Capítulo Doze

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Toda briga com minha mãe terminava da mesma forma: uma caminhada sem rumo. Eu costumava pressentir quando elas estavam prestes a acontecer, então fazia tudo para evitar, porque brigar com ela era sempre exaustivo e doloroso. Não importava como começava, Edna sempre atingia o ponto certo em mim e isso desde muito antes de as coisas ficarem realmente ruins.

Depois que eu saía, Miguel nunca levava mais que três minutos para me alcançar. Então, ele segurava minhas mãos e apenas dizia não entender como elas podiam ficar tão frias. Depois disso, ele esperava calado até que eu estivesse normalmente e só então me trazia de volta. E ele sempre sabia o que fazer para conseguir isso.

Ei azulzinha!

A mensagem na tela inicial me fez estreitar os olhos. Antes de sair do colégio Guilherme havia insistido incansavelmente até que eu desse meu número a ele, pois acreditava que as chances de eu não voltar eram grandes demais.

Guilherme?

Esse número é mesmo seu?
Uau, achei mesmo que havia me enganado.

O que você precisa?

Onde você está?

Olhei para trás, para os lados e então parei de caminhar:

Entre Nárnia e o inferno. Você não faz ideia do quão perto eles ficam.

Estou entediado. Quer ver um filme?

Hoje é seu dia de sorte, garoto da toalha.

Então você vêm?

Sim.

Vou te esperar então.

Até mais.

Guilherme!!!

Devo usar um bola de cristal para te encontrar!??

Ei, ei. Vou te mandar o endereço, Srta. Problemas com controle da raiva.

Eu ri e segundos depois a mensagem com o endereço chegou. Não era tão longe de casa, mas eu definitivamente não caminharia até lá.

Andei mais um pouco e parei o primeiro taxista que passou, recebendo seu olhar de desaprovação ao examinar o endereço:

—Fica logo ali embaixo!!! —ele apontou com obviedade.

—Sim e eu vou pagar a corrida até lá! —devolvi. —Você tem ideia de quantos acidentes acontecem porque as pessoas decidem que é "pertinho" e que podem simplesmente caminhar até lá??? —perguntei. —Por exemplo: eu poderia ser atropelada ao atravessar a rua ou então sequestrada. Isso se não considerarmos as possibilidades de eu ser atacada por um pato, jacaré ou leão. Sabe? Considerando meu nível de sorte —ou azar — tudo pode acontecer e eu gostaria de prezar pela minha segurança. —apontei. —De toda forma, você precisaria passar por ali e agora vai receber por isso. Nós dois vamos sair ganhando.

O homem me olhou com os olhos arregalados e depois de alguns segundos de silêncio, se virou e deu partida no carro.

—Se precisar de carona ao voltar apenas me ligue. Estou sempre por aqui. —o motorista disse quando paramos diante de uma casa pequena e bonita.

—Esse cara é inacreditável!!! E não queria me trazer.

Resmungando, atravessei o caminho de pedras até a entrada e afundei o dedo na campainha.

S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||Onde histórias criam vida. Descubra agora