XXXVII

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POV Harry

Acordo e sinto uma forte pressão nas minhas mãos. Uma corda prende os meus pulsos, unindo-os dolorosamente. Um pedaço de pano está preso na minha boca, impedindo-me de fazer qualquer ruído.

Olho à minha volta e mal consigo ver com a escuridão do local. Encontro-me naquilo que parece ser um armazém. Pacotes de diversos tipos de objetos estão do outro lado da sala acompanhados por um guarda que ainda não percebeu que eu já acordei. Mal o consigo ver devido aquela zona estar parcialmente escura. Perto de mim, caixas de madeira envolvem-me, nomeadamente atrás de mim, pois estou encostado a uma delas.

As minhas costas, os meus pulsos e o meu pescoço estão a doer-me devido à posição em que me encontro. Não tenho noção à quanto tempo aqui estou mas parece já ser de dia pelos raios de sol que entram pela porta do armazém, iluminando quase todo o local menos onde me encontro.

Não me consigo lembrar de quase nada, não sei como vim aqui parar nem com quem estou. Que me lembre, ainda ninguém se dirigiu a mim e falou comigo mas para não me terem morto já, vão fazê-lo em breve.

Esforço-me para obter algum tipo de recordação de ontem à noite, fechando os meus olhos com força e focando-me nisso.

"Olha quem é ele" o homem fala, mas eu não consigo ver o seu rosto devido à noite e à falta de luz.

"O que é que quer?" Digo, tentando de alguma forma arranjar uma forma de escapar.

"Quero-te a ti Harry. Vais ser-nos muito valioso, acredita"

Após as suas palavras, uma mão de outra pessoa tapa a minha boca e eu sinto uma pancada na cabeça, acabando por perder os sentidos. A última coisa que vejo é um sorriso vingativo no rosto do homem. Duas marcas chamam-me a atenção antes de eu desmaiar. Cambies.

Percebo finalmente onde me encontro e gemo em frustração. Eles estavam a vingar-se de todas as vítimas que perderam. Merda.

Não tenho tempo para processar a informação que descobri porque alguém entra no armazém. O mesmo homem de ontem caminha até mim, sorrindo vitoriosamente. Levanto a cabeça ligeiramente e olho para si. Vejo-o a fazer sinal ao guarda que estava no fundo do armazém e ele abandona o local deixando-nos sozinhos.

As marcas no seu rosto são visíveis apesar da pouca luz que nos envolve. Solto algumas palavras mas sem qualquer efeito uma vez que estas foram abafadas pelo pano. Um riso escapa da sua boca e os meus nervos aumentam ainda mais. Ele estava a brincar comigo.

"Então, passaste bem a noite?" Pergunta num tom irónico e eu resmungo, mais uma vez sem efeito. "Disseste alguma coisa?" Ri-se.

Este homem estava a levar-me ao limite e sinceramente eu estava perto de lhe dar um pontapé nas canelas. As minhas pernas eram a única parte do meu corpo que não estava presa, mas de pouco me valia.

"Essa ferida está com mau aspeto" ele fala.

Ainda não me tinha apercebido do ferimento no topo da minha cabeça, local onde levei a pancada. Olho para baixo e vejo algum sangue já seco na minha camisola, eu tinha sido ferido a sério.

"Bom vamos lá ao que interessa." Diz e eu volto a olhá-lo. "Preciso de ter uma conversinha contigo"

Ele apoia o seu pé numa das caixas de madeira e inclina o seu corpo para a frente enquanto segura no seu queixo e olha para mim. Este homem rondava a casa dos quarenta, cinquenta e provavelmente era o líder desta comunidade.

The survival » h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora