Capitulo Treze

107K 6.3K 1.4K
                                    

ALERTA GATILHO: Nenhum dos comportamentos nocivos descritos no capítulo devem ser reproduzidos. Não hesitem em buscar ajuda! E, por favor, interrompa a leitura caso sinta qualquer tipo de desconforto!

Math e eu caminhamos lado a lado por ruas escuras, imersos em um silêncio tão incômodo, que me fazia querer falar até o ar faltar e não existir a mínima possibilidade de acabarmos assim outra vez.

Afundando as mãos no bolso, olhei para o céu escuro e sem estrelas.

—Então... — como se lesse meus pensamentos, ele começou —vai me dizer?

Matheus me conhecia como a palma de sua mão, então ele sempre sabia quando algo estava errado ou quando minhas ações saíam ainda mais de curso. Embora eu jamais fosse dizer a ele, isso era tão engraçado quanto desesperador, pois, no fim, eu nunca conseguiria poupa-lo.

—O que quer que eu diga? —encolhendo os ombros, chutei uma pedra solta da calçada e olhei para ele.

—Talvez o motivo pelo qual você foi presa essa noite? —arriscou, arqueando uma sobrancelha. —Ou melhor, comece me contando por quê você foi até o Rafael.

Coçando minha nuca, eu olhei em volta.

—Vamos lá, eu faço esse tipo de merda o tempo todo, Math.

—Eu sei. —ele riu, acenando em concordância. —E é por isso que estou perguntando. —disse e nós paramos diante do portão de sua casa. —O que está errado?

Talvez fosse cômico, mas eu podia me sentar e passar os próximos cinco anos elencando tudo o que estava errado, a começar pelo estado decadente do mundo.

—Tudo. —confessei, me abaixando para pegar a chave que ficava escondida em um buraco no muro, estrategicamente  atrás de um grande vaso de flor. —Eu não tenho para onde correr quando as coisas ficam ruins e minha mãe nunca vai me olhar e dizer: "ei, tudo bem! O sol vai nascer amanhã e as coisas finalmente vão melhorar" e meu pai nunca mais vai poder fazer isso no lugar dela. Meu irmão? —eu ri — Ele não pode mais sentar ao meu lado e dizer que tudo bem se eu tiver estragado tudo, porque o céu vai me abraçar quando eu estiver triste. —despejei. —Ela me odeia, eu me odeio e todo esse ódio é exaustivo.

Pela forma que sua mandíbula estava tensa e pelo vinco entre as sobrancelhas, eu sabia que Matheus estava furioso. Sabia que ele queria gritar, chorar e me carregar para longe, mas naquele momento, ele deu tudo o que eu precisava apenas me abraçando. E eu me encolhi em seus braços, pois era o único lugar onde eu não parecia um mostro grande e desajeitado incendiando uma cidade de papel.

—Eu vou ficar com a sua cama. —avisei, encostando meu queixo em seu peito e erguendo os olhos para ele.

Ele me afastou, torcendo o nariz:

—Não mesmo, vou te deixar aqui na calçada. Se você for boazinha, eu arrumo uma cama no chão. —provocou. —Mas na minha cama? Sem chances. Você baba demais e ocupa toda a cama.  —resmungou e pegou a chave da minha mão, destrancando o portão.

—Eu não faço isso! —me afastei indignada, seguindo-o para dentro.

Ele revirou os olhos, bufando:

—Você pode até ser fofinha e adorável quando me abraça, mas você é absurdamente espaçosa e babenta. —fez careta e sacudiu a cabeça, estremecendo.

—Essa palavra nem existe!!!

—É claro que existe! —falou, enquanto eu fechava a porta atrás de nós.

Enquanto Math conferia se as portas e janelas estavam trancadas, eu tirei meus sapatos e empurrei-os atrás da porta, correndo pelas escadas até o quarto dele, onde me joguei na cama.

S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||Onde histórias criam vida. Descubra agora