VI

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POV Harry

Depois de toda aquela conversa com a Gemma, decidi ficar no meu quarto a descansar, não sei bem a descansar o quê, mas ter admitido finalmente que tinha saudades da minha mãe levou-me à exaustão. Eu nunca tinha admitido a alguém, nem a mim próprio para ser sincero. Eu não gostava de pensar muito sobre o assunto da minha mãe, nunca acabava bem. É um assunto que evito mesmo falar.

Algumas pessoas da comunidade sabem o que se passou com a minha mãe ou simplesmente sabem que ela morreu e nada dizem sobre isso, pelo menos à minha frente, o que eu agradeço, porque a comunidade é a minha família, não são de sangue, mas são como se fossem da minha família e se por algum motivo puxassem o assunto da minha mãe ia acabar mal e tal como não gosto de falar mal com a minha irmã, também não iria gostar de falar mal com alguém da comunidade.

Estamos a meio da tarde e continua tudo igual, não há nada de alarmante a acontecer. As pessoas estão a trabalhar, algumas a treinar, vejo também algumas senhoras a brincar com os seus filhos. Hoje o dia foi completamente normal e sinceramente agradeço por isso, depois do que nos aconteceu naquele território, não precisávamos de mais nada que nos preocupasse.

Só quero que este dia chegue ao fim, fiquei mal com a conversa entre mim e a minha irmã. Sinto que não devia ter falado mal com ela, eu sei perfeitamente que ela está triste com a situação mas ela também sabe como me sinto em relação a estas coisas.

Após toda aquela conversa e eu ter admitido que sim, que sentia falta da mãe, ela simplesmente deu-me um último abraço e um beijo na bochecha e saiu do quarto com um sorriso. Aquele sorriso, que me faz tanto lembrar a minha mãe. A Gemma é tão parecida à nossa mãe, em todos os aspetos. Ambas são muito trabalhadoras. Ambas adoram crianças. Têm um sorriso tão parecido e tão bonito. Tudo é parecido. Eu olho para a Gemma e em certos momentos eu vejo a nossa mãe. Eu realmente sinto a falta dela. Tudo seria diferente com ela aqui, ao pé de nós.

Após todos estes pensamentos, sinto-me ser levado para outro mundo, para o mundo dos sonhos. E acabei por adormecer.

Acordo assustado, não sei bem com o quê, mas depois de ficar a olhar para o teto um determinado tempo, ouço uma batida na porta.

"Harry, estás acordado? Posso entrar?" Ouço a Gemma do lado de fora.

"Sim Gemma, entra." Respondo levantando-me da cama.

"Fiquei preocupada, já passa quase da hora de jantar e tu apareces sempre no refeitório."

"Oh, eu adormeci por completo. Acordei agora mesmo contigo," digo a rir.

"Bom, então anda lá comer qualquer coisa," ela sorri.

Ela abandona o meu quarto e eu fico uns minutos a olhar para a parede e a pensar no sonho que tive. Eu vi uma rapariga, mas não consegui ver quem era. Apenas a vi ao longe e de costas, parecia estar a esconder-se de mim. Foi tudo muito rápido e definitivamente muito estranho.

Afasto todos esses pensamentos e decido então descer para ir ao refeitório comer qualquer coisa, a verdade é que não como nada desde o almoço e tenho fome.

Já não se encontra quase ninguém no refeitório, já é tarde para se jantar, já deve estar quase tudo nas suas tendas prontos para ir descansar.

Antes de voltar para o meu quarto, passo pela tenda do Louis para ver como ele está, não voltei lá depois de ir com ele à enfermaria.

Nem parece que dormi esta tarde, continuo cansado e em certa forma com sono, só quero voltar a deitar-me e adormecer novamente.

POV Amy

The survival » h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora