Capitulo Dez

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20 de março de 2014. Um ano e alguns meses antes.

—Vai mãe, por favor. —implorei, juntando as mãos diante do rosto.

—Não. Você não vai a lugar algum, muito menos depois do incidente na escola. —Edna disse irredutível. 

—Amanhã é meu aniversário e eles prepararam isso para mim! Matheus dedicou quase um mês a isso. —argumentei, tentando apelar para o amor que ela sentia pelo meu melhor amigo. —Miguel? —eu me virei para meu irmão em busca de ajuda.

Ele sorriu, como quem diz que eu devia ter calma; com aquele sorriso que me fazia sentir uma paz sem igual.

—Sem Miguel, Emily! Volte para seu quarto e procure outra coisa para fazer. —ordenou e eu bufei, seguindo para meu quarto.

Bati a porta com força e me sentei no meio da cama.

Não demorou nem cinco minutos para que ele aparecesse, com os cabelos castanhos quase alcançando os olhos escuros e um sorriso zombeteiro nos lábios.

Gostaria de congelar o tempo nesse momento e então ter esse sorriso diante dos meus olhos pelo resto da vida.

—Preciso dizer que a porta não é a mamãe? Você não pode descontar sua frustração em quem não tem nada a ver, estrelinha. —ele disse e seguiu para a janela, abrindo-a. —Esteja no lugar de sempre às duas, me ouviu? — perguntou sorrindo, deixando evidente a preocupação. Eu era a garotinha dele, afinal. — Vou arrebentar o Matheus se não estiver lá quando eu chegar. —provocou.

Pulei da cama e corri até ele, me jogando em seu colo.

Ele riu e me girou.

Miguel era tudo para mim. Toda minha vida girava em torno dele.

—I love you. —cantarolei e ele me apertou, antes de me colocar no chão.

Segurando minhas bochechas entre as mãos, ele beijou minha testa:

—I love you too. —sussurrou. —Se cuida, ok?

—Sempre, Miguelito. —devolvi, pegando meu celular e seguindo para a janela.

—Ei. —chamou, antes que eu pulasse. —Amanhã você ficará comigo o dia todo. É nosso aniversário, então: sem bebidas, sem festas e sem Matheus. —apontou, erguendo os dedos como se estivesse enumerando.

—Você é quem manda, vida! vou limpar minha agenda. —avisei. —Amo você. —disse e pulei, ouvindo a risada dele ecoar e me aquecer.

***

Sentei na calçada e olhei o relógio do celular. Faltavam alguns minutos para as duas, então ele não demoraria. Eu poderia ir sozinha, mas Miguel odiava a ideia de que eu perambulasse a noite desacompanhada e Matheus não podia deixar sua casa com aqueles adolescentes cheios de álcool e vazios de juízo somente para me acompanhar.

Cruzei os braços e me encolhi, sentindo o vento gelado. Estava frio, mas a rua ao menos possuía iluminação. Eu não tinha medo. Pelo menos não até essa noite.

Ainda que não houvesse mais o que temer, depois dela.

—Olá, meu amor. —a voz fria de Tyler soando próxima ao meu ouvido, fez com que eu me levantasse em um pulo.

Tyler era um idiota. Ele e meu irmão tinham certa rixa e ainda que ninguém realmente entendesse o que havia acontecido entre eles as faíscas de ódio quando se encontravam eram visíveis a qualquer um.

—O que você quer, Tyler? —perguntei, revirando os olhos.

Miguel e eu éramos assim: se você não gosta de alguém, eu também não gosto; se você está doendo, então eu também estou.

S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||Onde histórias criam vida. Descubra agora