Capítulo Cinco

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Desafie um idiota, consiga uma plateia, avance sobre outro idiota (não é tão difícil em um lugar cheio deles) e bum: chegue a onde quer chegar.

—Pronta para perder? —presunçoso com era, Daniel perguntou ao parar ao meu lado.

Arqueei uma sobrancelha e dei de ombros:

—Apenas quando você estiver pronto para deixar de ser um idiota. —rebati. —Faça as honras! —sugeri, acenando para a pista.

Com uma risada, ele firmou o skate debaixo de seu braço e deu um passo a frente:

—Já está com medo Madson? Talvez eu deva pegar leve com você.

Passando a língua por meus lábios, eu olhei em volta, absorvendo a tensão de cada um de nossos espectadores que pareciam apenas esperar o exato momento em que a selvagem garota nova, pularia na garganta do garotinho idolatrado.

—Ah não, por favor.  —neguei e dei um passo a frente, parando na frente dele. —Você sabe: o melhor fica para o final. —pisquei.

Expressando seu desacordo, ele revirou os olhos e correu para o centro da pista, sendo acompanhado por gritos e incentivos.

Daniel não era ruim, eu precisava admitir, no entanto, não parecia preocupado em ser excelente. Eu pude reconhecer cada manobra e cada manejo com a facilidade de alguém que havia crescido em torno de uma pista.

Também estava atenta ao fato de que ninguém acreditava que eu realmente podia fazer isso. Os comentários sussurrados sobre o quão enlouquecida eu devia estar eram nada menos que divertidos. Afinal, seria um show maior se eles não esperassem nada.

—Fique a vontade para fazer melhor, meio metro. —Daniel pediu, vindo ao meu encontro.

—Não vai ser difícil. —admiti, tomando meu lugar.

Com um último olhar para o mar de corpos, eu me desliguei. Era o que acontecia quando eu estava em cima do shape: o mundo simplesmente se curvava e desaparecia. Um pequeno passo e eu estava dentro de uma bolha altamente protegida, onde a liberdade era uma constante e nada era capaz de me tocar. Eu apenas deslizava e flutuava, livre como em um sonho.

Quando parei o skate soube que não precisaria me esforçar para sobreviver ao dia.

—Você me viu tentar avisar ele, não foi Carolayne? —Guilherme perguntou, parando ao meu lado.

—Não pode ser considerado um empate? —ela perguntou, me puxando de volta para a terra dos vivos, onde palmas e assovios nos ladeavam.

—E aí, como foi? —perguntei erguendo meus olhos rápido o suficiente para presenciar a aproximação de um Daniel emburrado.

—Pode não provocar ele? —Guilherme perguntou rindo.

—É claro que não, faz parte do meu itinerário. —resmunguei, revirando os olhos.

—Já estava na hora de alguém enfrentar e derrotar o grande Daniel Ryan, mas quem diria que seria você, garota-problema? —alguém disse atrás de nós.  —Espera, eu acho que é a sua cara, mas...

Eu conhecia aquela voz.

—Pedro. —cuspi entredentes, cerrando os punhos ao vê-lo atravessar a multidão.

—Você parece bem livre para mim, Madson. —provocou, franzindo o nariz.

Meses atrás, Pedro e eu nos esbarramos em uma festa. Como o imbecil que era, ele queria irritar os pais até se sentir vingado pelo carro que eles haviam tomado. Contudo, eu nunca gostei de me envolver em dinâmicas familiares, então, quando ele pediu ajuda para grafitar alguns muros, eu prontamente o dispensei.

S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||Onde histórias criam vida. Descubra agora