Capítulo 2

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Luka passou a noite no quarto em que estava desocupado na casa de Jurandir. Ela tinha achado estranho a questão de ter que preparar comida para ele, mas não podia fazer nada. A empregada havia se demitido a pouco tempo e Jurandir se negava a dizer o porquê. Mas coisa boa é que não era.

Já era sete e horas da manhã, e Jurandir foi até o quarto e a acordou.

— Levanta, mocinha! Hoje é segunda-feira e temos que ir trabalhar. — disse ele, sacudindo os braços dela.

Luka levantou-se e escovou os dentes. Enquanto isso, Jurandir foi tomar café e ler o jornal do dia.

Luka estava com um pouco de nojo de si mesma, mas não queria deixar de ter as regalias que ele havia prometido. Ela se aprontou e sentou-se a mesa. Tomou uma xicara de café com leite, e Jurandir a perguntou:

— Dormiu bem?

— Sim.

— Antes de abrimos a lanchonete...Nós vamos comprar algumas coisas para você. Uma atendente deve estar bem vestida para atrair os clientes...Se é que me entende.

— Ok.

Em seguida, os dois saíram na camionete. Jurandir ainda deu um beijo nela. Luka detestava, porque não era fã de homens com bigode. Eles foram até a uma loja de roupas de uma velha conhecida de Jurandir. A mulher se chamava Karen. Era gordinha, com cabelos e olhos castanhos.

Jurandir cumprimentou a sua amiga com beijinhos no rosto, enquanto Luka escolhia algumas roupas.

Karen observou de longe a garota e perguntou:

— Quem é a garota, Jurandir?

— É minha nova atendente na lanchonete.

— Sei...Só isso?

— Só.

— Onde a encontrou?

— Eu a encontrei na estrada...Não tem família, por isso resolvi ajudá-la.

— Não acha estranho o fato de uma menina bonita dessa não ter ninguém?

— Não. É só os feios que não devem ter ninguém?

— Jurandir...Não foi isso que eu quis dizer...

— Ora, Karen! Não tem nada de errado com ela.

— Ok. Me desculpe.

Luka colocou algumas peças de roupa no balcão e falou para o Jurandir:

— Pode pagar, tio.

Karen chegou no ouvido de Jurandir e perguntou:

— Tio?

— Sim, Karen! Para todos que quiserem saber...A Luka é minha sobrinha.

— Ok, amigo! Faz bem...O povo aqui tem a língua maior que a boca!

Jurandir pagou as roupas, e finalmente foram para a lanchonete. Ao chegar, Jurandir entregou o esfregão para ela e deu a seguinte ordem:

— Dê uma lavada na lanchonete e depois reponha o estoque de bebidas!

Luka pegou o esfregão e começou a lavar a lanchonete. Enquanto isso, a mulher que fazia salgados apareceu e foi para a cozinha. Ela se chamava Vera. Era casada e tinha três filhos adolescentes. No começo, Jurandir até tentou ter algo com ela, mas não deu em nada, porque a Vera não gostava de coisas erradas para cima dela. Ao voltar da cozinha, resolveu falar com a Luka:

— Você é o que do Jurandir, moça?

— Eu sou Luka, a sobrinha dele.

— Nossa! Eu nunca ouvi falar de você...

Jurandir apareceu e disse a Vera:

— Ela é filha do meu irmão que morreu a pouco tempo. Agora, vamos trabalhar, Vera?

— Ok, Jurandir!

Jurandir nunca havia se casado e sempre morou sozinho. Mas era muito safado e se divertia com mulheres. Não tinha pais vivos, apenas dois irmãos. Um deles morava em outra cidade, e era professor de matemática. Já o outro morava na mesma cidade, e era dono de uma loja de materiais para construção. Este se chamava Laercio e tinha uma única filha chamada Bárbara.

Vera foi toda desconfiada para a cozinha, e Jurandir ficou observando Luka a passar o pano no chão. Ela o olhou e perguntou:

— Estou fazendo algo errado?

— De forma nenhuma. Só peço que tome cuidado com a Vera. Ela é uma mulher muito curiosa. — e piscou o olho para ela.

— Como era o nome do seu irmão que morreu?

— Ele se chamava Paulo. Morreu afogado em um rio perto daqui.

— Eu sinto muito.

— Não sinta nada. Dói menos.

Jurandir saiu, e Luka continuou limpando o chão. Algumas horas depois, Luka estava atendendo o pessoal, e de repente chegou um casal. Era um rapaz bonito, com corpo atlético, cabelos loiros e olhos verdes. A moça era de pele morena, com cabelos e olhos castanhos. Eles entraram, e Luka ficou observando o modo como o Jurandir estava os tratando. Ele fez questão de reservar uma mesa para os dois e sentou-se com eles. Toda hora, tinha sorrisos e mais conversas. Luka não estava entendendo o porquê de tanta intimidade e chamou por Vera:

— Vera, quem são aqueles dois com o Jurandir?

— Eu pensei que soubesse...A moça é sua prima e filha de Laercio.

— É que a minha mãe se distanciou da família do meu pai... — disse Luka, nervosa.

— Eu entendo perfeitamente. Mas não imaginava que o Paulo poderia fazer uma coisa dessa...Ele largou a sua mãe?

— Sim. Foi muito triste.

Jurandir chamou por Luka. E ela foi muito envergonhada até eles. Ele levantou-se e disse:

— Esta aqui é a Luka! A minha sobrinha e filha do Paulo.

Bárbara ficou admirada, e Luka não conseguia tirar os olhos dela. Então, a sobrinha de Jurandir falou:

— Como assim, tio?

— O Paulo teve um rolo com a mãe dela e se separaram logo depois. Agora você tem uma nova prima, Bárbara!

— Prazer em conhecê-la — disse Bárbara estendendo a mão para Luka.

— Igualmente! — afirmou Luka pegando na mão dela.

Luka se sentiu estranha ao sentir a mão dela, e Bárbara a soltou.

— E esse aqui ao meu lado é o Caio...O meu namorado!

Luka ficou séria e o cumprimentou também. Jurandir já conhecia o rapaz e falou:

— Vocês formam um casal tão bonito! Não é Luka? —perguntou ele ao olhar Luka.

— Claro. — ficou sem graça ao dizer.

— Agora pode ir trabalhar, Luka!

Luka saiu de perto. Em seguida, Jurandir ofereceu salgado e suco a Bárbara e Caio, mas eles não aceitaram e disseram que apenas queria vê-lo. Eles se despediram e Luka aproveitou para olhar para Bárbara. Esta desconfiou e a olhou, mas depois voltou o olhar para o seu namorado. Ao saírem, Luka percebeu que algo estava errado ali e podia jurar que daria muitos problemas para ela depois.

Amor doente amor (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora