Capitulo Nove

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Era estranho ser alvo do olhar atento de alguém, diria que até mesmo ruim, mas enquanto eu comia, não pude deixar de notar que os olhos de Daniel lembravam chocolate derretido, e era algo fascinante demais para que eu os arrancasse.

—Como você consegue comer tanto? —ele perguntou fazendo careta enquanto eu terminava o restante do suco.

—Uma frase, três palavras e dez letras: comer é vida! —declarei.

—Você é estranha. —resmungou. —Mas então, por que estava toda esquisita hoje mais cedo? E com isso quero dizer mais esquisita que o normal. —falou. —Em um nível preocupante. —acrescentou.

—Eu ainda não gosto de você, então as chances de eu falar sobre a minha vida, ainda mais com você, são nulas. —disse e sorri.

—Ainda? Quer dizer que vai gostar?

—Céus. Você bateu a cabeça ou o que? —perguntei. —Isso não vai acontecer nem nos seus sonhos. —decretei.

Ele levantou as mãos em sinal de rendição e as abaixou rapidamente, debruçando-se sobre a mesa com determinação estampada em seu rosto:

—Imunidade baixa? —perguntou rápido, apontando para o meu moletom.

—Você é muito irritante e eu estou tentada a arrancar sua língua. E os olhos. Pare de me olhar como se fosse encontrar em mim as respostas para os problemas desse universo perturbado. —ordenei.

—Uau, você explode fácil, fácil. —comentou, se afastando e sacudindo a cabeça em negação.

—Eu tenho um problema com controle da raiva. Vou te mostrar. —afirmei, me erguendo.

Eu estava pronta para agarrar a camisa dele. Pronta para soca-lo até aquele sorrisinho desaparecer e eu já podia ouvir os anjos cantando em agradecimento. Enquanto isso, Daniel estava pronto para se esquivar, os lábios estavam meio abertos e os olhos arregalados com surpresa, mas antes que qualquer um de nós se movesse, alguém me puxou para trás, me fazendo sentar outra vez:

—Nem pense nisso, Em's. —Matheus advertiu, sentando ao meu lado, enquanto Guilherme e Carolayne se acomodavam ao lado de Daniel.

—Você sabe o quanto eu estou esperando por essa oportunidade? —perguntei emburrada.

—Posso imaginar, mas você vai lidar com isso. Se bater nele, diga adeus para sua liberdade e olá para as noites jogando cartas com seus amigos da prisão. —falou. —Afinal, o que vocês estão fazendo juntos? Querem explodir esse lugar?

—Ela caiu e eu fiz minha boa ação do dia carregando-a até aqui, mas você deve saber que ela é temperamental e quase me atacou. —ele declarou, sorrindo inocentemente.

Puff. A cara dele nem ficava vermelha diante de toda aquela falsidade.

—Você caiu? De skate? —Math perguntou e virou para me olhar.

Meu humor desceu drasticamente com o tom e com a pergunta dele. Nós dois sabíamos o que aquilo significava. Desde que Miguel havia me ensinado a andar de skate eu jamais tinha caído, porque ele sempre estava lá. Não importava o quão boa eu estava ficando, Miguel sempre estava por perto para me segurar.

—Acontece o tempo todo. —falei, me levantando.

—Você sabe que não é verdade. —ele rebateu. —Se foi pelo que houve hoje...

—Miguel só não estava aqui dessa vez, Math. Ele é quem impedia e agora está morto e nós dois, ou melhor, todo mundo sabe o porquê disso. —disse, me afastando com o máximo de pressa que meu pé fraturado permitia.

S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||Onde histórias criam vida. Descubra agora