Capítulo 3

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As cinco horas da tarde, Jurandir mandou Luka ir embora para que ela fizesse o jantar. Ela ficou um pouco com tédio, pois detestava fazer serviços de casa. Mesmo assim foi, e ao chegar, foi direto para a cozinha. Fez um jantar normal e foi tomar banho logo em seguida. De repente, ouviu alguém bater na porta. Ela se enrolou na toalha e deu uma olhada pelo um buraquinho que havia na porta de madeira, que com certeza era estratégico e ideia de Jurandir. E nem acreditou no que viu.

— Olá, prima!

— Bárbara?

— Posso entrar?

— Claro! Sente-se no sofá até eu me trocar.

— Relaxa...Eu não vou demorar muito.

Então, Bárbara sentou-se na poltrona, e Luka sentou-se de toalha no sofá. Elas ficaram se olhando por alguns instantes. Em seguida, Luka quebrou o silêncio:

— Aceita um café? Um suco? Refrigerante?

Bárbara sorriu e falou:

— Eu aceito a verdade. Que tal?

— Não estou entendendo...

— Eu também não estou entendendo qual é a sua...Ou melhor...Quem é você?

Luka ficou séria e continuou:

— Eu sou Luka. Uma de suas primas.

— Sei...Acha mesmo que eu vou acreditar nisso?

— O meu pai Paulo deixou a minha mãe...E eu nasci logo depois. Não tivemos contato.

— Ok. Isso é o que o meu tio Jurandir fala...

— Pergunte para ele novamente! Ele ainda está na lanchonete.

— Eu passei lá novamente e vi que você não estava...A minha conversa não é com ele, e sim com você.

— Bem, desculpe desapontá-la, mas já sabe tudo sobre mim.

— Será que sei mesmo?

— Por que não acredita em mim?

Bárbara cruzou as pernas e a encarou.

— Porque o meu tio Paulo era gay!

Luka ficou assustada e sem palavras. Bárbara continuou:

— Eu e ele éramos muito amigos. Antes de morrer, ele me contou o seu segredo. Ele namorava com um homem casado aqui da cidade. Mas acabaram rompendo porque o tal homem era muito importante e isso poderia manchar a sua imagem. O meu tio ficou desnorteado e passou dias angustiado por causa disso. E pouco tempo depois, foi encontrado morto em um rio perto daqui. Alguns dizem que ele se afogou, mas desconfio que se matou por causa de seu amante.

— Eu sinto muito por isso. Mas...

— Não venha me dizer que ele teria tido um caso com a sua mãe, porque isso não cola para mim. O meu tio nunca ficou com uma mulher. E é só eu da família que sei disso...

— Eu não sei o que dizer...

— Mas eu sei! Você e o meu tio Jurandir estão envergonhando a memória do meu tio Paulo.

Luka viu que não poderia mais mentir e afirmou:

— Eu me chamo Luka mesmo, mas não sou filha do seu tio Paulo. O Jurandir me encontrou na estrada. Ele me deu um emprego na lanchonete e disse para que eu ficasse aqui.

— Ok. Mas como eu conheço bem o meu tio Jurandir...Tenho certeza que você está dando para ele em troca de regalias.

— Como sabe?

Bárbara deu uma gargalhada e respondeu:

— Ora, é simples! Você não é a primeira moça que o meu tio faz isso. Ele sempre estuprou as suas empregadas. Nunca foi preso, porque sempre ameaçou as vitimas. E todos da cidade tem um certo medo dele.

— Eu não vi outra opção...Estou sozinha. Não tenho nada. Ele disse que poderia me dar as coisas se eu transasse com ele.

— Você é imunda, garota! — falou Bárbara ao se levantar. — Como pode aceitar uma proposta dessa?

Luka ficou irada e também se levantou:

— Quem é você para me chamar de imunda? Você não sabe o que eu passei para me dizer isso...Deve ter tudo o que quer sem precisar levantar um dedo.

— Não fala do que você não sabe! O meu pai não é milionário.

— Ok. Então não precisa me humilhar, princesinha!

— Você me chamou de quê, vadia?

Luka ficou com raiva, pegou nos braços dela e a fez sentar na poltrona. Luka olhou bem em seus olhos e falou rangendo os dentes:

— Nunca mais você fala isso!

— Vai fazer o quê?

Elas ficaram se olhando por alguns minutos, e Luka olhou a boca dela e não resistiu. Ela beijou Bárbara, que ficou tentando se soltar dela. Mas Bárbara logo se entregou ao beijo. Quando terminaram de se beijar, Bárbara deu um tapa na cara dela e falou:

— Idiota! Quem você pensa que é? — ao dizer isso, saiu da poltrona e foi embora batendo a porta.

Luka ficou tocando o seu rosto e se lamentando por ter feito uma bobagem. Do lado de fora, Bárbara entrou como um furacão em seu carro, esfregou a sua mão em sua boca. Em seguida, retocou o seu batom na cor vermelha e saiu.

Quando chegou a noite, Jurandir chegou cansado, e Luka esquentou a janta para ele. Ele disse para ela continuar na mesa e percebeu que ela estava muito pensativa.

— O que houve, mocinha?

— Não é nada.

— Então sorria...

Luka continuou séria, e Jurandir repetiu:

— Eu falei para você sorrir! — socou a mesa.

Luka sorriu, e ele voltou a comer. Eles ficaram em silêncio por alguns instantes. E quando Jurandir terminou de comer, disse a ela:

— Vou te esperar no quarto...Tome um banho e fique bem cheirosa para mim. E não esquece me trazer um copo de cerveja.

— Mas eu já tomei banho.

— Tome outro. Ainda está com cheiro de alho e cebola.

Luka ficou com nojo dele, mas lavou a louça e foi para o banho. Ao terminar, saiu de toalha, foi a cozinha e pegou a garrafa de cerveja. Colocou um pouco dela no copo e antes de ir, cuspiu dentro dele. Ela foi até o quarto, Jurandir estava deitado, pelado e alisando o seu membro. Ele sorriu ao vê-la e pediu para que tirasse a toalha. Quando ela se aproximou, ele pegou a cerveja e bebeu.

— Adoro essa cerveja... Quer um gole?

— Não.

— Então, vamos ao que interessa...

Luka deixou a toalha cair e foi para cima dele, sentando-se no membro ereto dele. Jurandir delirava de tesão por ela e Luka fingia que estava gostando de tudo aquilo. Ao terminarem o ato, Jurandir deu um pouco dinheiro a ela e adormeceu logo depois. Luka foi para o quarto e resolveu tomar outro banho. E por um momento ficou pensando no beijo de Bárbara.


Amor doente amor (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora