Existe uma coisa que ninguém conta, enquanto te incentivam a correr e a levar uma vida saudável, e isso é: você vai precisar disso se um dia precisar fugir. Quer dizer, não importa o quão acostumada eu estivesse a fugas, minha vida sedentária cobrava o preço. Sem falta.
Enquanto estava agachada em um beco, tentando voltar a respirar normalmente, meu celular tocou:
-Espero mesmo que esteja ligando para dizer que está com saudades, caso contrário estou desligando. -resmunguei ofegante, sabendo que a única pessoa que me ligava era Matheus.
-Alguma vez eu já te liguei por outro motivo, Mad? -perguntou rindo.
-Você é um babaca.
-Sim, um babaca que está com as suas tintas e pronto para te pegar a onde quer que esteja. Soube que o colégio fica quase fora da cidade, achei estratégico e perigoso. E aliás, por que está ofegante? -perguntou.
-Estou... estou a uma rua do prédio central. Tive que correr sem parar de uns armários.
-O portal para Nárnia está tentando te engolir? -debochou.
-Não faz nem uma semana que fui mandada embora e suas piadinhas já decaíram. Céus, o que vai ser de você?
-Há. Há. Há. Chego em cinco minutos. -resmungou, desligando.
Guardei meu celular no bolso e olhei em volta, antes de me sentar no chão.
Eu odiava becos, eram escuros, desertos e faziam uma parte de mim acordar. Toda vez que eu passava por um deles uma parte minha entrava em colapso, como um celular pifando, sem saber se vai ligar ou então morrer de vez. O problema real disso, era que, se essa parte decidia ligar, eu tendia a querer me desligar. E não era bonito.
-Eu já disse que você não deve ficar em lugares como esse. Você nunca me escuta? -a voz de Matheus me fez pular.
-Na maioria das vezes não. Só quando você diz algo que posso usar contra você futuramente. -dei de ombros e ele sorriu, se aproximando e estendendo a mão para me ajudar.
Suas mãos envolveram as minhas e ele me puxou com força, fazendo com que eu batesse contra seu peito e alça da mochila que ele carregava, escorregasse.
-Babaca. -disse sorrindo, lançando meu punho em seu ombro.
-Já disseram que apesar dessas mãozinhas pequenas e delicadas seus tapas e socos doem como o inferno? -perguntou, passando a alça da mochila pelo o outro braço e esfregando o lugar onde eu havia batido. -Aliás, elas devem ser a única coisa delicada em você. Isso se não considerar esse rostinho angelical, o que também é uma fraude. -reclamou.
Revirei os olhos, começando a caminhar:
-Na verdade ninguém chegou a reclamar comigo, o que me leva a uma certeza: você ficou molenga! -dei de ombros.
Ele bufou:
-Eu não tenho culpa, depois que você começou a nos livrar dos valentões eu fiquei mais tranquilo. -provocou. -Mas molenga, Em's? -perguntou entrando na minha frente.
-Pior que gelatina. -insisti, tentando dar a volta, mas sendo impedida pelas mãos dele, me agarrando e me jogando sob o ombro.
Um verdadeiro saco de batatas.
-Matheus! Isso não te faz menos molenga. -gritei, socando suas costas que estava quase coberta pela mochila.
-Olha só, você fica mais fraca de ponta cabeça. -brincou, me fazendo dar um beliscão em sua lombar. -Merda, isso dói.
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S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||
Teen FictionCapa oficial pela editora Autografia O amor e a dor se misturavam na loucura caótica de seus dias de rebelde sem causa. Emily Madson nunca foi uma garota fácil de lidar e tudo piora quando ela é obrigada a enfrentar um luto profundo. Afinal, perdas...