POV Harry
Depois da Amy sair da sala eu aproximo-me da mesa de madeira onde estavam o meu pai e a minha irmã. Ambos conversavam alegremente como se nada tivesse acontecido.
Como se ele não tivesse estado ausente durante anos.
Como se ele tivesse estado presente na sua adolescência.
Tusso e ambos percebem o meu desconforto virando as suas atenções na minha direção. "Podemos despachar isto?" Pergunto olhando para o meu pai.
"Claro" responde e limpa a sua garganta, tossindo. "Bom, eu tenho explicações a dar-vos. Antes de mais quero que saibam que tudo começou naquele assalto a Hollys." Diz e parece recordar-se do momento. "Eu fui atingido perto do peito e caí no chão imediatamente. Perdi os sentidos e quando voltei a acordar estava dentro de uma enfermaria. Sozinho."
Ele faz uma pausa e eu aproveito o momento para olhar para a Gemma. Os seus lábios estavam entreabertos e as suas sobrancelhas unidas enquanto ela esperava que ele continuasse.
"Acabei por perceber que estive a dormir durante alguns dias quando uma enfermeira veio fazer o meu curativo. Ao que parece fui encontrado pela curandeira da comunidade e ela milagrosamente levou-me até à sua comunidade. Não me perguntem porque o fez mas eu desconfio que ela perdeu um filho perto dessa altura e viu em mim um possível substituto" diz fazendo os movimentos de aspas ao dizer a última palavra. "Ela ficou doente desde a morte do filho e vê em mim o rapaz que perdeu."
"Isso não explica nada" intervenho. "Podias ter-te curado e regressado a casa para junto dos teus filhos"
"Harry" a Gemma repreende-me pelo tom de voz que estou a utilizar. A verdade é que eu estou magoado com toda esta situação e não consigo disfarça-lo.
"Semanas depois eu estava finalmente bem e descobri que aquela comunidade apenas me acolheu por aquela mulher ser a líder. Todos respeitaram a sua decisão e aceitaram-me." Conclui. "No momento em que fui atingido fiz-me de morto. O líder de Hollys aproximou-se de mim e disse coisas como "não vales nada", "só tiveste o que mereceste", "o teu filho é o próximo assim que eu o apanhar". Entrei em pânico com as suas palavras e quando as disse à líder de Alisba, a comunidade que me acolheu, ela impediu-me de abandonar a comunidade."
"Wow" a Gemma diz.
"Há anos que não saio de lá porque todos os guardas foram avisados que eu não o podia fazer. Tentei pedir para ao menos te avisarem mas recusaram-se dizendo que ninguém podia saber que eu lá estava. Fui impedido de voltar a casa até ontem."
"Porque é que te deixaram ontem?" A Gemma pergunta e eu brinco com os meus lábios, puxando-os com o meu indicador e polegar.
"Porque a líder que me acolheu morreu" diz triste e olha para o chão, claramente abalado com a notícia. "E com a confusão ninguém se lembrou de mim. Corri até Firafox mas quando lá cheguei vi que estava tudo destruído. Tentei pensar num possível local para onde vocês teriam ido até encontrar um trilho cheio de marcas de pegadas. Calculei de imediato que uma comunidade inteira teria passado por ali devido à quantidade de marcas. E foi isso que me trouxe aqui."
O silêncio instala-se e tanto eu como a Gemma digerimos a informação.
"Na verdade eu não sabia se vocês estavam aqui ou não mas eu tinha de arriscar. Se vocês soubessem o quão feliz fiquei quando o guarda que me questionou me levou até ti Harry" ele diz e torno-me no centro das atenções. "Eu tinha finalmente voltado a casa"
"Não" digo. "Esta casa pertence à rapariga cujo pai foi assassinado por ti à anos atrás." Digo e ele engole em seco.
"Eu não posso voltar atrás no tempo para apagar os erros do passado." Responde.

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The survival » h.s
FanfictionO mundo está dividido e tudo se resume a uma questão de vida ou de morte. Harry apaixonou-se pela pessoa errada e os dois enfrentam uma luta pela sobrevivência. "Não podemos Harry" ela sussurra. "Porquê?" "É errado." "Beijar-te é talvez a decisão ma...