva que eu havia enroscado na alça da minha mochila.
Grande ou não, eu acabaria com a raça daquele mimadinho em dois tapas.
—Meio metro. —repetiu e cruzando os braços sobre o peito, deu um passo a frente.
Eu sorri, ele não precisava me desafiar.
—Repita isso depois que eu arrancar seus dentes. —sugeri, avançando em sua direção com meu punho e guarda-chuva.
Ele sorriu com diversão mal contida.
—Por que você está parado aí, Dan? A diretora vai vir atrás de você e se te achar aqui, dê adeus ao fim de semana em... quem é você? —a garota ruiva que vinha falando sem parar, perguntou parando diante de nós, arqueando uma sobrancelha bem desenhada.
—Um anjo enviado pelos céus para arrebentar a cara desse otário. —anunciei, sorrindo e com meu punho fortemente cerrado.
—Dan? —ela se virou sugestivamente para o garoto, que manteve seus olhos fixos em minhas mãos.
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S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||
Teen FictionCapa oficial pela editora Autografia O amor e a dor se misturavam na loucura caótica de seus dias de rebelde sem causa. Emily Madson nunca foi uma garota fácil de lidar e tudo piora quando ela é obrigada a enfrentar um luto profundo. Afinal, perdas...