Capítulo Quatro

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O colégio conseguia ser maior do que eu havia imaginado. Além das salas comuns, haviam as de jogos, de teatro, de música, de artes e uma enorme biblioteca, enquanto o lado de fora abrigava a área da piscina, um campo de futebol e algo que fez meu coração dar cambalhotas:
a pista de skate. 

A descoberta havia sido feita enquanto eu, casualmente, folheava o manual entregue pela diretora e, como uma criança sedenta, corri para lá.

—Você é boa, azulzinha. —um garoto disse, quando parei o skate.

—Azulzinha é os cinco dedos que a minha mão vai deixar no seu rosto. —ameacei, puxando o skate para debaixo do braço. —Ei, você é o garoto da toalha, vejo que tem roupas. —sorri.

—Garoto da toalha, é? —perguntou e rindo, passou a mão na nuca, constrangido.

—A primeira impressão é a que fica. —dei de ombros, totalmente fascinada pelas bochechas coradas dele.

—Desculpe por isso. —murmurou, corando ainda mais.

—A vergonha é sua, garoto da toalha. —provoquei, começando a caminhar. —Mas relaxa.

—Espera, você já vai? —correndo para me alcançar, ele perguntou.

—É.

—Qual é o seu nome mesmo? Você sabe, só falou sobre as suas expectativas... —apontou, rindo.

Arqueei uma sobrancelha para ele, ligeiramente curiosa:

—Se você estava na mesma sala, não devia estar em aula?

Encolhendo os ombros, ele sorriu para mim como uma criança pega no flagra:

—Biologia não é minha matéria preferida.

—Garoto rebelde. —comentei rindo. —Sou Emily Madson. —respondi, rodopiando.

Ele riu.

—Guilherme Ryan.

—Eu sei. —pisquei.

—Você já vai? —perguntou novamente.

—Sim, um mimadinho azedo derrubou meu chocolate, preciso descolar alguma coisa para comer. —falei irritada.

—"Mimadinho azedo"? —repetiu, suas sobrancelhas se unindo rapidamente, embora houvesse um sorriso em seus lábios.

—Não tem graça, garoto da toalha. —resmunguei.

—Tudo bem, vamos! —chamou, se aproximando ainda mais.

—Vamos? Para onde?

—Para a cantina. É o único lugar onde você vai encontrar comida pela qual seus pais pagam sem nem saber. —explicou.

—E quem disse que você vai comigo?

—Eu sei como descolar uma grande quantidade de doces sem que ninguém te barre por um mês por isso. —confessou.

Revirei os olhos e ele passou seu braço por meus ombros.

—Eu vou arrebentar você se não tirar o braço agora.

—Qual é azulzinha? Não vamos nos tornar grandes amigos se me ameaçar a cada cinco minutos. —falou, me puxando.

Eu ri.

—Não vamos nos tornar grandes amigos! —avisei.

—Não é você quem decide isso!

***

Guilherme não era realmente ruim. Na verdade, era apenas um bobão que ria facilmente e que obviamente não tinha medo de perder os dedos colocando-os em mim. Ele me lembrava Math em alguns aspectos e eu gostava da sensação de familiaridade.

S.O.S Internato: A Marrenta tá na área!!!-DEGUSTAÇÃO ||LIVRO ÚNICO||Onde histórias criam vida. Descubra agora