Capitulo Dois

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Quando cheguei em casa, minha mãe me esperava na sala e, sem me dar tempo, anunciou:

—Arrume suas malas, sairemos cedo.

Eu não queria arrumar as malas ou ir para um colégio interno. Não queria me tornar uma reclusa, cercada de engomadinhos.

—Não tenho muito para arrumar, minha estadia vai ser curta. —falei, seguindo para a cozinha. —Só preciso de um isqueiro, estilete, tinta, meu skate e muita criatividade.

—Ande Emily, suba e arrume suas malas! E nem pense em levar qualquer uma dessas coisas! —ordenou. —Eu vou checar sua mala.

—Para que a pressa mamãe? Não vão ser algumas malas que irão te impedir de se livrar de mim, não é mesmo? —perguntei, enchendo um copo com água.

—Estou fazendo isso para o seu bem, menina ingrata!

Ah, eu sorri, tomando um gole da água.

—Para o meu bem? Tem certeza? — indaguei amarga. —Você, que nunca pensou em mim, está fazendo algo para o meu bem? Nem você acredita nisso. —falei e, abandonando o copo no balcão, passei por ela e subi para meu quarto.

Sobre minha cama havia duas malas abertas, apenas esperando que eu as preenchesse, mas eu não queria. Tudo o que eu mais desejava era atirar aquelas malas pela janela e me erguer contra minha mãe, como tinha feito durante os últimos anos, mas não o fiz. Pacientemente organizei minha mala com tudo o que viria a precisar.

No fim, eu faria desse impasse uma aventura. Eu traria cor, diversão e confusão a esse colégio, porque é isso que Emily Madson sempre faz.

E nada é o mesmo depois de mim.

***

—Emily Madson, eu acho melhor você não me obrigar a ir aí te tirar da cama. —Edna gritou.

Talvez ela tivesse um autofalante nas cordas vocais.

—Droga, você consegue não gritar por pelo menos cinco minutos? —resmunguei, colocando um travesseiro sobre minha cabeça.

Suspirando, joguei o travesseiro para o lado e me levantei, prendendo meus cabelos em um rabo alto.

Ignorei todos os gritos de minha mãe enquanto me vestia e também enquanto organizava meu quarto. Apenas deixei que ela gastasse sua voz como bem entendesse.

—Ok, está tudo comigo. — Minha mãe murmurava, organizando alguns documentos. —Anda Emily! —ela gritou, só então me vendo terminar de descer as escadas.

—Já estou aqui, não precisa gritar. — Murmurei, revirando os olhos.

—Ok, Emily, documentos... O que falta? O que falta? —perguntava, olhando em volta, exibindo suas sobrancelhas levemente arqueadas.

Enquanto esperava que ela percebesse, segui até a cozinha e alcancei o grande pote de biscoitos que ficava disposto sobre o balcão.

—Onde estão suas malas? —ela finalmente perguntou.

—No meu quarto. — Dando de ombros, eu respondi, mastigando um biscoito.

—Merda, já estamos atrasadas, Emily. — Gritou outra vez.

—Relaxa, a melhor chega por último. —Provoquei, mesmo que ela já estivesse prestes a desaparecer no corredor.

—Eu sei o que você está tentando fazer e não vai dar certo. —Avisou, voltado com a mala e minha mochila.

Peguei minha mochila e olhei:

—E o que eu estou tentando fazer? —Perguntei, curiosa.

Revirando os olhos, Edna gesticulou para a porta:

—Só... Entra no carro. —Mandou irritada.

—Vou levar isso. —Avisei, erguendo o pote de biscoitos. —E isso. —disse, alcançando um guarda-chuva. Afinal, nunca se sabe, não é?

—Leve o que quiser, mas entre no carro! —insistiu, parecendo prestes a explodir.

—Tudo bem, então vou lá pedir o cachorro da vizinha.

—Emily Madson!

Eu ri e segui para o carro.

Quando o carro finalmente se pôs em movimento, ela começou com seu discurso ensaiado, sobre como eu amaria o colégio, mas ela não se importava. E eu sabia.

—Não importa se eu vou gostar ou não, não é? —Perguntei. —Então não finja que se importa, só faça o que sempre fez: finja que você não tem mais filhos!

S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||Onde histórias criam vida. Descubra agora